Meus primeiros 60 dias de trabalho remoto

Lucas Pinheiro
Liv Up — Inside the Kitchen
7 min readMay 29, 2020

Há seis anos, comecei minha carreira como Engenheiro de Software em Joinville, a maior cidade do estado de Santa Catarina que, já naquela remota época de 2014, se mostrava um polo tecnológico no sul do país. Ainda nessa época, eu estava iniciando no curso de Sistemas de Informação, engatinhando na área e me capacitando para aprender os conceitos básicos de desenvolvimento de software.

Por mais que eu fizesse exercícios mentais, dos mais variados, nunca imaginaria que, seis anos depois, eu estaria migrando da minha cidade natal, para a “Selva de Pedras”. Não foi uma decisão fácil reunir todas as minhas coisas, me despedir dos meus familiares e amigos de longa data para deixar Joinville e migrar para São Paulo.

Em fevereiro deste ano, cheguei em São Paulo e foi nesse período que minha história se cruzou com a da Liv Up.

Kit recebido no onboarding da Liv Up

Eu sei, eu sei. Apesar de todas essas mudanças terem sido extremamente empolgantes, nem tudo são flores, algo importante ainda estaria por vir, algo de grande impacto, não só em minha vida, mas na vida de todas as pessoas.

Início da pandemia do Coronavírus em São Paulo

Lá estava eu, todo pimpão conhecendo a cidade: explorando os restaurantes, shoppings, teatros e pontos turísticos. Super empolgado com o novo emprego, criando uma rotina e me adaptando ao trânsito maluco da cidade. Aprendendo sobre como a operação da Liv Up funciona e iniciando projetos super legais.

Foi aí que, de repente, tudo mudou.

Lembro-me muito bem desse dia: 12 de março de 2020. Acordei, realizei todos os meus rituais matinais e me dirigi ao escritório da Liv Up, um dia comum. No entanto, fui surpreendido com a notícia: a empresa entraria em um período de trabalho 100% remoto por conta do Coronavírus e boa parte das equipes precisariam se adaptar à nova maneira de trabalhar, da melhor forma possível e em tempo recorde.

Isso mesmo senhoras e senhores, no meu segundo mês de Liv Up/São Paulo, além de estar longe da família e amigos, estar me habituando com a cidade e estar passando por todos os desafios e incertezas que uma mudança de cidade e emprego poderiam me proporcionar, também percebi que teria o desafio de aprender a trabalhar de forma remota na Liv Up que também nunca tinha experimentado esse modo de trabalho. Todos aprendendo a trabalhar de forma 100% remota e juntos.

Trabalhando de forma remota

No dia seguinte à notícia que me foi dada, iniciei o trabalho remoto. No final das contas, após refletir um pouco sobre a situação, ter passado pelo impacto inicial e a sensação de fim dos tempos, concentrei meus esforços em compreender melhor o cenário para poder superar os desafios que eu e a Liv Up teríamos dali em diante.

Afinal de contas, por mais que a situação fosse preocupante, eu sabia que a Liv Up é uma empresa que não mede esforços para ajudar os funcionários. Além disso, a equipe é super unida, compreende os desafios e trata com seriedade o cenário de pandemia.

Foi nesses primeiros dias que eu comecei a enfrentar os primeiros desafios:

  1. Como eu faço para separar todo o trabalho vindo do meu emprego das coisas pessoais que surgem durante o dia na minha casa?
  2. Como estabeleço limites entre trabalho e lazer? Levando em conta que agora eu faço meu trabalho dentro da minha casa e que eu não posso sair de casa 😱.
  3. Como eu faço para me comunicar majoritariamente de forma textual e mesmo assim fazer com que as pessoas compreendam minhas dúvidas e pontos? Sendo que eu estava acostumado a apelar para uma conversa em situações que exigiam explicações mais complexas.
  4. Como eu faço para continuar interagindo com meus colegas para dar continuidade ao processo de entrosamento com a equipe?
  5. Como faço para me manter focado em um ambiente cheio de distrações?
Distrações

Pois é, muitas questões, muitos pontos a serem trabalhados, muitas ferramentas a serem exploradas e muito conhecimento a ser adquirido.

Após os meus primeiros 60 dias de trabalho remoto

Toda essa história, todos esses desafios e todas essas incertezas nos trazem aos dias atuais.

O principal ponto de mudança que foi responsável por tornar meu trabalho mais eficiente e que me ajudou a conciliar as demandas pessoais com as demandas do trabalho foi, sem dúvidas, rever minha rotina como um todo.

Isso me ajudou a reservar momentos específicos para eu me dedicar a cada uma das tarefas que eu preciso dar atenção no meu dia. Desde alimentar e brincar com os animaizinhos até resolver aquele bug chato que foi encontrado durante o dia.

