A várzea sobrevive: O legado familiar

Pedro Bruno
Linha20
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2 min readMar 18, 2019

“Não é só futebol. É ter o seu mundo desmoronando e mesmo assim encontrar motivos pra sorrir!”

Um sol de rachar do meio dia.

Eu com meu espetinho misto assistindo meu pai jogar.

“Ele tem que aprender a chutar”

“Parece que tem medo de fazer um gol”

Frases recorrentes de um moleque que só curtia cornetar seu velho.

Em um dia de jogo, seja qual for a variação climática, você pode ver os guris na beira do campo enquanto seus pais jogam. Comigo não foi diferente e agradeço muito por isso.

Você passa a conhecer a verdadeira face do patriarca da família, e isso pode ser extremamente engraçado ou decepcionante.

Pra mim sempre foi hilário!

Meu pai, um homem sério, que me fazia tremer as pernas de medo, brigando com um velho fora de forma pelo simples escanteio mal marcado.

Muitos tiveram essa visão, para os que se envergonharam, eu entendo. Para os juízes, ele tinha razão.

Eu como um moleque que não sabia nada da vida, me divertia.

Quantos títulos eu comemorei como se fosse o torcedor número 1 do time?

Quantos palavrões eu falei só pelo estresse de um erro bobo da zaga?

Quantas vezes minha mãe se estressou comigo chegando em casa com lama pelo corpo todo?

As histórias que hoje posso contar sobre a várzea, se originam dessas minhas experiências na beira do campo.

Sempre fiquei meio frustrado por jogar no gol e não poder fazer aqueles lances que ele fazia, sabe?

Não cheguei nem perto da bola dele, mas era como uma cópia mal lavada na hora de brigar. Acho que é de família falar demais e sempre achar que está com a razão dentro do campo.

Hoje sou o que sou por essas experiências. Espero um dia poder levar esse legado adiante.

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Pedro Bruno
Linha20
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Se o futebol moderno é o futuro, eu não quero mais viver.