Retrospectiva L&R 2017 (Parte I)

Filipe Schulz dos Santos
Literatura e Redenção
4 min readDec 26, 2017

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Os destaques literários do Emilio Garofalo e do Allen Porto

Ao longo dessa semana, iremos postar algumas listas de livros destaque de 2017. Vale esclarecer que essa é uma lista de “leituras preferidas”, já que listamos livros de outros anos, não só os publicados em 2017. Além disso, esses não são necessariamente os melhores livros, mas aquelas leituras que destacaram pelos mais diversos motivos.

Emilio Garofalo

O gigante enterrado, Kazuo Ishiguro — Uma linda história acerca da importância da memória, das escolhas e dos companheiros de viagem. Escrevi um artigo longo sobre o livro aqui.

Aniquilação, Jeff Vandermeer — O primeiro de uma trilogia de Jeff Vandermeer. Um dos melhores escritores do movimento New Weird. O livro segue uma expedição de quatro mulheres para explorar uma área misteriosa na costa dos Estados Unidos. Um senso de inquietação e deslumbre acompanha toda a leitura. Estou louco pra ler os outros dois livros. Vandermeer levanta muitas perguntas e nos faz temer as possíveis respostas. Em breve sairá em filme uma versão desse primeiro livro. Leia antes que seja cool!

O Sol é para todos, Harper Lee — Foi bom ler esse clássico de Harper Lee, um dos mais famosos da literatura norte-americana. Tendo morado no sul dos EUA, senti-me particularmente familiarizado com alguns tons do livro. Racismo, justiça, aparências, amizade, fazer o que é certo. Aprendemos a ver o mundo torto pelos olhos infantis, deslumbrados e indignados de uma jovem que cresce com seu pai, o famoso personagem Atticus Finch.

Até que tenhamos rostos, C. S. Lewis — Uma linda e dolorida história de Lewis. Temas maduros e complexos. Ainda estou digerindo muita coisa a fim de fazer uma postagem mais longa, mas sem dúvida foi uma de minhas leituras favoritas do ano. Um mundo onde devemos aprender a lidar com providência, com perda e com aquilo que nunca seremos.

Estórias de sua vida, Ted Chiang — Uma coletânea de contos do premiadíssimo autor de ficção científica. Histórias muito curiosas e instigantes, inclusive a que deu origem ao roteiro do filme “A chegada”. Chiang é um escritor que publica pouquíssimo, até hoje não lançou nenhum romance, apenas contos. E mesmo assim é dos mais venerados escritores do ramo. Neste livro há uma excelente seleção de suas principais histórias.

Allen Porto

O grande Gatsby, F. Scott Fitzgerald — Gatsby busca redenção, aceitação e amor, mas acaba por descobrir que toda idolatria tem o seu custo. Pelos olhos de Nick Carraway, tem sua história descrita e analisada. O livro acaba por fomentar discussões sobre os ídolos acima mencionados, a vaidade do dinheiro e relacionamentos destrutivos. Foi o único livro que li de Fitzgerald até agora e gostei bastante.

Os invernos da ilha, Rodrigo Duarte GarciaEu fiquei incomodado com o que pareceu um “anti-protestantismo” da obra — atitude que se mostra em alguns círculos conservadores brasileiros –, mas é inegável que Os invernos da ilha é uma boa história. Sem didatismo, o autor construiu uma trama bastante envolvente, cheia de aventura, suspense e tudo o que faz o leitor começar a ler e não parar mais.

Culture making, Andy Crouch — Não se trata de um livro de literatura, mas certamente produz impacto sobre a produção literária. Andy Crouch nos ajuda a repensar a participação na cultura, instigando os cristãos a produzir bens culturais. Sua crítica aos movimentos de “cosmovisão” é interessante por destacar a ênfase desmedida em análise enquanto a parte criação propriamente é desconsiderada. Não é à toa que temos vários críticos culturais entre os cristãos, mas pouquíssimos criadores. A provocação é importante.

Saudades dos cigarros que nunca fumarei, Gustavo Nogy — Sou fã de crônicas e, descobri há pouco, de ensaios. Gustavo Nogy entra no time de nomes como Nelson Rodrigues, Rubem Braga, João Pereira Coutinho, e produz um livro divertido de ler, além de muito bem escrito. Vários temas pertinentes da vida contemporânea neste “Brasil varonil” são considerados sob o olhar sincero e cômico do autor.

O médico e o monstro, Robert Louis Stevenson — De tanto ouvir as referências, decidi ler O médico e o monstro, do americano Robert Louis Stevenson. A história é bem escrita, com um suspense que se estende por todo o livro e nos faz roer as unhas (mesmo com os spoilers). Stevenson conseguiu escrever uma das melhores metáforas sobre o mal que habita em nós, que não pode ser vencido por mera religiosidade ou técnicas humanas.

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Filipe Schulz dos Santos
Literatura e Redenção

Isto é água e talvez esses esquimós sejam bem mais do que aparentam.