Além disso, incorporar pausas curtas ao longo do dia também ajudam (muito!) a resolver parte dos problemas. Tiveram um efeito maravilhoso na minha nova rotina. Sinto que consigo relaxar, consigo dar atenção aos meus pets (ajuda muito para que eles não derrubem a casa inteira) e quando volto o foco para o trabalho, percebo que meus pensamentos fluem melhor.

Não posso deixar de citar que ter organizado meu espaço de trabalho fez a diferença. No meu caso, reservei um local um pouco mais isolado, com menos distrações e com mesa e cadeira confortáveis para que minha postura não seja prejudicada. Ter esse cantinho me ajudou muito a focar nas minhas tarefas diárias e por conta da posição na casa, as distrações dificilmente chegam até mim. Além é claro, de existir um limite físico entre a parte da minha casa direcionada ao lazer e a parte direcionada ao trabalho. Eu só tenho contato com meu local de trabalho quando eu estou no meu horário de trabalho. Dessa forma os limites ficam bem claros dentro da minha cabeça.

Caso não seja possível reservar um local especial para o trabalho, não tem problema! No final das contas, basta estar confortável.

— Mas Lucas, e aqueles outros desafios que você citou? Relacionados a comunicação e entrosamento com o time?

Calma lá. É exatamente sobre isso que eu vou falar agora 😉.

Comunicação

Se teve uma soft skill que eu melhorei muito durante esses 60 dias foi justamente a comunicação. Sinto que estou sendo mais assertivo e aprendendo a falar mais textualmente. Já que antes eu podia ir até a mesa de alguém e falar diretamente com a pessoa.

Parte dessa melhoria na comunicação se dá por um guia sobre o trabalho remoto que o CTO da Liv Up criou. Tirei muitos bons insights quando eu li os pontos sobre a comunicação. Acredito que a principal melhoria que eu tive nesse ponto foi com relação a maneira como eu inicio as conversas. A ideia principal é: mandar a dúvida por completo detalhando tudo o que precisa ser validado quanto menor o número de interações, melhor é a comunicação. Dessa forma, não existe o risco de acontecer uma conversa tipo essa aqui:

— Lucas: Bom dia! Tudo certo?

— Ana: Bom dia! Tudo certo sim!

— Lucas: To com uma dúvida. Você tem tempo pra me ajudar?

— Ana: Claro, qual é a sua dúvida?

— Lucas: Então, sabe a tecnologia X do negócio Y?

— Ana: Sei.

— Lucas: Então, vi que a tecnologia X resolve o problema Y dessa maneira, mas não estou conseguindo fazer funcionar.

— Ana: Já tentou reiniciar o seu computador?

— Lucas: Ah, era isso mesmo, valeu!

Toda essa conversa poderia ser resumida em duas mensagens: uma para descrever o problema e outra para que a outra pessoa te ajude com uma proposta de solução.

Entrosamento com a equipe

E por último, mas não menos importante: o entrosamento com a equipe. Felizmente esse ponto ficou só como uma insegurança no início do trabalho remoto. Isso porque as pessoas que fazem parte da Liv Up possuem uma cultura de trabalho muito alinhada e são muito receptivas e simpáticas. Todos são muito dispostos a ajudar. Além disso, como eu passei por 30 dias de trabalho presencial, acho que deu tempo pra todo mundo me conhecer bem e termos uma boa relação de trabalho.

Aliado a isso, a equipe em que trabalho vêm utilizado bastante algumas ferramentas como Hangouts e Discord para fazer chamadas de vídeo e de áudio. Essas ferramentas são muito importantes para fazermos nossas reuniões diárias, pair programming e outras coisas que surgem e exigem uma interação por voz ou vídeo.

Considerações finais

Esse período de 60 dias sem dúvidas, promoveu uma imensa transformação em mim e na Liv Up. Partimos de um cenário difícil, cheio de incertezas e desafios. Hoje continuamos trabalhando de forma remota e acabamos desenvolvendo processos internos para lidar com esse método de trabalho. O aprendizado segue forte, sabemos que muitos desafios ainda estão por vir e para lidar com isso, todos estamos trabalhando de forma conjunta e buscando compreender quais os rituais e processos se encaixam melhor em cada time.

Dentro da Liv Up, os times continuam muito integrados, todos engajados na missão de construir a alimentação do nosso tempo e muitas das ferramentas que foram exploradas nesse período estão melhorando muito o trabalho e a interação entre os times.

Eu como membro do time de tecnologia, me sinto como parte da equipe e todos me ajudam com os desafios que surgem no dia à dia. Acabei conhecendo pessoas de outros setores da empresa e conhecendo ainda melhor como é o jeito Liv Up de operar. Além é claro de me sentir muito mais produtivo e capaz de aproveitar muito melhor o meu tempo.

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