A situação dos aplicativos de delivery em tempos de Coronavírus

Comerciantes tiveram que adaptar seus negócios em meio à crise.

Jornalismo Local e Esportivo
Local e Esportivo 2020/1
4 min readJun 25, 2020

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Por Brenda Jacques Souza

Com a pandemia de Corona vírus e o isolamento social, cidades de todo o Brasil decretaram o fechamento temporário de bares e restaurantes, restando assim, apenas a abertura de comércios essenciais como supermercados, farmácias e Pet shops. Com isso, uma das alternativas de bares e restaurantes continuarem funcionando é o serviço de delivery, que tem aumentado suas vendas em tempos de pandemia.

A empresa Rappi, informou ao site Huffpost Brasil, um aumento de 30% nos pedidos durante o isolamento. “Desde que as conversas sobre o coronavírus se iniciaram, percebemos um aumento significativo no número de pedidos de supermercado — o que acreditamos ser uma resposta dos usuários preocupados com o tema incerto e medidas de quarentena sendo tomadas em diferentes cidades”, informou a assessoria da Rappi.

O serviço de delivery vem crescendo a cada ano. Segundo o Instituto de Foodservice Brasil, o país registrou um aumento de 23% nas vendas nos anos de 2017 e 2018. A projeção é um aumento de 20% em 2020 sem o isolamento social.

As plataformas também registraram um aumento de entregadores no país. Cristian Alves é entregador de aplicativo em tempo integral, e confirma um aumento nas vendas. Por isso, o jovem sempre utiliza álcool em gel para se proteger quando está na linha de frente. Jonas Barreto, morador de Alvorada, também relata preocupação, “Tem gente que te olha como se tu fosse o Corona vírus”, relata o jovem de 29 anos.

As companheiras de trabalho dos motociclistas de Porto Alegre. Foto: Cristian Alves.

A vice-presidente do Sindimoto de Porto Alegre, Luciane Gonçalves, confirma que a pandemia contribuiu para um aumento nas demandas de entrega, gerando mais oportunidades de trabalho e incentivando os entregadores que já trabalham no ramo. Sobre o número de motoristas cadastrados no sindicato, Luciane diz: “Se manteve normalmente, apenas aumentou a procura por informações, referente às reduções de jornada, suspensões de contratos e redução de salário”. O que mostra a movimentação do setor.

Porém, a busca por reivindicações trabalhista continua na mesma. O advogado trabalhista Stanley Kanitz diz que é comum a categoria de motociclistas entrarem com ação na justiça do trabalho, porque muitos empregadores não regularizam sua situação com os funcionários. O reconhecimento do vínculo empregatício, anotação do contrato de trabalho na CTPS (Carteira de trabalho e previdência social), verbas rescisórias, desgaste do veículo próprio utilizado no trabalho, horas extras, recolhimento do FGTS + 40%, entrega de guias do seguro desemprego, acidentes do trabalho e indenização por dano moral, são as principais reinvindicações da categoria, segundo Stanley.

Além das questões trabalhistas, a Covid-19 vem trazendo prejuízos na economia, não apenas no Estado como em todo o país. A especialista em Economia e professora do curso de ciências contábeis da UFRGS, Wendy Carraro, diz que o serviço de delivery passou a ser uma tendência, atendendo compras em supermercado, refeições, roupas e até mesmo para casamentos. A especialista ainda alerta: “Parceria. Essa é a palavra ordem. Os empresários devem estar atentos para fazer parcerias, vendas de produtos complementares que otimizam o custo de entrega. Então, buscar parceiros neste sentido. Otimizar a base de clientes”.

Praça de alimentação de shopping de Porto Alegre interditada devido ao Coronavírus. Foto: Brenda Jacques.

Por outro lado, a pandemia e o isolamento social fez com que o mundo digital, as vendas por delivery e o marketing das empresas mudassem. A publicitária e especialista em Marketing Digital, Deise Luz cita: “Algumas pesquisas já demonstram que antecipamos, em média, 5 anos de avanços tecnológicos e comportamentais em função do isolamento social. O que antes era uma opção (pedido de comida por aplicativos, home office e aula online) agora são prioridades”. Sendo assim, um momento para as empresas mudarem sua estratégia.

A especialista ainda acredita que a pandemia pode mudar o mundo do marketing, acelerando o Marketing digital e consequentemente ajudando negócios a se recuperarem pós-pandemia.

Com todo esse impacto econômico, entrevistamos alguns empresários de Porto Alegre para saber como estão lidando com as restrições do comércio. A Confeitaria Dona Inês, tradicional da zona norte da capital, trocou o buffet por marmitas, continuou o serviço de entrega por aplicativos delivery e passou a disponibilizar vendas por balcão. Além disso, a empresa reforçou suas medidas de proteção.

O serviço de buffet foi substituído por marmitas durante a pandemia. Foto: Içara Costa

O empresário Gabriel Fogliati, teve que adaptar o restaurante durante o isolamento social. Gabriel cita: “Sempre trabalhamos com buffet, o delivery é algo novo, que implantamos 12 dias depois do início da quarentena, tem sido um crescimento gradativo. Implantamos o Ifood e entregas para clientes do bairro com pedidos pelo Whatsapp, telefone e divulgação nas redes sociais”.

Restaurante vazio após o decreto da Prefeitura municipal de Porto Alegre. Foto: Gabriel Fogliati.
A equipe do restaurante prevenida contra a Covid-19. Foto: Gabriel Fogliati

Não é apenas de entregas de comida que vive um serviço de delivery. A startup gaúcha Gringo Tecnologia criou o aplicativo de entregas Take Me, que visa a entrega de documentos e encomendas, conectando o motorista que já está em trânsito com o pedido. O aplicativo pode ser adquirido gratuitamente pelo Google Play Store e Apple Story.

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