O bom, o mau… e os testes de tradução: contornar obstáculos para promover a tradução

Os testes de tradução são muitas vezes a última barreira que separa tradutores e clientes. Mas será esse um passo necessário no processo de recrutamento de um tradutor? Olhamos para os desafios que estes processos levantam aos tradutores profissionais e avaliamos as vantagens e desvantagens da sua realização.

Victor Ropero
Lingfy-pt
6 min readJan 25, 2018

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Quem é tradutor, certamente já ouviu muitas histórias — algumas delas autênticas, outras que mais parecem contos ou mitos — em torno dos testes de tradução como uma ferramenta essencial no recrutamento de tradutores. Sim, é isso. Quando se candidata a um trabalho de tradução, nem mesmo a experiência profissional, formação académica ou o CV mais elegante, pode salvá-lo de passar por essa experiência desafiadora, no entanto, esta é uma realidade que acontece diariamente.

Os testes de tradução são, muitas vezes, o último obstáculo a ultrapassar antes de conseguir o tão almejado trabalho — seja freelancer ou interno. Basicamente, tratam-se, na generalidade, de pequenas amostras de texto (cerca de 200–500 palavras), semelhantes à tipologia de texto com que os tradutores irão lidar no trabalho. Esta é uma forma que o cliente tem para certificar-se das competências do tradutor e se o seu desempenho vai de encontro às suas expectativas.

Até agora nada de estranho, certo? Também o leitor pode pensar que este é um processo lógico, pois é das formas mais práticas que o cliente possui para certificar-se das habilidades do tradutor. No entanto, onde há fumo, há fogo. Estes testes estão muitas vezes repletos de complicadas expressões e terminologias difíceis de traduzir, intrincados jogos de palavras e podem reflectir diferenças culturais que fazem os tradutores sentirem que estão de regresso à época de exames da faculdade.

Aqui estão algumas das principais características sobre os testes de tradução, que os profissionais têm de ter em conta antes de começarem:

O tempo vale ouro… ou não?

Uma das principais questões com que muitos tradutores se debatem, é se estes testes de tradução devem ser pagos ou não. Este é sempre um tema controverso, com respostas diferentes entre tradutores e intermediários. Na realidade, muitos profissionais, associações de tradutores e universidades apoiam a ideia dos testes de tradução serem pagos, uma vez que este passo na contratação envolve disponibilidade temporal por parte do tradutor e, frequentemente, abdicar do tempo de trabalho, um risco que muitos profissionais não estão dispostos a correr.

Por outro lado, os intermediários costumam argumentar que estes testes não são considerados “trabalhos”, mas são apenas uma forma de avaliar os serviços de tradução e, muitos outros, são irredutíveis quanto a negociar um eventual pagamento. No entanto, também há algumas empresas que estão dispostas a pagar por estes testes. Esta é uma atitude que fala por si e deve ser valorizada, uma vez que este é um pequeno investimento por parte dessas empresas e que certamente denota que estão à procura de serviços de qualidade em vez de quantidade, algo faz antever uma relação profissional vantajosa para ambas as partes!

Do meu ponto de vista, há muitos fatores que devem ser considerados antes de aceitarmos realizar um teste de tradução e essa decisão, tal como a tradução, não é uma ciência exacta. A duração do teste e o prazo de entrega são dois aspectos-chave a ter em conta, uma vez que esta decisão pode afectar o tempo e energia que os tradutores podem dedicar à sua actividade profissional remunerada.

Quais as dificuldades enfrentadas num teste?

Até agora, evitei mencionar alguns sinais de alerta sobre os testes de tradução, que podem ser tarefas complicadas e desafiadoras e, muitas vezes, testam o limite das capacidades do tradutor. Obviamente que nem todos são difíceis! Tal depende do tipo de projeto e do nível de qualidade que o intermediário espera. Geralmente, as empresas querem separar o trigo do joio e procuram tradutores eficientes capazes de garantir a máxima qualidade no mínimo tempo possível. Então o melhor é estar preparado para estes desafios!

Às vezes, as principais dificuldades do teste podem depender do par de línguas e das tipologias de texto, uma vez que algumas tipologias são mais propensas do que outras a um ou mais registos. Além disso, algumas línguas podem ser mais suscetíveis no uso de jogos de palavras desconcertantes, sem equivalente direto na língua de destino. Quaisquer dificuldades que possam surgir nas suas traduções, duas coisas são fundamentais: o tradutor deve ser um especialista no par de línguas (pelo menos entender a totalidade da mensagem do idioma de origem — e em entender o que diz implicitamente — e também saber reproduzir essas mensagens com todas as suas características na língua-alvo, preferencialmente a sua língua materna) e também deve conhecer as particularidades e características especiais da tipologia de texto, já que este elemento determinará a maior parte da estratégias que os tradutores usam nas suas traduções.

A criatividade também contribui para a qualidade da nossa tradução e, muitas vezes, dá uma percepção do que somos realmente capazes de oferecer, mas o factor mais importante num teste de tradução é, sem sombra de dúvida, a correção. Na minha opinião, a correção gramatical e ortográfica assim como o estilo, são a chave para o sucesso em qualquer teste de tradução. Não se esqueça que estes factores dizem mais sobre as habilidades do tradutor do que o currículo!

As alternativas aos testes

Mesmo que um teste de tradução seja uma excelente opção para garantir a qualidade dos serviços de um tradutor, há profissionais que os evitam por diferentes motivos. Assim, deixo algumas possibilidades aos tradutores para mostrarem o que são capazes de fazer!

A primeira e mais recomendável, é fornecer alguns exemplares dos seus projetos anteriores ou obter feedback positivo de clientes ou colegas de trabalho. Esta opção está disponível em muitas plataformas de tradução e os próprios tradutores podem oferecer-se para mostrar alguns dos seus trabalhos anteriores ao cliente. Desta forma, os tradutores podem não só provar que têm experiência, como também demonstram um potencial resultado dos seus serviços. Esta é uma óptima ferramenta de marketing para tradutores.

E por último, mas não menos importante, uma alternativa é ter uma estratégia de marketing bem definida e uma forte presença nas redes sociais, tais como o LinkedIn ou fóruns de tradução. Apesar de não ser garantia de livrá-lo de realizar um teste de tradução, é uma boa forma para o cliente ter uma ideia da sua experiência e reputação na área da tradução .

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Victor Ropero
Lingfy-pt

Translator (EN|DE|ZH|PT — ES|CAT), basketball player and avid reader in my free time. Environmentalist. Lover of Nordic, Asian and Indigenous cultures.