O poder das palavras na formação de mundos — parte 1

Os mundos criados por uma falsa linguagem são mundos falsos. A palavra verdadeira cria o mundo de verdade.

Cauê Oliveira
Literatura e Redenção
13 min readFeb 13, 2020

--

Literatura consiste, primeiramente, em palavras. Ainda assim, quando cristãos falam sobre literatura, facilmente temos a impressão de que a literatura consiste em ideias. Não consiste. Quando um poeta lamentou sua inabilidade de escrever poesia mesmo estando ‘cheio de ideias’, o poeta francês Mallarmé respondeu, ‘Não se faz poesia com ideias, mas com palavras’ […]. Um apreço apropriado pela linguagem é pré-requisito para produzir e entender literatura. O próprio Cristianismo nos impele nesse sentido, pois é uma religião revelada cujas verdades autoritativas estão escritas em um livro (Peter Leithart).[1]

As palavras importam! Não somente o conteúdo das palavras, ou, melhor dizendo, não somente a mensagem que obtemos ao construirmos uma sentença de forma inteligível. Não, mais do que isso, as palavras em si importam. Importa que as conheçamos, que as saibamos, importa nosso vocabulário. Importa que estejamos aptos a usá-las da maneira correta, com o significado correto. Importa o meio que nós usamos para que as palavras cheguem até o nosso ouvinte, nosso leitor, nosso espectador. As palavras importam! Não há como contarmos histórias sem elas, não há como contarmos nossa história sem elas, não há como vivermos sem elas nessa grande narrativa chamada vida.

Ninguém pinta um quadro, escreve uma epopeia, compõe uma música, prepara um stand-up ou faz um filme sem definir limites. A moldura do quadro nos apresenta até onde ele vai. O quadro não existe fora dela. É dentro da moldura que vemos o seu conteúdo, que apreciamos sua arte. Alguém já disse que “arte é limitação”[2]. Não à toa, usaremos a moldura como metáfora em todo esse texto. O foco será menos no conteúdo da arte (e da vida), em si, e mais na sua forma — na tentativa de demonstrar que, em última análise, eles (conteúdo e forma) estão estreitamente ligados. Não há neutralidade na forma da arte, não há neutralidade no uso das palavras! Não há neutralidade no mundo. Esse mundo é o mundo de Deus, o mundo que foi falado por Deus, então, tudo o que existe tem significado, um significado dependente de Deus. Isso não seria diferente com as palavras.

As palavras importam. Enquanto colocamos cuidadosamente os quatro lados de nossa moldura, exploraremos o impacto das palavras não só na arte, mas em toda a vida humana. Tentaremos montar esse quadro usando exemplos da literatura (principalmente), da vida ordinária, da política e da teologia.

A moldura:

1) Importa ter as palavras — A limitação do vocabulário é a limitação do mundo (“Vidas secas”, de Graciliano Ramos)

Nosso primeiro componente da moldura é a realidade de que a limitação do vocabulário promove uma verdadeira limitação do mundo. A partir disso afirmamos: “Importa ter as palavras”.

Em Vidas Secas, romance escrito por Graciliano Ramos em 1938, somos apresentados a uma família de retirantes: Fabiano, Sinha Vitória, seus dois filhos e sua cachorra, chamada Baleia. Fabiano era um vaqueiro que, logo no começo, nos é apresentado (ênfases acrescentadas):

Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro [o cavalo] entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. As vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos — exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.[3]

Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha.[4]

- Você e um bicho, Fabiano.

Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.[5]

Fabiano não era um homem de palavras, ele era um homem de ação, alguém que sobrevivia em meio à desgraça da seca, que teimava em vencer as dificuldades que via diante de si. Entretanto, a ênfase de Graciliano Ramos ao descrever Fabiano como alguém que falava uma linguagem de bicho, uma linguagem monossilábica — tema reforçado em todo o livro — não parece ser à toa. Antes, a vida dele e de sua família se tornava ainda mais seca pela sua incapacidade de se expressar e de se comunicar com o outro.

