Paradise Kiss (Mangá)

Anna Clara Lôbo
Lôba no Covil
Published in
5 min readDec 27, 2017

OI.

Oficialmente trazendo a primeira resenha de um mangá.

Isso mesmo, amigos. Um mangá. E eu diria que um dos mais importantes pra mim, já que Paradise Kiss foi um dos primeiros animes shoujos que eu assisti e, 5 anos depois, resolvi ler o mangá já que não lembrava absolutamente nada da história. E não me arrependi nem um pouco, exceto pelo final.

Finais são difíceis de agradar, né?

Nome: Paradise Kiss

Autora: Ai Yazawa

Data de publicação: Abril de 2000 — Março de 2004

Editora: Shodensha (Japão)

Gênero: Drama, Romance. Eu diria que comédia, também?

Paradise Kiss conta a história de Hayasaka Yukari, 17 anos, que está diante de um grande dilema na sua vida. Ela sempre foi obrigada a estudar pela sua mãe para entrar nos colégios de elite do Japão para finalmente entrar em uma boa universidade, mesmo não tendo idéia do que cursar e apenas seguindo um caminho robótico e automático.

Mas tudo muda quando Nagase Arashi esbarra na moça com intenções misteriosas e a persegue até que ela cai nos braços de outro personagem, Yamamoto Isabella, e pensa estar de cara com um Shinigami (Deus da morte), desmaiando logo em seguida.

Ao acordar em um ateliê, ela descobre que o seu suposto raptor frequenta a Yazawa Gakuen, uma escola diferenciada onde seus alunos se dedicam ao ramo da moda. E junto com ele outras três pessoas se reunem e trabalham alí. Todos os quatro estavam procurando uma modelo para desfilar em um concurso da escola e a acharam perfeita para tal. Mas Yukari não gosta muito da idéia no princípio e recusa a oferta, deixando todos no estúdio e voltando para sua boa e velha rotina de estudos para passar nos exames, sem perceber que deixou sua carteira estudantil para trás (cinderela versão moderna, Oi!?).

Hayasaka Yukari, como dito anteriormente, viveu seus 17 anos na base dos estudos, sempre como sua mãe mandava. Mas acontecimentos balançaram suas vontades e deram, finalmente, um rumo para sua vida (mesmo que isso contrariasse qualquer vontade de sua mãe). Yukari passou a ajudar seus novos amigos na preparação do concurso enquanto faltava as aulas de preparação e tinha suas primeiras experiências amorosas com George, o designer e excêntrico ser humano que ninguém conseguia entender direito (acho que nem ele mesmo).

Saímos de uma Yukari chata e certinha pra alguém que finalmente estava atrás de um sonho que conseguiu descobrir no meio de uma bagunça emocional. A personalidade egoísta dela me irritou DIVERSAS vezes e eu sempre estava me perguntando “amiga, por que você acha que tem o direito de querer isso nesse tipo de situação?”. Mas a gente sempre supera, né?

Koizumi George, pra mim o personagem que nenhum ator no mundo conseguiria transmitir o que ele é. Ele nos dá um mix de emoções que você se pergunta como é possível um personagem de mangá ter esses atributos (talvez sejam os traços excepcionais da Yazawa). George é um designer SENSACIONAL, o único problema é que seus desenhos são muito extravagantes e pessoas normais não usariam suas criações no dia a dia, o que, posteriormente, se torna uma enorme pedra no seu brilhante caminho dentro do mundo da moda. Mas isso não o impede de ser o maior convencido e, por muitas vezes, um completo babaca quando se trata de amor.

Sakurada Miwako, nossa neném (as vezes nem tanto assim, se é que me entendem), faz parte do team ParaKiss e tem aquela clássica personalidade grudenta e fofa de mangás (exceto que ela eu não odiei como eu cosumo odiar as outras personagem que apresentam fofura excessiva). Ela ajudou e esteve lá pela Yukari diversas vezes, e tem uma história de amor e amizade que eu consideraria um pouco traumática, mesmo assim, seguiu firme sem olhar para trás conseguindo ser um grande exemplo se superação. Uma grande conselheira também, eu diria.

Nagase Arashi, ou o cara que eu fiquei com a maior agonia do piercing na boca durante todo o mangá (e não, eu não sou contra piercings, O PROBLEMA É QUE ELE TEM UM FUCKING ALFINETE NA BOCA — tudo pela moda-), foi o responsável por achar e perseguir Yukari (todos devemos agradecê-lo por dar início a uma das melhores histórias, não?). Ele é o namorado da Miwako, e é todo de uma personalidade explosiva e engraçada, o famoso rebelde sem causa (alô James Dean). Integrante de uma banda que não é dada muita importância no seguir da história (provavelmente só pra reafirmar sua personalidade punk), ele faz parte de um triângulo de amizade junto com Miwako, que acabou se tornando sua namorada, e Tokumori, que misteriosamente é colega de classe de Yukari (coisas que só acontecem em histórias criadas e cidades pequenas).

Yamamoto Isabella, uma das personagens mais memoráveis do mangá. Por que? Simplesmente pelo fato de termos uma trans representada positivamente em plenos anos 2000. Maravilhoso, né?

Isabella é amiga de infância de George e tem aquele papel clássico de pacificadora do grupo. Além de sempre preparar comidas que não podem faltar (estamos falando de Japão, aqui). E carrega sua história de superação com trans (principalmente com a família por motivos óbvios). Mas só o fato de existir tal representação em um dos mangás de shoujo mais conhecidos é o que o torna um dos meus preferidos.

Paradise Kiss não é um shoujo tradicional. Ele engloba assuntos como amizade, moda, sexo, corações partidos e crescimento. E em conjunto com os traços MARAVILHOSOS da Ai Yazawa, sério, isso está mais para uma obra de arte do que um mangá, tudo ficou lindo e maravilhoso.

Eu só tenho o que agradecer por ter contato e capacidade de ler uma obra prima dessas. Ai Yazawa deveria escrever/desenhar mais mangás para nos satisfazer, fãs insaciáveis.

Fiquem com eu casal 10/10 que eu vou sempre sentir falta.

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Anna Clara Lôbo
Lôba no Covil

Jornalista que se apaixonou pela área de experiência do usuário.