Você já foi atingido pela Cegueira Botânica?

Vanusa Chaves
Linguarudo
Published in
3 min readJun 16, 2021

Você se lembra das aulas de Biologia que teve no ensino básico? De estudar plantas, meio ambiente, fungos, algas etc.? Provavelmente sim. Dentre as diversas metodologias de ensino, aposto que as que mais te chamavam a atenção eram atividades práticas, essas que grudam de fato na nossa lembrança. Essas ações estão sendo cada vez mais utilizadas na área de Biologia para combater a Cegueira Botânica, mal que atinge a maioria dos estudantes, sejam universitários ou de educação básica.

Fonte: Pixabay (2021).

O artigo científico “O papel da Feira de Ciências como estratégia motivadora para o ensino de Botânica na educação básica”, escrito por Francisco Dias e mais seis pesquisadores, professores da Universidade Estadual do Ceará, trata do estudo feito com licenciandos da Universidade e alunos da rede básica de Fortaleza.

Trinta e cinco estudantes do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Ceará (UECE) elaboraram materiais pedagógicos para compor uma feira de ciências realizada na Escola de Ensino Fundamental e Médio na Cidade de Fortaleza. A atividade foi proposta a fim de estudar o impacto das feiras de ciências como estratégia alternativa para gerar interesse dos alunos, além de contribuir com a formação inicial do futuro docente.

Inicialmente os licenciandos foram divididos em grupos. Cada equipe ficou responsável por produzir dois materiais didáticos para ciência na educação básica. O primeiro foi um mapa conceitual, e o segundo foi de livre escolha, desde que possibilitasse a compreensão dos alunos sobre o conhecimento botânico de forma criativa e lúdica. Cada equipe apresentou o conteúdo para turmas do 9º ano do ensino fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Ao final, foi aplicado um questionário aos universitários com perguntas sobre o trabalho realizado.

Quando questionados sobre a importância do ensino de botânica, 59% disseram que a botânica é importante para a compreensão da vida e diversidade de espécies; 24% responderam que o estudo da botânica é necessário, pois é uma disciplina ministrada nas escolas; e 17 % afirmaram que a botânica é importante por fazer parte do cotidiano e ser interdisciplinar.

O estudo nota que, diante desses resultados, pode-se entender que enxergar a botânica apenas como uma disciplina a ser lecionada pode ser efeito da própria formação básica problemática dos licenciandos. Os pesquisadores explicam que isso ocorre porque “os licenciandos próprios não nutrirem um entusiasmo pela área, não conseguindo assim motivar seus alunos, formando um ciclo vicioso”.

Em relação à feira de ciência, ao indagar os universitários sobre sua importância para a formação acadêmica, 85% dos entrevistados afirmaram que a feira de ciências foi uma experiência para uma futura prática docente uma vez que ocorreu diretamente no ambiente escolar.

A pesquisa revelou também que os alunos da Escola de Ensino Básico e Médio mostraram maior interesse em estandes que proporcionaram experiências mais lúdicas e que tinham assuntos que estavam presentes em suas rotinas, como o cordel e os jogos didáticos. Destacou-se no estudo que a realização de uma feira de ciências deve ser um trabalho contínuo, e não uma realização extemporânea.

Ao final da investigação, Francisco Dias e coautores evidenciaram que “a feira de ciências é uma metodologia que permite uma atenuação da cegueira botânica, fazendo com que os estudantes construam um sentido para o conhecimento de forma lúdica e prazerosa”.

Para saber mais:

Dias, F.Y.E.C. et al. O papel da Feira de Ciências como estratégia motivadora para o ensino de Botânica na educação básica. Hoehnea. 47:e552019. http://dx.doi.org/10.1590/2236-8906-55/2019

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