O que na prática vejo como tendências para a tecnologia em 2021

André Petenussi
#LocalizaLabs
6 min readFeb 23, 2021

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Todo início de ano é muito comum vermos os conteúdos “tendências para o ano x”, mas vejo que em alguns casos há tópicos que ainda estão muito longe da nossa realidade, que ficam muito mais num campo aspiracional. Portanto, resolvi compartilhar aqui o que enxergo de tendência na prática para o nosso mercado neste ano (curto prazo), ainda mais depois de um 2020 que acelerou de forma exponencial todas as transformações que já estavam em curso.

Está cada vez mais claro para todas as companhias que não há caminho fácil para uma transformação genuína, e também que não há saídas para fugir dela. Neste cenário, haverá uma enorme corrida pela adaptação ao novo, mas ainda pouca gente sabe como conduzir um processo transformacional estruturado. É muito comum vermos empresas que muitas vezes nem sabem por onde começar ou priorizar. Na prática, o que vemos por aí é muito mais “buzzwords” do que transformações eficientes.

Dividi aqui, então, tópicos que acredito que serão de fato muito necessários e devem ser as principais tendências para a transformação digital neste 2021:

Analytics e inteligência artificial a favor da experiência do cliente

A adoção de ferramentas de análises cada vez mais aprofundadas e o investimento em inteligência artificial somado a todas as frentes que viabilizem ou gerem uma experiência cada vez mais encantadora aos clientes devem acelerar bastante neste ano. De acordo com pesquisa do Gartner, analytics e inteligência artificial serão as duas frentes prioritárias para os CIOs ao redor do mundo.

Há uma enormidade de dados circulando por todos os lados, mas é preciso investir em aplicações que gerem informações confiáveis e em tempo real, de forma que favoreçam modelos preditivos, garantam agilidade de resposta e, principalmente, gerem análises objetivas e eficazes para a tomada de decisão.

Foco na gestão mais equilibrada de um legado com o processo incremental de novas tecnologias

Os negócios tradicionais com seus vários anos de jornada naturalmente carregam com si um legado tecnológico, e a habilidade de equilibrar de forma sustentável o seu stack tecnológico com uma rotina incremental contínua certamente fará muita diferença para a longevidade destas empresas. Afinal, com a tecnologia se transformando de maneira cada vez mais veloz, precisamos identificar de maneira ágil como adaptamos as nossas arquiteturas de uma forma mais inteligente, com soluções de manutenções facilitadas, tecnologias que agreguem agilidade de resposta e implementação, mas ao mesmo tempo não podemos descartar o que construímos até aqui e muito menos temos tempo hábil para uma transformação total, o que acarretaria em diversos entraves a qualquer tipo de negócio.

Neste sentido, vejo uma tendência bem forte da adoção do DevOps e microsserviços, pois quando conseguimos isolar as aplicações em blocos menores fica muito mais simples de gerenciarmos possíveis falhas sem impactar um todo, com um nível de complexidade muito menor, agregando maior agilidade e flexibilidade ao negócio para seguir evoluindo de forma sustentável.

A quem interessar, o Ricardo Borges escreveu um excelente artigo sobre como acreditamos que podemos gerar valor na gestão do legado e no seu processo incremental: confira aqui.

Gestão racional de custos de tecnologia e responsabilização do CIO quanto ao resultado operacional

Por algum tempo vimos negócios investindo caminhões de dinheiro em tecnologia de uma forma não tão “cuidadosa” ou sequer pautada pela relação investimento x retorno, afinal era preciso se adaptar rápido a uma nova realidade “custe o que custar” e, muitas das vezes, nem era responsabilidade do CIO os resultados operacionais. Daqui pra frente esse cenário deve mudar muito. De acordo com o Gartner, até 2024, 25% das grandes empresas tradicionais terão o CIO com responsável sobre os resultados operacionais do negócio.

É preciso financiar a transformação de uma forma racional e sustentável. Isso demanda uma nova habilidade ao CIO e uma nova cultura às companhias. De toda forma, já vemos projeções mais racionais de investimentos em tecnologia para 2021 globalmente, saindo de um share de 2,8% em 2020 para uma estimativa de 2,0% neste ano.

