Passos para a motivação: distinguir prazer e felicidade para focarmo-nos no essencial

Todos nós, de uma forma ou outra, travamos uma batalha diária, constante pela motivação. Ao distinguirmos o prazer da felicidade podemos alcançar a satisfação e realização pessoal. Aqui ficam algumas ideias sobre como tento alimentar diariamente a minha motivação profissional, ao recorrer a tácticas usadas no exercício físico.

Bruno Portela
Lingfy-pt
7 min readApr 4, 2018

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Até agora a experiência enquanto empreendedor ensinou-me várias coisas. A curva de aprendizagem tem sido enorme. Isso dá-me uma enorme satisfação, porque a minha jornada tem sido feita de uma auto-descoberta que me tem dado muito prazer.

Um empreendedor tem de aprender rapidamente e dominar várias áreas: vendas, marketing, novas tecnologias online, desenvolvimento de produto ou serviço, gestão de recursos humanos, contabilidade, etc. Mas para que sejamos bem sucedidos, aprendi que não há nada mais importante que a motivação!

Muitos de nós, quando trabalhamos por conta de outrem e temos prazos estabelecidos por terceiros para cumprir, acabamos por os cumprir. Até podemos procrastinar e fazer tudo à última da hora, mas fazêmo-lo. É a nossa obrigação!

Mas quando só temos de reportar a nós próprios, a coisa complica-se. Quando somos nós a estabelecer as metas, os prazos e a avaliar o nosso próprio progresso. Para resistir à inércia, à procrastinação e, ultimamente, ao fracasso, temos de adoptar estratégias para atingirmos o efeito oposto, ou seja, o sucesso.

Eu sei que já muito se escreveu sobre motivação. Eu tenho uma grande motivação para correr e já participei em várias corridas. O ano passado terminei a minha primeira meia-maratona, este ano o objectivo é terminar a maratona.

A nível profissional as coisas não têm sido tão lineares. Às vezes é difícil manter a motivação em alta. Nas ocasiões mais complicadas, recorro a seis tácticas que uso para manter a motivação para a prática do exercício físico e que tento aplicar na actividade profissional.

1. Objectivo final em mente

Quando corro, o meu objectivo principal é sentir-me bem comigo próprio, para além de emagrecer e ficar com um corpo tonificado. Há uma imagem mental que guardo desde a minha adolescência, em que eu sou fisicamente e esteticamente bem estruturado, apesar de na altura eu estar muito longe de sequer dar os primeiros passos nessa direção.

No entanto, nunca me senti mal por estar longe do objectivo e não fazer nada para o alcançar, mas sempre mantive esperança que um dia iria conseguir!

2. Sentir-me um corredor

Quando corro sinto-me um “profissional”. Quando me equipo e calço as sapatilhas assumo o papel de corredor. Até posso ir a uma velocidade lenta comparada com outros corredores, mas isso não faz com que eu deixe de me sentir e ser um corredor.

Por isso, aprendi que não precisamos da validação dos outros para sermos aquilo que nós realmente queremos ser.

3. Encontrar prazeres escondidos

Eu comecei a ir ao ginásio porque o meu trabalho diário em frente ao computador é pouco exigente fisicamente, tal como acontece com muita gente hoje em dia. Eu sentia que tinha energia na hora de ir dormir. A corrida surgiu por acaso. Eu nunca me imaginei como corredor, até experimentar!

Aos poucos comecei a desfrutar desta nova experiência, até porque ia aumentando a distância gradualmente, fazendo com que me sentisse bem por conseguir ver os progressos alcançados.

Nunca pensei (nem aqueles que me conhecem bem) tornar-me num corredor e hoje é o desporto pelo qual sou apaixonado!

4. Tornar o exercício divertido

Quando as distâncias de corrida começaram a aumentar, comecei a ouvir música para me motivar e tornar o exercício mais dinâmico. Por outro lado, fui comprando equipamento melhor (sapatilhas, vestuário, óculos sol, relógio, monitor cardíaco, etc), faço um planeamento semanal da corrida, leio fóruns sobre a experiência de outros corredores, etc.

De forma inconsciente, utilizei técnicas de ludificação (gamification). A corrida começou a ser um hábito através de um jogo: quanto mais praticava mais investia nessa actividade.

