Nossas primeiras impressões sobre o Canto Verde

Vivian Martins
LISF UFC
Published in
3 min readJun 2, 2016

O Canto Verde é lindo. E é em todos os sentidos. Não só pela beleza que você percebe assim que chega lá, sente o vento e olha ao redor. Mas pela beleza que você percebe aos poucos, conversando com os nativos, conhecendo tudo de perto, percebendo que o lugar só fica mais bonito — e olha que você achava que não era possível.

Dessa vez, passamos só o fim de semana. Queremos conhecer o lugar e aquelas pessoas por mais tempo, de mais perto. E queremos porque é uma experiência incrível entender, nem que seja um pouco, a dinâmica de uma comunidade de pescadores. Mas queremos conhecer também para ajudar, para tornar a vida deles um pouco melhor, para fazer o que estiver ao nosso alcance.

À primeira vista não parece haver muito no que ajudar: os indicadores da comunidade são um exemplo, a mortalidade infantil é zero há muito tempo, há pouquíssimo alcoolismo, entre outros pontos muito positivos, mas olhando de perto percebemos que como todo lugar eles tem seus problemas de saúde, seus problemas sociais, e há com certeza muito o que fazer nesse sentido.

Nessa breve visita que fizemos, nossa intenção foi pura e simplesmente conhecer, conversar, aprender. Fomos três membros da Liga: eu, Vivian, o Artur e a Lucia, além da Náthane, do LABOCART (Laboratório de Geoprocessamento da UFC). Somos, aliás, muito gratos a essa parceria com o Laboratório, que junto ao ICMBio, trabalha na comunidade há bastante tempo e nos permitiu conhecer esse incrível universo.

Aprendemos muito. Percebemos que há gente engajada em todo lugar. Gente que entende bem porque está ali, que sabe o que quer, que não abre mão do que é seu, do seu chão, do que construiu. Que valoriza a vida em comunidade, que entende as suas nuances, que compreende a importância dessa vida em comum para a defesa de seus direitos.

Aprendemos também que a vida do pescador é muito complicada. Eles passam por coisas que a gente não imaginava, e que nem de longe passam pela nossa cabeça quando comemos ou compramos o peixe que, diga-se de passagem, só chega até nós porque eles existem. Carregam quase diariamente um peso absurdo e pagam por isso com sua saúde muito cedo na vida. Expõem seus olhos a um sol escaldante a vida inteira, e frequentemente pagam por isso com sua visão. E quem os paga por isso? Quem dera fôssemos nós, diretamente. Mas o peixe passa por muitas mãos antes de chegar ao consumidor, e eles ficam com muito pouco. E de qualquer modo, não há dinheiro que restitua a perda da saúde. Entre coisas tristes e felizes, com tudo e apesar de tudo, saímos de lá animados, cheios de ideias, pensando em tudo o que podemos fazer para melhorar essa realidade.

E com a certeza de que voltaremos, aprenderemos muito mais, e iremos fazer ainda muita coisa por lá.

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