Encontro com a Câmara: a ciclovia provisória na Almirante Reis e a Baixa ciclável

Lispoeta | Лишь Поэт
Lisboa Possível
Published in
4 min readApr 11, 2022
7 Abril 2022, Encontro da Lisboa Possível com o gabinete do Presidente e o gabinete do Vereador da Mobilidade

Que reunião é essa se o vereador da mobilidade, depois de várias semanas de silêncio, não vos cancela a data um dia antes? Mesmo assim, conseguimos um triunfo de eficiência. Na manhã do dia 7 de Abril estávamos no palácio da Câmara para um encontro combo: com o gabinete do vereador — Francisco Duarte e Mafalda Costa — e com o gabinete do presidente — João Castro e Gabriela Seara.

Os temas eram dois: a ciclovia provisória da Almirante Reis e a inexistência de uma única ciclovia na Baixa.

A ciclovia Almirante Reis fica

No dia 24 de Março, no Fórum Lisboa, exalámos com alívio: a apresentação do João Castro dissipou os nossos medos de que a ciclovia Almirante Reis era para acabar. Ao mesmo tempo, o projeto da ciclovia provisória — que prevê passar ambas as faixas para o lado descendente da avenida — despertou a fúria de alguns utilizadores da ciclovia.

Recolhemos todas as críticas e abrimos a reunião partilhando aquelas que julgamos fundamentadas. Começámos com o parecer dos enfermeiros, que foram muito claros: para descer a avenida, é fácil, para subir, as ambulâncias vão ficar entaladas no meio do famoso estacionamento “são só 5 minutos”. O João Castro pensa resolver a praga da segunda fila com melhor fiscalização — um fármaco que até agora tem-se demonstrado homeopático.

Tendo um médico de emergência na equipa, explicámos que para quem vai subir a ciclovia, ter a ambulância a chegar no sentido contrário vai criar pânico e situações de perigo, já que não há um escape claro: ou teremos de atrasar a ambulância, subir o passeio central ou galgar os separadores em direção aos carros — ao que o João Castro respondeu que disso é que são feitos os compromissos.

Descobrimos que o prazo para a ciclovia provisória é junho, mas há surpresas: Lisboa vai ter grandes obras de drenagem na altura do Chafariz do Desterro, no meio da Almirante Reis. Veremos camiões grandes a instalar equipamento a 60 metros de profundidade, cortando todo o trânsito do Chafariz para baixo. Estão a pensar bem: como vão desviar o tráfego e para onde é que vai a ciclovia? Um desvio pelo Largo de Intendente é uma das opções.

Mais uma coisa que estão a pensar bem é: com estas obras de drenagem, não era então possível manter a ciclovia lá onde está agora? Intuímos que na política não é assim que se pensa.

Processo para a ciclovia provisória

Agora, antes de chamar o empreiteiro (mais provavelmente vai ser a EMEL, que já tem um contrato com a Câmara) a proposta provisória terá de dar umas voltas obrigatórias pelos gabinetes da Câmara. Começando no Departamento de Gestão de Mobilidade e Tráfego, passará pelo Departamento do Espaço Público e acabará com o parecer do Metro. Embora não seja obrigatório, a Câmara espera receber a opinião do Regimento de Sapadores Bombeiros, do INEM, do Hospital de São José e das três juntas pelas quais a ciclovia passa — Areeiro, Santa Maria Maior e Arroios. Podemos ver mais correções ainda.

A ciclovia definitiva

Enquanto à obra definitiva, esta ainda não tem corpo. O LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) vai ser envolvido na sua criação, e se calhar até se pede ajuda ao Dutch Cycling Agency.

Baixa ciclável

Acabámos a reunião introduzindo o tema de Baixa ciclável — estamos a planear uma pedalada em conjunto com a Câmara para explicar a nossa frustração em tentar passar pelo centro histórico.

Visão geral

Fazendo um passo atrás, o que estamos a observar? Estamos ainda a tentar meter o Rossio na Betesga, procurando soluções para carros, pensando que a sabedoria está em encontrar um compromisso com o automóvel. Só que a inclusão está a ser mal interpretada. Inclusiva não é a cidade que inclui os carros, mas a cidade que inclui as pessoas com mobilidade reduzida, que são pelo menos um em cada dez de nós.

Nos últimos seis meses conseguimos manter o status quo: a ciclovia Almirante Reis fica, o que é fantástico. Há discussão pública e pessoas envolvidas. Contudo, o nosso objetivo é mudar o paradigma, tirar o carro do trono e devolver a prioridade a quem quer respirar, caminhar e pedalar. Como? Já esta semana, convidem um amigo ou um colega para um passeio que não envolve o carro. Quanto mais formos a querer a mudança, mais fácil será convencer os políticos: do nosso lado, já temos futuras reuniões com a Câmara marcadas.

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