As 6 dores comuns aos principais departamentos jurídicos do Brasil

Lucas Duarte
linte
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3 min readFeb 7, 2020

Nossa Product Discovery

Termos em inglês no mundo de negócios brasileiro não são novidade, muitos já fizeram calls ou analisaram budgets. Assim, não deve parecer estranho que startups, como seu termo de auto-intitulação já entrega, mantenham seus próprios.

Product Discovery é, em essência, uma forma de determinar quais iniciativas de produto deverão ser exploradas a partir do pressuposto de que clientes sabem mais sobre suas necessidades e contexto do que jamais saberemos.

Por esse motivo, ao longo dos últimos 12 meses, nosso time de produto conduziu entrevistas com cerca de 50 empresas dos mais diversos segmentos, desde grandes bancos tradicionais e fintechs ‘unicórnios’ até montadoras de automóveis e aplicativos de transporte e entregas.

É natural imaginar que os desafios enfrentados por cada uma dessas empresas possuem distinções significativas, seja por qualquer diferença em tamanho (número de funcionários, faturamento, dispersão geográfica, etc.) ou mesmo pelas especificidades em cada área de atuação, afinal, como comparar as dificuldades enfrentadas por uma mineradora com as de uma consultoria de gestão?

Inclusive, nossa hipótese inicial era que acabaríamos segmentando nossos entrevistados justamente por meio de características de seus negócios. Foi uma surpresa interessante descobrir que esse não era, nem de longe, o caso.

Departamentos jurídicos e a elaboração de contratos

Para otimizar nossos resultados decidimos sempre realizar análises após a realização de 5 entrevistas. Já durante a primeira análise tivemos uma impressão que acabaria se consolidando como regra em nosso processo: As dores presentes em departamentos jurídicos não diferem significativamente entre si a partir das características de suas empresas.

É importante ressaltar que isso não quer dizer que não existam diferenças entre as atividades realizadas no dia a dia de uma empresa com 90 mil funcionários e de uma com 100, bem como não significa que a intensidade de cada dor narrada não difira entre uma empresa de logística global e de uma casa de shows.

Ainda assim, tendo encontrado narrativas similares em todas as empresas entrevistadas, conseguimos descrever, utilizando ferramentas de UX Design o que acreditamos serem as dores mais significativas presentes na elaboração de contratos em empresas brasileiras:

1.Pedidos enviados ao jurídico incorretos ou faltando informações (e.g. “bate e volta” contínuo)

2. Dificuldade em encontrar dados, documentos e datas-limite
(e.g. quantos contratos ativos existem? quantos vencerão mês que vem?)

3. Perda de contexto durante uma negociação por e-mail
(e.g. múltiplas threads e múltiplas versões de um arquivo)

4. Falta de visibilidade sobre as etapas e os envolvidos na elaboração de contratos (e.g. em quanto tempo finaliza? quem falta assinar?)

5. Alto volume de atividades operacionais e repetitivas
(e.g. preenchimento de templates padrão)

6. Inexistência de indicadores qualitativos e quantitativos sobre o processo como um todo (e.g. tempo por etapa, cláusulas mais discutidas)

Acreditamos que ao menos um dos seis pontos está presente quando uma empresa precisa formalizar ou executar um negócio por meio de um contrato. Isso nos parece verdade independentemente da atividade, sejam compras, vendas ou quaisquer outras que exijam contratos.

Exatamente por isso, decidimos iniciar essa série de posts em nosso blog. Aqui, a cada semana, exploraremos uma dessas dores, detalhando o que ouvimos em nossas entrevistas e comparando com pesquisas de mercado estrangeiras. Além disso, exploraremos as potenciais soluções para elas, incluindo tanto as que estamos atualmente testando em nossos protótipos quanto as que nos inspiram em outras soluções.

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