Pelo direito de não enviar mensagens.

Beatriz Misaki
Restos de Amor
Published in
2 min readApr 18, 2023

As interações humanas devem surgir de uma vontade autêntica. Não deveríamos ter que nos forçar a cumprir obrigações em comunicação.

Não há necessidade de se marcar no relógio o momento de mandar bom dia, tampouco se habituar a enviar memes diários numa tentativa de cumprir metas.

Eu não quero fazer esse movimento de me obrigar a agir sem vontade por receio de uma punição.

Mais do que isso: eu detesto a ideia de que você só está entrando em contato por medo.

Eu quero ter certeza de que se me dá bom dia ou pergunta sobre meu dia, que está fazendo isso porque veio uma vontade genuína de assim desejar ou de querer saber como estou.

E, justamente por isso, me recuso a te punir caso não me responda no momento que eu quero ou no prazo que eu acho ideal.

Não quero aguentar o fardo de ter te arrastado pra uma conversa chata que pouco agrega a qualquer um de nós dois.

Eu sei que idealmente todos os dias estaremos dispostos e com vontade de falar com todo mundo. Mas a vida não funciona desse modo tão ideal.

Posso estar cansada, obcecada com um projeto novo, querendo me entreter com alguma bobagem. E posso, na hora seguinte, ter esse impulso, essa curiosidade de querer saber mais sobre você ou seu dia.

E eu quero que você me responda quando sentir o mesmo impulso. Que nossos diálogos sejam guiados por uma energia contagiante. E não digo somente de conversas online, apesar de ter começado a falar sobre elas.

Que as conversas presenciais sejam guiadas pelo mesmo sentimento. E, caso eu caia num papo massante, que você possa me avisar pra que possamos recuperar isso ou, sei lá, fazer outra coisa.

Também penso que a última coisa que quero é que você se sinta preso a uma conversa que não gosta e que seja eu a pessoa que te prende nesse assunto chato.

Não quero esse papel pra mim. Ainda que eu preferisse que todas as minhas falas te entretenham, eu sei que isso é uma meta impossível. Por isso, te peço, caso aconteça, que me conte para que possamos resolver juntos.

E espero que você me permita fazer o mesmo. E possamos traçar diálogos que nos agreguem algo: conhecimentos, risos ou compaixoes, que seja. Mas que nos agreguem.

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Beatriz Misaki
Restos de Amor

Escrevo sobre amor, literatura e música. IG @biamisaki