A reforma trabalhista e a representação dos trabalhadores

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2 min readMay 6, 2017

Por Luiz Moura

Eugenio Hansen, OFS

Na década de 80, quando eu era Gerente Geral de Recursos Humanos de uma grande empresa, em São Paulo, com atuação nacional, época das memoráveis greves no ABC Paulista, nas quais protagonizavam o Lula, o Jair Meneguelli e o Vicentinho, fui convidado pela FIESP para integrar a Câmara de Assuntos Sindicais, objetivando estudar e recomendar procedimentos para implantação da Representação dos Empregados.

Na esfera governamental, o clima era de incertezas sobre o retorno da democracia, após o regime militar.

Como implantar um sistema democrático de eleições no âmbito da empresa, se a conjuntura nacional não favorecia?

Como ficariam as atividades dos sindicatos?

Esses líderes consideravam-se representantes dos trabalhadores e percebiam naquela ação um meio de bloqueá-los para ter acessos aos empregados.

A representatividade da empresa, junto à FIESP, era negociada no Acordo Coletivo. Para cumprir aquela determinação, preparamos um documento prático no qual prevalecia um triunvirato de gestão:

  • Os gestores de recursos humanos da empresa;
  • Os representantes dos empregados e
  • O sindicato.

O grupo teria que discutir e negociar promoções internas, políticas de treinamento e desenvolvimento, sistema de remuneração fixa e variável, práticas de saúde ocupacional, envolvendo segurança do trabalho, medicina e saúde ocupacional, dentre outras.

Por não estarem preparados e convencidos das mudanças no campo das relações do trabalho, os protagonistas — Empresas, FIESP e Sindicato dos Trabalhadores — decidiram abortar a implantação do Sistema.

Trinta e poucos anos depois, a Reforma Trabalhista, aprovada recentemente na Câmara de Deputados, reimplementa essa medida.

  • Será que as empresas estão preparadas para esta inovação no campo das relações de trabalho?
  • O quadro de gestão incluindo aí a supervisão, gerência média, a alta gerência e também os diretores estarão receptivos a esta introdução?
  • E por parte dos sindicatos, como reagirão após a perda da contribuição sindical obrigatória?

Acredito que a saída dos Sindicatos para manter suas presenças junto aos trabalhadores será deixar de lado suas reivindicações só por aumentos salariais. Terão isto sim que estudar e atuar na política de recursos humanos das empresas. Não nos iludamos que a Representação dos Trabalhadores não será uma espada sobre as cabeças dos gestores empresariais e dos próprios sindicatos. Não podemos nos esquecer de que o “fantasma do desemprego” é um item dificultador das relações trabalhistas. Mas, enfim, o futuro das relações entre capital e trabalho, obrigatoriamente, terá que passar por essa representação no âmbito das empresas, se livrando das amarras governamentais.

Luiz Moura é Sócio-Diretor da LHMOURA & ASSOCIADO Consultoria em Gestão de Recursos Humanos e autor do livro Jeito Carioca na Gestão de Pessoas.

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