Você sabia que, mesmo tendo saído do mapa da fome, o Brasil está longe de acabar com essa realidade?

Eloisa Silveira
Linguarudo
Published in
2 min readDec 9, 2020

Em pesquisa que relaciona as condições de vida dos brasileiros à prevalência da situação de insegurança alimentar, quase metade da população apresenta salário insuficiente para manter a alimentação durante todo o mês

A insegurança alimentar e nutricional é caracterizada pela insuficiência da quantidade e qualidade de alimento durante todo o mês e, ainda, pela carência nutricional, o que pode gerar, além de fome, doenças crônicas, como resultado da ingestão de alimentos de baixo valor nutricional.

Estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da de Viçosa (UFV) apontou que 39,5% da população brasileira convive com essa realidade e relacionou tal ocorrência às condições socioeconômicas dessa parcela de brasileiros.

Para as pesquisadoras, estudar a relação entre a insegurança alimentar e nutricional e as condições de vida da população é de grande valor porque, segundo elas, “sua investigação e compreensão são primordiais para o delineamento de políticas sociais e de saúde que minimizem e detenham seus efeitos deletérios”.

Para realizar a investigação da realidade brasileira, o estudo analisou os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008 e 2009 fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que permitiu grande representatividade do país — já que a pesquisa foi feita em todas as regiões e estados, com grande número de entrevistados.

Com a avaliação das informações obtidas, o estudo mostrou que pelo menos 39,5% das famílias entrevistadas vivem em insegurança alimentar. Mas esse número pode ser muito maior, pois moradores de rua, de assentamentos e populações quilombolas não foram contabilizados. A investigação também revelou que as famílias em situação de insegurança alimentar convivem com atrasos de pagamentos e apresentam desvantagens quanto às condições de bem estar, pois têm menor acesso a transporte público, lazer, educação, saneamento básico, limpeza das ruas, entre outros.

Por fim, a pesquisa adverte que as populações com menores condições socioeconômicas e em insegurança alimentar estão mais sujeitas à obesidade e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. Isso porque, conforme as pesquisadoras, “a renda insuficiente para a aquisição de alimentos pode refletir negativamente na qualidade da alimentação, com repercussões sobre o estado de saúde dos indivíduos”.

Para saber mais:

ARAÚJO, M. L. et al. Condições de vida de famílias brasileiras: estimativa da insegurança alimentar. Revista Brasileira de Estudos de População. São Paulo, v. 37, p. 1–17, 2020.

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