A perfeição é inimiga do óptimo: dicas para passar das ideias à acção

Ser perfeccionista é querer fazer as coisas tão bem que acabamos por não conseguir realizar nada. A ânsia de alcançar aquilo que idealizamos, é a mesma que nos impede de progredir e alcançar os objectivos que nos proporcionam realização pessoal e profissional. Aqui ficam algumas ideias de como tento todos os dias remar contra a maré e superar a decepção causada pela inação.

Bruno Portela
Lingfy-pt
6 min readJan 3, 2018

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Eu sei que é um cliché! Mas como acontece em todas as actividades, nós tornamo-nos melhores quando praticamos algo. Não me refiro às 10 mil horas necessárias para sermos considerados especialistas, mas sim à prática focada e consistente de uma actividade na qual nos empenhamos.

Ao longo da minha carreira profissional, sempre fui afectado pela constante autocrítica e insatisfação com os resultados. Muitas vezes apaguei textos e reescrevi frases sem necessidade. Mas ainda mais grave, os textos acabavam por ficar na gaveta, o que me deixava frustrado, por sentir que era incapaz de escrever algo com qualidade.

O objectivo deste blogue é também partilhar esta angústia e ansiedade com o leitor. Juntos podemos ultrapassar as barreiras da idealização perfeccionista e criar textos com os quais outros se podem identificar.

Não defendo que devemos escrever só por escrever ou que não tenhamos que nos empenhar naquilo que fazemos. Mas sempre que criamos expectativas demasiado altas, a probabilidade de ficarmos satisfeitos com o trabalho diminui.

Nessas alturas, convém lembrar que ninguém gosta de flores artificiais. As pessoas identificam-se com as imperfeições e as falhas dos outros. Essa identificação cria a empatia, um sentimento de pertença a uma sociedade, comunidade, grupo, etc, algo que faz de cada um de nós uma pessoa melhor.

Sempre que nos comparamos com os outros e vemos os frutos do seu trabalho, contribuímos para o crescimento da nossa frustração. Quando o fazemos, vemos o todo e não as partes que o constituem. Só vemos o resultado final, que é quase sempre a soma da superação das frustrações, desilusões e obstáculos que, a uma certa altura, também terão parecido intransponíveis. Será muito útil admirar o trabalho de alguém que é uma referência para nós, mas devemos ter sempre presente que o nosso próprio trabalho, só depende da nossa força de vontade.

Foco

Um dos meus problemas não tem a ver com a falta de ideias, é precisamente o oposto. A grande quantidade de objetivos que estabeleci para mim próprio, faz com que disperse a minha atenção, nunca chegando a dedicar-me afincadamente a um só projecto. É muito comum interessar-me por vários projectos e nunca dedicar-me a 100% a um deles.

Por isso, quando iniciamos uma actividade por conta própria, acredito que mais importante do que dizer não aos outros, temos de dizer que não a nós próprios. Quer isto dizer, que eu preciso todos os dias dizer não a ideias que tenho, a projectos que surgem na minha cabeça, para me dedicar exclusivamente a um grande projecto profissional.

Uma questão de probabilidades

Como é óbvio, o nosso objectivo é e deve ser sempre melhorar a qualidade em tudo o que fazemos, seja a escrever, na prática de exercício físico ou a estabelecer empatia com os outros. No entanto, não podemos deixar que a parálise da perfeição nos impeça de criar e partilhar algo de significativo.

A experiência e o tempo encarregam-se de ajudar-nos a aperfeiçoar os nossos processos, o trabalho e a fomentar a criatividade. Só é preciso relaxar, confiar nas nossas capacidades e pensar que quanto mais produzimos, maiores são as probabilidades dos outros apreciarem aquilo que fazemos. Por isso não há desculpas, o tempo é agora!

Estas são algumas das tácticas que utilizo para contornar os efeitos nefastos do perfeccionismo:

1. Estabelecer prazos

Um projecto sem um prazo de entrega, é um projecto que nunca vai ser finalizado. Claro que todos nós temos projectos que vão sendo constantemente testados, melhorados e aperfeiçoados.