Isso fica muito bem expresso quando, após se envolver em um jogo com um soldado (o “soldado amarelo”), ele termina sendo injustamente preso. Depois de Fabiano levar uma surra de facão, o autor nos conduz, magistralmente, ao estado em que ele, Fabiano, se encontrava, enquanto esperava na prisão o seu destino:

Fabiano cochilava, a cabeça pesada inclinava-se para o peito e levantava-se. […]

Acordou sobressaltado. Pois não estava misturando as pessoas, desatinando? Talvez fosse efeito da cachaça. Não era: tinha bebido um copo, tanto assim, quatro dedos. Se lhe dessem tempo, contaria o que se passara.

Ouviu o falatório desconexo do bêbedo, caiu numa indecisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversava à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia trabalhando como um escravo. Desentupia o bebedouro, consertava as cercas, curava os animais — aproveitara um casco de fazenda sem valor. Tudo em ordem, podiam ver. Tinha culpa de ser bruto? Quem tinha culpa?

Se não fosse aquilo… Nem sabia. O fio da ideia cresceu, engrossou — e partiu-se. Difícil pensar. Vivia tão agarrado aos bichos… Nunca vira uma escola. Por isso não conseguia defender-se, botar as coisas nos seus lugares. O demônio daquela história entrava-lhe na cabeça e saía. Era para um cristão endoidecer. Se lhe tivessem dado ensino, encontraria meio de entendê-la. Impossível, só sabia lidar com bichos.

Enfim, contanto… Seu Tomás daria informações. Fossem perguntar a ele. Homem bom, seu Tomás da bolandeira, homem aprendido. Cada qual como Deus o fez. Ele, Fabiano, era aquilo mesmo, um bruto.

O que desejava… An! Esquecia-se. Agora se recordava da viagem que tinha feito pelo sertão a cair de fome. As pernas dos meninos eram finas como bilros, Sinha Vitória tropicava debaixo do baú de trens. Na beira do rio haviam comido o papagaio, que não sabia falar. Necessidade.

Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava nomes arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que tudo era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior.[6]

Fabiano não podia arrumar o que tinha no interior. Ele não conseguia pensar direito, não sabia explicar-se, não sabia falar. Faltavam-lhe as palavras necessárias. Era um homem bruto, um bicho. Naquela situação, Fabiano percebeu-se preso não só externamente, pelas barras da cadeia, mas internamente, pela sua própria limitação e incapacidade de falar. Importa ter as palavras! E o que fazer quando não podemos dizer nada? Quando nos faltam as palavras? A resposta de Graciliano Ramos, nesse trecho, é que Fabiano, incapaz de se expressar, de se explicar, gritava! Grunhia e gritava!

Será que é à toa que no mundo da arte hoje tudo é grito? Tudo é protesto? Ou será que isso advém de uma incapacidade que muitos têm de arrumar aquilo que tem em seu interior, assim como Fabiano? Muitos artistas parecem não saber se expressar, ou parecem que não querem saber se expressar, preferindo, como bichos, grunhir e gritar.

Na família retirante, não só Fabiano passava por isso, mas seus filhos — aos quais Graciliano Ramos, não à toa, deixa de nomear. Em certa altura, quando a família vai para uma festa, os meninos ficam abismados diante de uma quantidade enorme de objetos que viam. Acostumados com a fazenda, com um pai que não falava, com viver como bichos, iguais porcos na lama, mais aparentados de seu cachorro Baleia que de outras crianças, não conseguiam entender como alguém podia guardar tantos nomes:

