Mulheres no boxe: entenda o quanto o machismo dificulta a prática do esporte para elas
Pesquisa desenvolvida na zona central de Porto Alegre/RS buscou analisar a participação feminina na prática do boxe
A presença das mulheres na prática esportiva do boxe acaba por gerar discussões, mas também muitos outros esportes são compreendidos como masculinos. Quantas vezes você mesmo não pensou ou ouviu: “Luta é coisa de homem!”, “A mulher pode se machucar, é muito frágil para isso!”.
Recentemente um estudo publicado na Movimento, revista de Educação Física da UFRGS, analisou uma academia de Porto Alegre. Os pesquisadores Flavio Py Mariante Neto e Ileana Wenetz, evidenciaram diversas dificuldades que as mulheres praticantes de boxe enfrentam, pois o esporte é visto como algo do “mundo” masculino, então elas estão sempre sendo questionadas pela sua escolha de praticá-lo.
A pesquisa foi feita através da análise de uma academia da zona central de Porto Alegre, onde foram realizadas 30 visitas de campo, todas registradas em diários e, além disso, dez entrevistas com pessoas que praticavam o boxe.
Os pesquisadores perceberam que as mulheres estavam inseridas em um local diferente dos homens, a presença delas ali era de certa forma “banalizada”, além da dificuldade que elas possuíam para inscreverem-se e de fato iniciarem as aulas de boxe. As praticantes também sofriam com uma pressão constante de que deviam continuar sendo “femininas” e heterossexuais. “O boxe se reafirma no cotidiano dessa academia e se materializa nas observações realizadas como esporte de homem”, reforçam Neto e Wenetz os autores da pesquisa.
O machismo existente na sociedade torna-se mais transparente quando percebemos que a simples prática de um esporte pode ser dificultada para mulher, sem qualquer razão.
MARIANTE NETO, Flavio Py; WENETZ, Ileana. Mulheres no boxe:
negociações de masculinidade(s) e feminilidade(s) na academia. Movimento, v.28, p. e28004, jan./dez. 2022.
