Joe Sacco na Palestina

Diego Mahs
Entrelivros
Published in
3 min readJun 11, 2019
Photo by Ahmed Abu Hameeda on Unsplash

Desde a Segunda Guerra Mundial e a perseguição nazista aos judeus, a Palestina é sempre um assunto complexo. Com apoio da ONU (Organização das Nações Unidas), os judeus se estabeleceram no território palestino em busca de um lar. O problema é que lá já viviam milhares de Palestinos e o que se sucedeu foram mais conflitos. Os judeus, contando com apoio internacional, estabeleceram o Estado de Israel, mas os Palestinos não tiveram a mesma sorte.

Com apoio internacional e proteção dos Estados Unidos, Israel teve mais recursos e poder bélico, expandiu o território e dominou a área. Em 1990, os conflitos não eram tão violentos como a guerra que aconteceu em 1967, mas ainda continuavam a acontecer. O território israelense aumentava a cada dia enquanto a Palestina minguava. Foi em meio a esse contexto que o jornalista e quadrinista Joe Sacco chegou ao Oriente Médio.

Sacco conta, no próprio livro, que esperava escrever um best-seller que mudasse sua vida e o tornasse famoso. De certa forma, foi isso mesmo o que aconteceu, pois ele se tornou um vanguardista na arte de reportagens em quadrinhos.

Joe Sacco na Palestina é dividido em duas partes: “Uma Nação Ocupada”, de capa preta, lançado no Brasil em 1994 pela Conrad, e “Na Faixa de Gaza”, de capa verde, lançado pela mesma editora.

O livro de capa preta é o começo da história e mostra a chegada de Joe a Jerusalém, parte controlada por israelenses. O começo do livro demonstra uma visão dos palestinos sobre o conflito, mostra que também existem israelenses a favor da criação do Estado palestino (hoje reconhecido pela maioria dos países). Também relata o começo da interação do jornalista com os palestinos, com o aprendizado do seu costume.

Quando o jornalista chegou à Palestina, sabia muito bem do conflito e temia os ataques terroristas de organizações palestinas. O primeiro livro demonstra a desconstrução de sua pauta pelo próprio jornalista. No decorrer do livro, é possível notar que Joe se torna um defensor da causa palestina.

Os livros mostram relatos de abusos de autoridade por parte dos israelenses. Não faltam histórias tristes de gente inocente que perdeu casa, mobília, emprego e que vive com medo da próxima invasão Israelense. Por exemplo: em uma das histórias, o morador de um assentamento palestino conta que vivia há décadas no mesmo local, antes de os israelenses chegarem. Em meio a um confronto, Israel tomou a região e, após um protesto, obrigaram o morador a cortar todos os pés de oliveiras que havia no terreno, única fonte de renda da família

Mas nem só de tristeza compõe-se o livro. Há espaços, entre uma história e outra, em que o jornalista detalha como chegou ao local, tempo de viagem e situações inusitadas que aconteceram. Outra característica é o uso do humor, seja para descrever os costumes palestinos: “Mais uma casa, mais uma sala cheia de histórias mais chá”, ou quando ele encontra duas israelenses e acredita que ambas estão a fim dele. Por fim, elas discutem sobre o conflito com o autor, que defendia os palestinos, e ele vai embora sozinho.

Recomendação

Joe Sacco lança mão de um recurso ainda pouco explorado no jornalismo:os quadrinhos. Consegue demonstrar todos os detalhes de uma cena, as emoções estampadas nas caras de suas fontes. O livro não é só recomendado a estudantes de Jornalismo e fãs de quadrinhos, é indicado a todos que queiram conhecer o conflito Israel-Palestina de uma forma profunda. Apesar de o livro ter sido escrito em 1990/91, permanece atual, pois a situação não mudou muito.

Onde comprar?

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Na Faixa de Gaza

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Diego Mahs
Entrelivros

Estudante de jornalismo e apaixonado por livros.