5. Proteger o tempo dedicado à corrida

À medida que o tempo passava, comecei a encarar a corrida como uma “necessidade”, não para me convencer a mim próprio, mas para convencer os outros. Ou seja, sempre que me surgiam convites para o tempo reservado ao exercício físico, eu declinava e dizia: “tenho de ir correr”, em vez de “apetece-me ir correr”.

Comecei a proteger com unhas e dentes o tempo dedicado à corrida. Se eu me sinto melhor e transmito essa energia positiva aos que me estão próximos, então faz sentido proteger e investir na qualidade do tempo que passo com eles, ao invés da quantidade.

6. Para ter prazer, temos de passar pelo inverso

Às vezes custa, custa muito ir correr com frio e chuva. Nos dias em que me sinto mais em baixo, chega a ser doloroso. Nessas ocasiões não há grandes receitas, nem grandes truques.

Tento cumprir o plano de treino à risca, porque às vezes só temos de fazer aquilo que é necessário. às vezes temos de agir sem pensar muito nos motivos pelos quais temos de fazer o que é correcto para nós.

E quando termina a corrida, quando termina o texto que agora escrevo, quando olhamos para trás e vemos esses momentos de dor, de sofrimento, pensamos que ele também faz parte. Aprendemos a aceitar e a ultrapassar o sofrimento e a dor, porque fazem parte da vida e tentamos lidar com eles da melhor forma possível.

Às vezes não é fácil fazermos o que é correcto. Às vezes travamos batalhas desequilibradas. Mas se fosse fácil, será que teria o mesmo sabor terminarmos um projecto que tantas dores de cabeça nos deu?

Do asfalto para o escritório

Mas será que consigo aplicar as “regras” da prática do exercício físico ao trabalho por conta própria? Até agora, não tanto quanto eu gostaria. Mas é um processo de aprendizagem, por vezes mais lento do que eu esperava, mas sem dúvida que me tem dado muito prazer.

E esse é um aspecto fundamental do empreendedorismo que vai ficar comigo para o resto da vida. Ter prazer naquilo que fazemos, seguirmos os nossos instintos e divertirmo-nos no nosso dia-a-dia. O trabalho não deve ser um fardo pesado que carregamos ao longo de 30 a 40 anos até chegarmos à reforma e mandarmos tudo e todos para as urtigas.

Mas como descobrimos aquilo que nos traz prazer? Como descobrimos a nossa paixão? O que nascemos para fazer? Na minha perspectiva através da tentativa e erro.

Eu não nasci a gostar de corrida, bem pelo contrário, eu abominava a ideia de correr. Dava-me muito prazer jogar futebol ocasionalmente com os amigos, mas nunca consegui compreender porque havia pessoas que corriam só por correr… até que experimentei!

Acção vs reacção

Num mundo de constante distracção digital, é difícil contrariar essa corrente. Mas é necessário! Quando navegamos na internet, percorremos o feed de notícias das redes sociais, quando vamos ao centro comercial para ver as novidade e se há algo que nos interessa, estamos a reagir a estímulos externos. Estamos a deixar que outros decidam por nós o que devemos comprar, o que devemos pensar e às coisas que devemos prestar atenção.

Quando agimos conscientemente com a mente focada no presente, estamos a agir de acordo com os nossos interesses e valores. Podemos ir à procura de um tema interessante na internet, mas fazêmo-lo de forma premeditada, vamos à procura de algo concreto e tentamos evitar que seja um feed gerado por um algoritmo que decida onde devemos concentrar a nossa atenção.

O mesmo se aplica numa ida às compras, porque não ir ao centro comercial para comprar algo concreto que nos faz falta. E se não houver nada que nos faça falta? Que tal um passeio à beira-mar, num jardim, ler um bom livro, etc. Ou então porque não ficamos aborrecidos mais vezes? Estudos indicam que o aborrecimento é o principal combustível da imaginação e da criatividade.

Não é fácil fazer o que é correcto, não é fácil resistir à tentação de um doce, uma “espreitadela” às redes sociais, mas se pensarmos mais vezes sobre aquilo que nos deixa felizes, começamos a adoptar tácticas diferentes que nos permitem focar no essencial. Mark Twain afirmou que a maioria das preocupações que teve durante a sua vida não se confirmaram, com certeza que grande das nossas também não têm razão de existir.

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Bruno Portela
Lingfy-pt

Founder at @lingfycom. Translation afficionado, avid reader about entrepreneurship and personal development. Training for a marathon. https://lingfy.com/