A genialidade do conto “Amor” de Clarice Lispector

Gabriel Vinicius
Literamais
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2 min readJan 20, 2018
Que olhos!!!!!!!!!

Devo admitir que não leio muitos autores brasileiros, o único momento em que me deparo com literatura nacional é quando chegam os vestibulares, e foi nas obras exigidas pela Unicamp que estava um história curta, pequena, mas gigante em expressão, falo do conto Amor da escritora Clarice Lispector.

Como a maioria dos contos da Clarice pelo o que estou percebendo — estou lendo o livro com todos os contos dela— , é que após uma leitura, a releitura é SEMPRE necessária, e Amor exigiu releituras e análises de internet que me levaram à constatação acerca genialidade da autora.

A história do conto gira em torno da vida de Ana, uma dona de casa, aparentemente como muitas outras, dedicada às suas tarefas e funções de mãe e de mulher, uma vida que logo no começo entendemos ser muito mais um receptáculo de padrões ao qual Ana decidiu se adaptar do que uma vida necessariamente feliz e realizada.

“Certa hora da tarde era mais perigosa. Certa hora da tarde as arvores que plantara riam dela. Quando nada mais precisava de sua força, inquietava-se”

Em um determinada tarde na qual está voltando de bondinho do mercado com os ovos que comprou, ela se depara com um cego na rua mascando chiclete que causa em si uma revelação, as tais epifanias, jogando Ana e seu mundo em uma completa bagunça.

“Um cego mascando chicletes mergulhara o mundo em escura sofreguidão”

A epifania do cego revela para Ana a verdadeira vida que existe fora de suas tarefas como dona de casa e engatilha inúmeros eventos simbólicos como a ida da protagonista até um parque onde ela tem o vislumbre do que seria o paraíso, uma vida repleta de liberdade, e o seu retrocesso por medo do desconhecido, do inexplorável.

O conto Amor está presente na coletânea de contos Laços de Família.

A ideia aqui não é a de falar sobre todo o conto mas sim de tentar instigar o leitor para que não corra apenas atrás da obra mas que logo em seguida procure saber os significados dos ovos que quebram na cestinha confeccionada pela própria Ana, do cego mascando chiclete, do estouro do fogão e de tudo o que existe de tão maravilhoso no conto.

Achou confuso o texto ou não entendeu aonde eu quero chegar soltando essas informações aleatórias e sem uma ordem cronológica exata? Então pare tudo neste exato momento e corra atrás do perfeito Amor de Clarice Lispector.

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Gabriel Vinicius
Literamais

Graduando em Ciências Econômicas na Unicamp e aficionado em Ficção Científica