Podemos ajudá-lo a escrever a sua história?

A Lingfy.com nasceu do sonho de comunicar e partilhar ideias e histórias através do recurso à tecnologia. Acreditamos que só podemos aprender a conviver com a diferença quando começamos a modificar o nosso próprio comportamento. Nada melhor do que começar por lhe contar parte da nossa história de uma forma sincera e aberta.

Bruno Portela
Lingfy-pt
8 min readOct 21, 2017

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Nesta era de tecnologia e de imediatismo, é relativamente simples expormos as nossas opiniões nas redes sociais, revelar informações sobre a nossa vida pessoal e tornarmo-nos o foco das atenções. Infelizmente grande parte do público está mais interessado nos pormenores mais sombrios de alguém que se expõe aos olhos da opinião pública, do que propriamente em saber mais sobre aqueles cuja missão de vida é mudar o mundo e que começam por se mudar a si próprios e os outros que os rodeiam.

No complexo mundo das redes sociais, nem tudo são desvantagens porque apesar das inúmeras publicações irrelevantes, de má qualidade e/ou falsas, também há grandes exemplos de partilha de conhecimentos e experiências, como por exemplo as conferências TED, que nos fazem parar e reflectir sobre vários assuntos da nossa vida.

Nessa partilha, há lugar para todos aqueles que se sentem “diferentes”, seja por serem introvertidos, perfeccionistas, procrastinadores ou com falta de força de vontade para cumprir uma dieta, praticarem exercício físico e deixarem vícios como o álcool e o tabaco. A lista de características negativas é infindável e todos, de uma forma ou de outra, procuramos melhorar algum aspecto nosso, mas fazemo-lo ao compararmo-nos desfavoravelmente com o mundo virtual. O jorrar interminável de atualizações das redes sociais fazem de nós consumidores passivos e impotentes para exercitar a nossa força de vontade e controlar o nosso destino.

De uma ou outra forma, eu identifico-me com as características acima descritas e que definem aqueles que não são bem sucedidos, por isso, desde há uns meses que tenho vindo a melhorar progressivamente desses aspectos, como por exemplo a tendência para o perfeccionismo. Estas palavras que aqui escrevo são sinal dessa mudança, porque era incapaz de escrever um texto sem ter um medo angustiante da exposição e das criticas. Foram muitas as coisas que aconteceram nos últimos anos e que me fizeram colocar os receios de parte. Entre elas, a criação da Lingfy que nasceu de um sonho de comunicar e partilhar ideias e histórias escritas através do recurso à tecnologia.

Realismo vs idealismo

Desde sempre houve em mim uma dicotomia entre a dura realidade do dia-a-dia, das contas e empréstimos para pagar, da azáfama do trânsito, do stress do trabalho e até do chefe para aturar, e, por outro lado, o sonho de um futuro diferente, mais harmonioso e equilibrado, onde para além do trabalho, temos tempo para nós, para a nossa família e para os amigos.

Sempre pensei que tinha de optar entre um estilo de vida de “sucesso” onde apostava na carreira, embrenhado numa competição infindável com os outros, numa constante insatisfação para ter rendimentos elevados para comprar telemóveis, televisões, computadores, carros, casa, “coisas” que enchem a nossa vida mas que não a preenchem. Ou por outro lado, poderia tentar romper com essa noção de “sucesso” e dar mais de mim aos outros, lutar contra as injustiças com que deparamos diariamente e desafiar o status quo.

Eu acreditava que não era possível ter “tudo” e se alguém optava por apostar numa exigente carreira profissional, então não se poderia queixar se não tivesse tempo e disponibilidade para constituir família. Assim como também pensava que quem ousasse seguir a área dos seus sonhos, apesar da falta de saídas profissionais, como acontece nas artes, na filosofia e noutras disciplinas de humanidades, também não se poderia queixar da falta de oportunidades, porque afinal de contas não devemos remar contra a maré e como alguém disse é “preciso bater punho”.

Nunca parar de sonhar

A vida encarregou-se de me fazer mudar de opinião. Agora acredito que se não temos uma actividade profissional que nos satisfaça e, ao mesmo tempo, disponibilidade para o lazer, para a família, para os amigos e para o desporto, então temos de lutar por isso. Chega de nos acusarem de sermos idealistas, sonhadores e de acreditarmos em contos de fadas. Tempos houve em quem lutava pela abolição da escravatura e quem acreditava na igualdade de direitos entre homens e mulheres era considerado idealista. Por isso, a não é válida a argumentação que devemos aceitar as “regras do jogo”, tal como elas nos são apresentadas.

Ao longo destes últimos meses, sofri uma transformação pessoal que ainda não terminou e espero que continue por muitos mais anos. Depois de ter ponderado outras áreas de negócio, a ideia de criar uma plataforma online de traduções pareceu-me que fazia mais sentido, por diversos motivos entre os quais a minha experiência na área em contexto internacional, a liberdade de trabalhar por conta própria e em qualquer lugar e as perspectivas de crescimento do sector.

Meti mãos à obra. Pesquisei a oferta já existente no mercado das plataformas de tradução, procurei publicações em fóruns de tradução e debati com conhecidos as ideias que me iam surgindo. O passo seguinte foi procurar uma empresa que criasse a plataforma online que tinha idealizado e tive a felicidade de encontrar a HYP Software, uma vibrante startup que tem soluções informáticas avançadas, mas sempre com ênfase na usabilidade e simplicidade de processos. Quando iniciámos o recrutamento de tradutores, fizemos uma candidatura bem sucedida à incubação na ANJE, para podermos contar com o apoio em diversas áreas como coaching e networking, consultadoria técnica, oportunidades de formação e acesso a potenciais fontes de investimento.