Mas para cada projecto de grande dimensão, devemos estabelecer etapas alcançáveis e mensuráveis. Só desta forma, podemos avaliar o nosso progresso e manter a motivação para continuar a desenvolver as tarefas a que nos propomos.

2. Aceitar o presente

Se pensarmos nos nossos objectivos pessoais e profissionais, todos nós temos atualmente em alguma medida uma parte dessas metas. Basta para tal, pensar no porquê de querermos atingir essa meta, na razão que nos motiva.

Ou seja, se queremos enriquecer, será que vamos ficar satisfeitos quando alcançarmos um determinado montante na nossa conta bancária? Se não nos sentimos bem sozinhos, será que vamos ficar melhor numa relação? Se queremos fazer uma dieta ou praticar exercício físico, será que não podemos olhar-nos ao espelho e reconhecer tudo aquilo que temos de bom no presente?

O coach Matthew Ferry afirma que quando resistimos algo, atraímos isso. Aquilo a que resistimos persiste. Só quando aceitamos as coisas tal como elas são e vemos o lado positivo daquilo que temos e somos agora, é que verdadeiramente conseguimos mudar as coisas.

3. O feedback serve para nos ajudar

A opinião dos outros é uma faca de dois gumes: por um lado, motiva-nos a trabalhar arduamente, tentamos superar as nossas limitações e tornarmo-nos pessoas melhores.

Mas, ao mesmo tempo, aquilo que nós achamos que os outros pensam de nós, pode ser altamente limitador. Se estivermos constantemente a duvidar das nossas capacidades e com receio que os outros possam não gostar do nosso trabalho, então poderemos nunca mais produzir algo.

4. Espírito positivo mesmo no falhanço

Todas estas formas de lidar com a tendência para o perfeccionismo, tornam-se muito mais difíceis quando criamos expectativas muito elevadas altas e depois somos demasiado duros com nós próprios.

Vários estudos científicos comprovam que as pessoas que encaram o falhanço com uma atitude mais positiva e construtiva e com o qual podem aprender algo, têm mais probabilidades de cumprir esse mesmo objectivo no futuro.

Superar o perfeccionismo passo a passo

O perfeccionismo pode afectar severamente a capacidade de uma pessoa produzir algo com que fique satisfeita e, muitas vezes, leva a um ciclo negativo de desmotivação e frustração pela falta de resultados.

Felizmente, como vimos, há estratégias que podemos adoptar para nos sentirmos melhor com nós próprios e por consequência começarmos a desenvolver o nosso trabalho, que por sua vez alimenta a motivação, também num ciclo positivo!

Mas temermos as consequências negativas e o mau-estar causado pela inação, também pode funcionar como um excelente factor de motivação. Evitar a frustração de não conseguir dar os passos necessários para alcançar os nossos objectivos, é em si mesmo um factor positivo de motivação.

Por exemplo, há quase dez anos deixei de fumar porque para além de pensar nos benefícios de um estilo de vida saudável, comecei a pensar em evitar o lado negativo do tabaco, como o cansaço após subir umas escadas, as dificuldades respiratórias, o cheiro, entre muitos outros factores. Evitar sentirmo-nos mal é uma grande motivação para fazermos algo para nos sentirmos bem.

Superar o perfeccionismo é uma tarefa extremamente complicada, mas não impossível. Se conseguirmos encontrar o prazer em cada passo que damos na libertação desse sentimento castrador, então podemos caminhar passo a passo na direcção certa. É preciso paciência e persistência, muitas vezes não vemos resultados imediatos, mas temos sempre de ter a crença que estamos no bom caminho para alcançar as nossas metas.

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Bruno Portela
Lingfy-pt

Founder at @lingfycom. Translation afficionado, avid reader about entrepreneurship and personal development. Training for a marathon. https://lingfy.com/