Uma breve história sobre livros ‘Young Adult’

Victor Hugo (vitorinu)
4 min readJul 23, 2020

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Virei um leitor quando fiz 15 anos. Isso aconteceu depois que saí com 'As vantagens de ser invisível', de Stephen Chbosky, de uma livraria. A maioria das histórias que consumia nessa época seguiam quase a mesma temática do romance de Stephen. Elas falavam sobre despertar sexual, superação de uma adversidade adolescente ou sobre simplesmente se apaixonar.

Todas essas narrativas constroem a categoria literária 'Young Adult’, abreviado como YA, para a faixa etária entre 12 e 18 anos. Na última década, esses livros ficaram famosos depois de adaptações bem sucedidas para o cinema e TV. 'A culpa é das estrelas’, 'Com amor, Simon’ e 'Os 13 porquês' são alguns exemplos.

O despertar da adolescência

"Mamãe quando eu crescer
Eu quero ser adolescente
No planeta juventude
Haverá vida inteligente?"

Belchior -Dandy

Preciso falar um pouco da adolescência em si antes de comentar sobre livros para ‘jovens adultos’. As décadas de 50 e 60 são reconhecidas por uma série de transformações sociais e culturais. Nelas, principalmente em 1960, o jovem começou a ter mais voz, seu próprio dinheiro, moda e adotaram o rock como hino de suas vidas.

Os dois lados da juventude foram construídos. De um lado o ser político, o rebelde, a energia necessária para transformações. Do outro a impulsividade, o romantismo, o idealismo e a falta de compromisso. Nessa mesma época foram publicadas algumas obras nos EUA que correspondiam a vitalidade do que era ser jovem.

Gangues, tabus e viagens de carro

'O apanhador no campo de centeio', escrito por J. D. Sallinger e lançado em 1951, já era uma referência de 'voz jovem' por causa do seu protagonista Holden Caufield, de 16 anos, que vivia uma crise de identidade após ser expulso da sua escola.

Em seguida, ‘Outsiders’ e ‘On the road’ corresponderam os anseios da sua geração. O primeiro trazia uma história sobre disputas entre gangues. Já o segundo se tornou um clássico sobre uma viagem de carro para o interior dos EUA.

YA no Brasil

A partir dos anos 70, a editora Attica lançou a série Vagalume que contou com a publicação de livros infanto-juvenis. A coleção fez muito sucesso na época. A maioria das obras traziam protagonistas adolescentes e envolviam mistério, amadurecimento, romance ou fantasia.

Alguns deles também traziam períodos históricos como pano de fundo. Em ‘Dinheiro do céu’, de Marcos Rey, um adolescente narrava a rotina da sua família de classe média e a movimentação política na década de 60. Tem uma passagem sobre o golpe de 64. Já ‘Meninos sem pátria’, de Luiz Puntel, mostrava a vida de uma família perseguida pela Ditadura Militar.

Este último chegou a ser suspenso da grade curricular de uma escola carioca. Porém, não foi em 1981, ano de sua publicação. O livro recebeu críticas de pais do Colégio Santo Augustinho, em 2018, que o acusavam de ser uma apologia ao comunismo.

Diversidade e fantasia

Nos últimos 20 anos, os números de livros para jovens adultos cresceram nas prateleiras de livrarias brasileiras. O 'boom' começou com o lançamento de Harry Potter, escrito por J. K. Rowling, e abriu caminho para outras sagas adolescentes: Crepúsculo, Jogos Vorazes, Divergente, Maze Runner, Instrumentos Mortais, Percy Jackson e os Olimpianos, Os legados de Lorien e entre outros.

Harry foi responsável por renovar esse público jovem que procurava outras histórias conforme crescia. Temas como bullying, transtornos emocionais, suicídio, doenças foram abraçados por escritores de YA. Na última década, personagens LGBT+ também foram incorporados nesse gênero. Livros como 'Will e will, um nome, um destino', 'Garoto Encontra Garoto', 'O Mau Exemplo De Cameron Post' e 'Com amor, Simon' ganharam projeção.

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Victor Hugo (vitorinu)

Jornalista, apaixonado por livros e desbravador de sebos do Rio de Janeiro.