Uma tarde de domingo
23 de janeiro de 2015, semifinal copa São Paulo de juniores.
São Paulo x Corinthians
Eu, Corinthians e ele, São Paulo. Um clima forte de zoação no ar, nenhum dos dois levava desaforo futebolístico pra casa.
Nos reunimos e comentávamos como fazia tempo que não rolava uma semifinal tão interessante assim, ele adorava exaltar o eixo Rio - São Paulo.
-Time grande é só Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Flamengo e Vasco. O resto é só time de bairro que não deu certo.
-Mas e o Grêmio?
-Grêmio sempre foi um time fora da curva, mas eu não gosto de gaúcho não.
Começa o jogo e fica um silêncio enorme na sala. Durou 45 minutos.
Apita o juiz, final de primeiro tempo.
-Vai pegar um pão pra gente comer.
-Já vou!
Ele já estava de cama, não conseguia mais ficar em pé.
Começa o segundo tempo.
Durante os primeiros cinco minutos do segundo tempo, começou a tagarelar sobre times clássicos do São Paulo.
-O Raí não era melhor que o Sócrates, mas era muito bom de bola.
Antes de eu abrir a minha boca já emendava outro assunto.
-O melhor jogador que eu vi jogar foi o Rivelino, no futebol de hoje ele seria muito superior a qualquer um.
Eu ria e concordava. Afinal, como iria atrapalhar sua linha de pensamento?
-Quando eu era jovem, os times italianos eram os melhores, mas é que nunca jogaram contra os times do interior, não ia dar nem pro cheiro.
Eu só ouvia e sorria. O senhor estava tão magro que a dentadura já não lhe servia mais.
Final de jogo! Corinthians na final!
Presenciei esse lindo clássico e pouco me importei, aquele papo com o senhor foi muito mais gratificante.
Mal sabia que no dia seguinte já não estaria mais ao meu lado.