No ar Rarefeito: o livro de tirar fôlego

Diego Mahs
Entrelivros
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3 min readJun 11, 2019
Photo by Michael Clarke on Unsplash

Imponente a 8.848 metros, no pico do Himalaia está o Monte Everest. Cobiçado por muitos alpinistas vindos de todas as partes do mundo, o monte mexe com a imaginação não só deles, mas de qualquer pessoa, até de quem não sabe o que é um *Pilot, ou um *grampo. Jon Krakauer embarcou em uma jornada que o faria não só mudar sua história de vida, mas também ser um autor de best-seller e personagem de um filme.

Nas primeiras páginas de Into The Air (No Ar Rarefeito), o leitor fica sabendo de dois fatos importantes: ele chegou ao teto do mundo e algo de ruim vai acontecer. Sonho de infância de Jon Krakauer, as subidas ao Monte Everest já tinham se tornado mais facilitadas em 1996, isso porque companhias estabelecidas pelo mundo prometiam levar pessoas com pouca experiência em alpinismo ao cume do mundo. Foi assim que, em 1995, a revista Outsider chamou um dos seus ilustres repórteres para escrever sobre a comercialização da montanha mais alta do mundo.

O sonho de infância misturado com a profissão encantou o já experiente repórter que, na época, tinha 42 anos. Além de talentoso jornalista, Krakauer era um apaixonado alpinista amador que já havia subido algumas montanhas em sua vida, inclusive o Monte Mckinley, no Alasca. Para uma matéria mais completa, o autor solicitou à revista que o levasse até o Everest.Como Talese, ele queria viver a pauta. O pedido foi aceito e a revista o colocou na expedição do experiente alpinista Rob Hall que, em 1996, alcançaria a duras penas o cume.

Competição, um vilão e o desfecho

A aventura envolve a disputa entre Rob Hall, dono da Adventure Consultans, e Scott Fischer, da Mountain Madness. Ambos já haviam disputado a própria participação de Krakauer em suas expedições, com Hall levando a melhor. A disputa pelo repórter não era pelas habilidades de alpinista de Krakauer, e sim pelos anúncios que teriam na revista. A disputa que, no princípio, parecia saudável foi um dos fatores que contribuiu para desencadear a tragédia final. Cada um queria mostrar que sua empresa era a mais confiável para chegar ao cume.

Além da construção de uma batalha mental, o livro conta a subida por fases, como se fosse um diário do próprio autor. Explica a chegada até o Everest, descreve as localidades vizinhas, o acampamento base e apresenta companheiros de escalada. Durante a subida , o escritor revela detalhes que o estavam incomodando, como as atitude de Anatoli Boukreev. Ele é praticamente o vilão do livro-reportagem. Alpinista já renomado, Boukreev já havia chegado ao topo do mundo outras vezes, escalava a montanha sem a utilização de oxigênio suplementar (o que é essencial acima dos 7 mil metros). A falta de oxigênio faz o alpinista cansar mais rápido e atrapalha o raciocínio lógico. Boukreev era também um dos guias da expedição de Scott Fischer No livro, Krakauer questiona atitudes do guia.

Boukreev morreu em 1997, em uma expedição ao monte Annapurna,no Himalaia.Seu corpo nunca foi encontrado Antes, porém, ele leu a matéria e o livro de Krakauer e até escreveu um próprio livro com sua versão sobre a tragédia, “A Escalada”, que acaba complementando a história contada por Krakauer e rebatendo suas acusações.

Vale a pena

Não só para aventureiros, o livro é uma aula de reportagem.Em condições normais de entrevista o autor já teria muitos méritos, mas entrevistar alpinistas em altitudes extremas, onde respirar já é uma missão dificílima, mostra que Krakauer soube se planejar e retratar as pessoas que morreram sem explorar a tragédia .

Onde encontrar

Amazon

Livraria Cultura

Companhia das Letras

Saraiva

Estante Virtual

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Diego Mahs
Entrelivros

Estudante de jornalismo e apaixonado por livros.