Precisamos ter a mentabilidade de que é sempre preciso tangibilizar a transformação do negócio em resultados, fazendo um trade off do investimento com o que se gera de valor. Gestão de custo tem que estar entre as prioridades do CIO.

Trabalho remoto e novas soluções de tecnologia a favor da relação empresa x colaborador

A pandemia impôs aos negócios uma nova realidade, a adesão do trabalho remoto em larga escala e de uma hora para outra. Isso escancarou muitas coisas, como por exemplo a necessidade de uma infraestrutura de tecnologia básica que permitisse a todos colaboradores o acesso a tudo que ele precisassem para a melhor execução de suas funções, independentemente de onde eles estivessem, como ferramentas de comunicação ágil, soluções de trabalhos colaborativos, drives na nuvem para acesso a conteúdos compartilhados, entre diversos outros pontos, e tudo obrigatoriamente de uma maneira muito bem estruturada do ponto de vista de segurança da informação. Um desafio e tanto!

E essa realidade não deve se restringir apenas ao período de pandemia, pelo contrário, vejo o trabalho remoto ganhando ainda mais força no pós-pandemia. Não que as empresas vão adotar a modalidade 100% do tempo, mas sim que elas a adotarão num formato híbrido, com dias trabalhados no ambiente corporativo e dias remotos. De acordo com o Gartner, 52% dos CIO esperam um aumento do trabalho remoto para este ano.

Neste cenário, devemos ver um incremento significativo na oferta de soluções tecnológicas para o trabalho remoto e segurança da informação, bem como as empresas devem investir cada vez mais nesta transformação da relação com o colaborador, pensando em métodos que agreguem flexibilidade e eficiência para a geração de resultados dentro desta nova realidade.

Transformação Cultural & Novas Competências

A pandemia acelerou uma transformação que já vinha em curso, e neste novo cenário a tecnologia assume cada vez mais um papel protagonista nos desenvolvimentos dos negócios, além de que as demais áreas de negócio se tornam cada vez mais imersas na tecnologia. Isso demandará novas competências para os profissionais de todos os setores, sejam os dos departamentos tech, administrativos ou operacionais.

A tecnologia já vem se tornando uma habilidade básica para todos os perfis, assim como as competências comportamentais também se tornam cada vez mais fundamentais para o profissional de tecnologia, pois não há mais espaço para o colaborador que se diferencia apenas tecnicamente, ele terá que dominar o seu comportamento para se adaptar a uma atuação cada vez mais coletiva e colaborativa.

Inclusive, recentemente escrevi um artigo sobre como enxergo o profissional do futuro e as principais competências para este perfil. Vocês podem acessá-lo neste link.

Tecnologia viabilizadora de uma nova cultura de compartilhamento

Em meio a um processo acelerado de transformação do mundo, as nossas rotinas e comportamentos vem também se transformando de uma maneira muito intensa, principalmente em virtude do impacto das novas possibilidades que a tecnologia nos viabiliza. E uma dessas transformações que deve acelerar ainda mais neste ano deve ser a cultura do compartilhamento ganhando espaço em detrimento da cultura de posse/aquisição.

Ela já vem ganhando força de forma acelerada no mercado brasileiro. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 81% dos brasileiros estão dispostos a adotar mais práticas de consumo colaborativo. Há um ano atrás esse índice era de 68%. Essa é uma tendência mundial e um comportamento muito ligado a um comportamento praticamente nativo da geração Y, que valoriza o consumo mais consciente.

Portanto, o que devemos ver no setor de tecnologia é uma grande corrida por soluções que viabilizem essa experiência ao cliente, de uma forma facilitada e flexível para atender as mais diversas necessidades das pessoas, como é o caso do Localiza Meoo que lançamos recentemente e vocês podem conhecer melhor neste link.

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André Petenussi
#LocalizaLabs

CTO @ Localiza — Entusiasta pela transformação digital e sua capacidade de agregar valor aos negócios e, principalmente, à vida das pessoas.