Tinham percebido que havia muitas pessoas no mundo. Ocupavam-se em descobrir uma enorme quantidade de objetos. Comunicaram baixinho um ao outro as surpresas que os enchiam. Impossível imaginar tantas maravilhas juntas. O menino mais novo teve uma dúvida e apresentou-a timidamente ao irmão. Seria que aquilo tinha sido feito por gente? O menino mais velho hesitou, espiou as lojas, as toldas iluminadas, as moças bem vestidas. Encolheu os ombros. Talvez aquilo tivesse sido feito por gente. Nova dificuldade chegou-lhe ao espírito soprou-a no ouvido do irmão. Provavelmente aquelas coisas tinham nomes. O menino mais novo interrogou-o com os olhos. Sim, com certeza as preciosidades que se exibiam nos altares da igreja e nas prateleiras das lojas tinham nomes. Puseram-se a discutir a questão intrincada.

Como podiam os homens guardar tantas palavras? Era impossível, ninguém conservaria tão grande soma de conhecimentos. Livres dos nomes, as coisas ficavam distantes, misteriosas. Não tinham sido feitas por gente. E os indivíduos que mexiam nelas cometiam imprudência. Vistas de longe, eram bonitas. Admirados e medrosos, [os irmãos] falavam baixo para não desencadear as forças estranhas que elas porventura encerrassem.

Livres dos nomes, as coisas ficavam distantes, misteriosas. Importa ter as palavras, importa nomear as coisas. Não à toa, nas Escrituras um dos primeiros atos de exercício de autoridade e de organização do mundo foi exatamente o ato de Adão dar nome aos animais (Gn 2.18ss).

O próprio livro Vidas Secas, em seu rico uso de expressões típicas do contexto nordestino, é uma prova do outro lado dessa história. Graciliano descreve as agruras da seca de tal maneira que nos leva até lá, nos faz pisar em um solo que nunca antes pisamos, uma terra seca, seca ao ponto de a lama ali ser seca. Alguém já viu uma lama seca? Há, entretanto, uma forma melhor de descrever a secura do que aludir a algo cuja existência pressupõe água, dizendo: até mesmo isso só poderia ser descrito como sendo seco.

Importa ter as palavras. A limitação do vocabulário de um homem é a limitação do seu mundo. Percebo isso no mais singelo exemplo, o de minhas filhas. Elas estão aprendendo a falar. A mais velha, com dois anos e meio, é mais desenvolta. Entretanto, um fenômeno é comum em nossas conversas. Ela engata, tentando expressar uma ideia para a qual não tem palavras, o que faz com que eu não a compreenda. Ela se esforça e se esforça, pois quer se libertar da ignorância de não saber explicar algo que tem a dizer. Fabiano, como percebemos pela voz do narrador, tinha muito em seu interior, entretanto, ele não conseguia arrumar a casa, ao ponto de não conseguir se comunicar sem ser através de grunhidos e palavras monossilábicas. Quando, no fim do romance, Fabiano, Sinha Vitória e seus dois filhos se veem novamente como retirantes, aparece em suas vidas um fecho de esperança, o que é fortemente marcado, no texto, pelo primeiro diálogo em todo o livro, entre Fabiano e sua mulher, um diálogo, efetivamente, com frases completas.

Esse é o primeiro lado da nossa moldura. Adicionemos a ela mais uma peça!

2) Importa ter as palavras certas — A destruição das palavras é a destruição do mundo (“1984”, de George Orwell)

Não basta termos as palavras, precisamos das palavras certas. É lógico que os mundos imaginários são escritos com palavras e, assim, são criados pelas palavras e construídos sobre palavras. Entretanto, muitos ignoram, assim é o mundo real. As palavras que usamos no dia a dia para conversarmos uns com os outros, moldam o mundo que vemos, do qual falamos e em que vivemos. A riqueza do nosso uso das palavras colore o nosso mundo, dá-lhe mais vida, assim como a pobreza em nossa linguagem faz do mundo um lugar mais cinza. Remodelar as palavras que usamos remodela nossa mente e remodela o mundo. O mundo acaba sendo recriado, os valores redesenhados, sempre que o uso das palavras é alterado. Portanto, destruir as palavras destrói o mundo.

