Palestina: Na Faixa de Gaza e o poder da arte visual
Visualmente impecável, Palestina: Na Faixa de Gaza, de Joe Sacco é primoroso em todos os aspectos, preocupando-se sempre com a imparcialidade da questão Israel-Palestina, o jornalista — hoje com 56 anos — , decidiu visitar entre o fim de 1991 e o início de 1992 um dos lugares com os maiores índices de miséria e pobreza no mundo e que hoje é controlado pela Autoridade Nacional Palestina, a Faixa de Gaza.
Com um desenho de fazer inveja a qualquer um, Joe Sacco reúne histórias de diversas famílias palestinas, principalmente em dois campos, os de Jabalia e Nuseirat. Conhecemos a história de crianças que não sabem nem o que é o mundo fora do local de seu nascimento, mas que desde pequenos são inflamados com diversas vertentes políticas e pressionados a tomar partido e escolher um grupo de libertação, seja o Fatah (Movimento de Libertação Nacional da Palestina) ou a OLP (Organização para a Libertação da Palestina). A cada página entendemos mais sobre a Primeira Intifada — termo que representa a insurreição dos palestinos contra os abusos promovidos pelos israelenses na Faixa de Gaza em 1987 — que começou no campo de Jabalia e se expandiu para a Cisjordânia, sobre atentados terroristas contra tropas israelenses e sobre os rigorosos toques de recolher.
Com um visual incrível, Joe Sacco relembra a existência de um povo quase esquecido, que muitas vezes é visto como terrorista, pelo simples fato de fazer parte do lado que a história mundial considera como sendo o do perdedor.
Um dos relatos mais humanos e imparciais já escritos sobre a questão israel-palestina, Palestina: Na Faixa de Gaza é essencial para entendermos um pouco mais sobre esse conflito que parece nunca ter fim.