O que nos distingue

Algo que me preocupava e que me dava sempre que pensar acontecia quando me perguntavam qual é o factor de distinção desta empresa, ou seja, o que é que a torna diferente? Quando iniciei esta aventura no mundo empresarial não fazia a mínima ideia da resposta e, como tal, decidi procurá-la. A aposta na tradução automática embora demasiado exigente em termos de conhecimentos tecnológicos, parecia mais vantajosa relativamente a benefícios futuros e de rápida rentabilização.

Há um crescente número de conteúdos online produzidos em todo o mundo, porque as pessoas partilham diariamente cada vez mais textos, vídeos, etc, e as empresas apostam na tradução para alcançarem novos clientes estrangeiros através da internet. A aposta na tradução automática é garantia de sucesso pensava eu. Mas quanto mais pesquisava este tópico, mais negativa se tornava a minha opinião sobre o mercado da tradução automática:

1) Tradutores vs editores

Para que haja uma qualidade mínima nos conteúdos traduzidos automaticamente, são necessárias pessoas para reverem esses textos e fazerem as devidas correcções. Desta forma, grande parte dos elevados lucros das empresas que prestam este tipo de serviços são baseados em baixas remunerações que os tradutores, ou melhor, os editores de conteúdos recebem por rever e corrigir o conteúdo traduzido por computador.

Nós somos fãs da tecnologia quando esta serve os interesses das pessoas. A criação de memórias de tradução, a partilha de tarefas e conteúdos na nuvem que garantam a confidencialidade dos dados e a automatização da mediação de processos de tradução, são algumas das medidas que podem aproximar clientes e tradutores, levando a uma relação mutuamente benéfica para ambas as partes.

2) Concorrência nem sempre leal

As empresas que utilizam a tradução automática promovem a competição desenfreada entre profissionais, o que origina uma desregulação sócio-económica (o fenómeno de race to the bottom) e leva os tradutores freelance a baixarem as suas remunerações. Esta competição extrema entre tradutores pelos trabalhos, faz com que os clientes fiquem cada vez menos disponíveis para pagar um preço justo por este serviço, embora aumentem muito as probabilidades de obterem trabalhos de má qualidade.

Nós acreditamos na valorização do trabalho do tradutor e isso só acontece através da divulgação dos benefícios de uma tradução de qualidade para o cliente: conteúdos bem escritos, profissionais com conhecimentos técnicos da área de especialização, com profissionais com conhecimentos da cultura e costumes do público-alvo.

3) Valorização da tradução

Deste último ponto, decorre o objectivo das empresas reduzirem ao máximo as despesas com tradução. Nós compreendemos os motivos, mas acreditamos que é possível encontrar um equilíbrio entre preço e qualidade, para que as partes envolvidas no processo saiam satisfeitas. Nenhum profissional traduz de forma exactamente igual, daí as paixões e discórdias que um simples texto pode originar.

A qualidade das traduções automáticas nunca será a mesma de um tradutor humano, porque as máquinas não têm emoções, não partilham das preocupações dos outros, não têm a capacidade de improvisar de um humano quando algo corre mal. Mas ao defender a valorização do trabalho do tradutor não estamos a afastar potenciais clientes interessados em poupar ao máximo? A resposta mais curta é: não. Porquê? Porque como bem explica Simon Sinek, autor do livro Start With Why, as pessoas não compram o nosso serviço por aquilo que fazemos, mas porque o fazermos!

Começar com o porquê

O nosso objectivo não é fazer negócios com todos aqueles que precisam do nosso serviço, mas sim com aqueles que partilham as nossas ideias e este é o nosso factor de diferenciação. A escrita tem um poder enorme na forma como comunicamos histórias e ideias que envolvem e inspiram as pessoas. Quando escrevemos boas histórias, fomentamos boas relações. Mas quando escrevemos histórias fantásticas, a magia acontece!

Somos apaixonados pela aprendizagem constante e pela partilha de conhecimento entre países e culturas diferentes. Acreditamos que a escrita criativa e concisa, é uma ferramenta poderosa para inspirar pessoas em todo o mundo. Queremos simplificar o processo de tradução para os nossos clientes e criar condições para que os nossos tradutores desenvolvam as suas competências e inspiração para produzirem conteúdos incríveis.

Lutamos por valorizar a profissão de tradutor através da utilização de tecnologia como forma de facilitar o seu desempenho, permitindo que tenha mais tempo livre para fazer aquilo que é o seu objectivo: criar conteúdos escritos que nos espantam e emocionam. Por outro lado, ambicionamos informar e esclarecer os nossos clientes que só através de textos de qualidade, é possível criar empatia na nossa audiência, gerar admiração e levar as pessoas a procurarem-nos.

Acreditamos que os nossos atributos excedem as nossas limitações e que a nossa concorrência somos nós próprios. Não temos receio de demonstrar que não somos perfeitos, não nos gabamos das nossas capacidades e qualidades, enquanto varremos para baixo do tapete os nossos pontos fracos. Queremos crescer com base na confiança mútua entre clientes e tradutores, porque só assim faz sentido dedicarmo-nos de corpo e alma a este projecto que nos dá algumas preocupações, mas que dá sobretudo muito gozo e ainda mais alegrias.

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Bruno Portela
Lingfy-pt

Founder at @lingfycom. Translation afficionado, avid reader about entrepreneurship and personal development. Training for a marathon. https://lingfy.com/