Poucas obras captaram com tanta maestria essa ideia da destruição das palavras promovendo a destruição do mundo como a distopia 1984, de George Orwell. O livro retrata um regime totalitário, num país chamado Oceânia. Esse livro introduz o tão afamado “Grande Irmão” (Big Brother), que representa o controle absoluto que o governo (simplesmente conhecido como “o Partido”) possuía sobre a vida de sua população, através do uso da coerção física e mental. Uma das formas que o livro apresenta para que esse controle exista e se perpetue é a Novilíngua (ou Novafala). A Novilíngua é o idioma daquela nação, que está sendo modelado e imposto sobre a população em substituição ao idioma antigo com um propósito bem definido.

Um diálogo entre o personagem principal, Winston, e seu colega Syme — um dos editores do dicionário da Novilíngua — sobre o andamento da produção do novo volume dessa obra, nos revela o propósito que desejamos discernir:

‘A Décima Primeira Edição é a edição definitiva’, disse [Syme]. ‘Estamos dando os últimos retoques na língua — para que ela fique do jeito que há de ser quando ninguém mais falar outra coisa. […] Estamos destruindo palavras — dezenas de palavras, centenas de palavras, todos os dias. Estamos reduzindo a língua ao osso. […]

Claro que a grande concentração de palavras inúteis está nos verbos e adjetivos, mas há centenas de substantivos que também podem ser descartados. Não só sinônimos; os antônimos também. Afinal de contas, o que justifica a existência de uma palavra que seja simplesmente o oposto de outra? Uma palavra já contém em si mesma o seu oposto. Pense em ‘bom’, qual é a necessidade de uma palavra como ‘ruim’? ‘Desbom’ dá conta perfeitamente do recado. É até melhor, porque é um antônimo perfeito, coisa que a outra palavra não é. Ou, então, se você quiser uma versão mais intensa de ‘bom’, qual é o sentido de dispor de uma verdadeira série de palavras imprecisas e inúteis como ‘excelente’, ‘esplêndido’ e todas as demais? ‘Maisbom’ resolve o problema; ou ‘duplimaisbom’, se quiser algo ainda mais intenso. […] No fim o conceito inteiro de bondade e ruindade será coberto por apenas seis palavras — na realidade por uma palavra apenas.[7]

A Novilíngua tinha o objetivo de destruir as palavras ordinariamente utilizadas. Ela era uma tentativa de redesenhar todo o idioma, não exatamente com o propósito de fazer com que as pessoas não falassem, mas com uma finalidade que estava clara para o Partido, ainda que os habitantes a ignorassem. Syme continua:

Você não vê que a finalidade da Novafala é estreitar o âmbito do pensamento? No fim teremos tornado o pensamento-crime literalmente impossível, já que não haverá palavras para expressá-lo. Todo conceito que pudermos necessitar será expresso por apenas uma palavra, com significado rigidamente definido, e todos os seus significados subsidiários serão eliminados e esquecidos. […] Menos e menos palavras a cada ano que passa, e a consciência com um alcance cada vez menor.[8]

Fabiano, em Vidas Secas era um ignorante, um bruto, que não conhecia as palavras. Mas, os indivíduos de Oceânia — se é que podemos chamá-los assim — teriam acesso às palavras. A grande questão é que o Partido queria determinar a quais palavras a pessoa teria acesso, pois através dessa remodelagem das palavras, eles iriam remodelar o próprio pensamento das pessoas, reduzindo assim a sua consciência. George Orwell, em um apêndice ao livro, explica o seu interesse ao criar essa ideia da Novafala:

O objetivo da Novafala não era somente fornecer um meio de expressão compatível com a visão de mundo e os hábitos mentais dos adeptos do Socing [Socialismo Inglês, em Novafala], mas também inviabilizar todas as outras formas de pensamento. A ideia era que, uma vez definitivamente adotada a Novafala e esquecida a Velhafala, um pensamento herege — isto é, um pensamento que divergisse dos princípios do Socing — fosse literalmente impensável, ao menos na medida em que pensamentos dependem de palavras para ser formulados.[9]

Outras obras trabalham essa mesma temática, essa mesma ideia. Por exemplo, a autora Ayn Rand, em seu livro O cântico, cria um mundo em que a palavra “eu” não era utilizada, de tal forma que todos só conseguiam pensar como coletividade e nunca como indivíduos. Em Laranja Mecânica, Anthony Burgess nos conduz a um universo completamente impactado pela violência, muito bem traduzida no idioma altamente cheio de gírias dos jovens criminosos. A violência da língua teria decorrido da violência dos jovens ou a violência dos jovens que teria vindo da violência da língua?

Essa distorção das palavras, essa destruição das palavras, tem sido uma marca de nossa época. Ou não somos nós os que foram afetados, em nossa fala diária, por expressões como “top” (topzera, topíssimo), “lacrar” (lacração), e coisas mais nessa linha? Essas palavras promovem um verdadeiro emburrecimento em quem as usa para tudo, pois em sua plasticidade sem limites, substitui todo um vocabulário que conduziria o falante, o escritor, o pensante, a explorar o mundo com muito mais riqueza. Ora, caso tudo seja “top”, faz-se necessário criar palavras como “topíssimo” para expressar níveis, gradações. Acaso não é isso idêntico ao “maisbom” e “duplimaisbom”?

No âmbito público, o politicamente correto seria outra coisa que não a institucionalização da Novilíngua? Não seria a proibição de pensarmos em determinados termos que “o Partido” acha inadequados? Estamos vendo um exemplo disso na discussão do aborto. O que é o aborto senão o assassinato de crianças não-nascidos dentro do útero de suas mães? Mas, é assim que ele tem sido tratado? Observem o cuidado diabólico que existe em chamar a criança de feto, despersonalizando-a, chamar o assassinato de “interrupção da gravidez”, e de chamar as pessoas que defendem o aborto de pró-escolha (afinal, a ideia de escolha livre é algo que transmite percepções absolutamente positivas em uma época como a nossa). O falso uso da palavra, seu uso errado, sua distorção, distorce o próprio mundo em que vivemos. George Orwell entendeu isso bem e nos legou a Novilíngua como lembrete do poder transformador das palavras.

Importa, então, que tenhamos não só as palavras, mas palavras certas, palavras verdadeiras, não palavras controladas por uma falsa finalidade, por um interesse em nos moldar a pensarmos de forma distorcida. Pois a destruição das palavras promove a destruição do mundo.

A Novilíngua nos ajuda também a colocar o terceiro lado de nossa moldura.

[Continua no próximo texto]

Notas:

[1] Leland Ryken, The Christian Imagination, p. 24

[2] Citação completa: “[…] a arte é limitação. A arte não consiste em expandir as coisas. Consiste em cortar as coisas, como corto com uma tesoura minhas horríveis figuras de São Jorge e o Dragão. Platão, que gostava de ideias definidas, teria gostado de meu dragão de cartolina, pois em,bora a criatura tenha poucos méritos artísticos adicionais realmente parece um dragão. O filósofo moderno, que gosta do infinito, faria bem em considerar uma simples folha de cartolina. […] A parte mais bela de todo quadro é a moldura.” Chesterton, Tremendas Trivialidades, p. 150–151.

[3] Graciliano Ramos, Vidas Secas, p. 20.

[4] Ibid., p. 22.

[5] Ibid., p. 19.

[6] Ibid., p. 35.

[7] George Orwell, 1984, p. 67–68.

[8] Ibid., p. 68–69.

[9] Ibid., p. 348.

--

--

Cauê Oliveira
Literatura e Redenção

Cristão. Esposo de Bia, pai de Carolina, Clarice, Caio e Ana.