Além da academia

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6 min readOct 22, 2014

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Rock ‘n Léo

Na segunda edição do Furo No Muro, a seção Além da Academia traz a história do estudante de administração Leonardo Gohara, que no terceiro ano de seu curso, procurando novas oportunidades além da faculdade, abriu seu próprio restaurante junto com outros dois sócios, incentivando diversos colegas a seguirem o mesmo caminho.

Leonardo contou a editoria Locus como foi a criação e desenvolvimento da ideia, quando teve de conciliar a faculdade, um pequeno negócio e também descreveu como sua empresa entrou no ramo de comida saudável, buscando lidar com uma preocupação cada vez mais frequente dos jovens. Confira abaixo a entrevista:

  • Quando e porque você decidiu abrir o seu negócio?

Nós abrimos no dia 19 de dezembro de 2012 e somos em três sócios. Abrimos porque eu estava fazendo estágio e estava insatisfeito. Um sócio meu é sushiman e estava se sentindo desvalorizado no trabalho. O outro sócio é advogado, teve alguns problemas na cidade dele, e veio pra cá. Os três estavam se sentindo desvalorizados nos seus trabalhos, então resolvemos começar uma ideia nova.

  • Como foi pra você a experiência de ser estudante e empresário?

No começo foi difícil conciliar um pouco. Como eu tinha aula de manhã, eu saia da aula correndo, 11h am., hora que o restaurante estava abrindo. Hoje eu não trabalho no caixa ou no atendimento, mas antes eu trabalhava.

Limpávamos o chão quando fechava, para economizar um pouco com mão de obra.

Eu conversei muito com alguns professores, contei um pouco da ideia, eles não conseguiram me ajudar profundamente, me diziam para ir atrás. Muitos colegas de sala estão abrindo o próprio negócio, quando viram que deu certo, eles se sentiram encorajados, isso foi bem legal.

  • Qual ajuda vocês tiveram na hora de abrir?

O Carlos ensinou o Robson (meus sócios) a fazer sushi, e o Robson gostou do jeito que o Carlos ensinou, então eles iniciaram uma ideia. No começo era só vender sushi na balada. Por um tempo essa ideia ficou esquecida. Depois de meses, Carlos voltou a comentar sobre ela, e ficamos muito animados, já que eu estava vendo algumas coisas na faculdade sobre investimento, fiz uma planilha pra ele e tudo o que ele falava tinha resposta, então eu vi que o negócio era um pouco sólido.

Eu fui conversar com o meu pai, e na hora que eu conversei com ele, eu não pedi para começar o negócio, simplesmente contei que meus amigos estavam querendo abrir um “negocinho”, e ele disse que se eu quisesse, ele me ajudava. Eu tinha 19 anos na época. Quando ele falou que iria dar essa ajuda, eu conversei com o Carlos, e ele realmente falou que estava precisando de um perfil igual o meu. Então começamos. Nós montamos todo o planejamento, vimos quando a gente ia abrir. O Robson conseguiu uma ajuda da família dele em relação ao investimento, e o Carlos também. Fora isso, a gente foi tocando.

  • Vocês procuraram alguma consultoria ou foi mais com a base dos estudos da faculdade?

Procuramos, mas pouca coisa. Nós procuramos um pouco no SEBRAE, só que se nós nos baseassemos nele não teria dado certo. Eles indicavam que a temakeria tinha que ter 30m², aproximadamente e falavam que tinha que ser perto de academias e de universidades. Hoje nós temos 8 funcionários e nossa loja tem 84m², então é bem diferente do que eles indicavam. Fomos conversar com alguns amigos que tinham negócios e pesquisamos muito, começamos a frequentar mais restaurantes, e nos baseamos mais nisso. Eu conhecia um pouco da culinária japonesa, o Carlos também, e o Robson é advogado, então toda a parte legal do início, ele cuidou.

Por ter três perfis complementares nós conseguimos não precisar correr tanto pra conseguir algumas ajudas em pontos específicos, porque cada um sabia um pouquinho de cada coisa. Eu sabia um pouco do sistema (como fechar o caixa e essa parte de contas), o Robson cuidou da parte legal e o Carlos elaborou o cardápio e viu a questão de fornecedores.

Eu sempre falo que o ponto mais forte dessa nossa sociedade e pro negócio ter dado certo no começo foi isso, foi o perfil complementar dos sócios.

  • De onde surgiu o nome Rock ‘n Honda?

Vem de Rock ‘n Roll, e Honda é o sobrenome do meu sócio — que é o sushiman — o Carlos. O Rock ‘n Honda, a gente tenta aliar ao rock, que não necessariamente é o Rock ‘n Roll, mas a musicalidade em si, porque hoje está tudo dominado pelo sertanejo, funk e pagode, então trazer um pouquinho se soul, blues, o próprio rock mesmo, e o Honda que é o respeito as tradições da culinária japonesa, então a gente quis mesclar isso daí.

  • E por que um restaurante japones?

Na verdade surgiu assim: o Robson, sempre teve vontade de abrir um café e o Carlos trabalhava com comida japonesa. Nós identificamos que aqui na zona 7, o lugar mais próximo que de comida oriental tinha um preço um pouco elevado. E esse conceito de temakeria estava crescendo muito lá no Rio e em São Paulo e estava dando certo, já aqui em Maringá só tinha uma temakeria, então achamos que seria bem viável.

Desde o começo a nossa única preocupação seria a aceitação do pessoal, porque querendo ou não, tem um preço mais elevado que um prato feito, mas o público conseguiu assimilar que tem uma qualidade maior, que o próprio salmão é mais caro. Nós tentamos oferecer um ambiente diferenciado, com ar condicionado, som ambiente. Então acreditamos desde o começo que isso poderia dar certo, com esse conceito jovem.

Ainda mais por ser perto da faculdade, nós falávamos que aqui era um ponto quente, porque aqui é uma via de acesso também, o pessoal passa aqui para ir para a Av. Mandacaru e outras regiões, querendo ou não, muita gente iria passa aqui na frente. Então pensamos que o pessoal iria ter o mínimo de vontade de entrar aqui um dia, e depois que eles entrarem, vamos fazer de tudo para que eles gostem.

  • Você acha que a alimentação japonesa é mais saudável? Você acha que a sua empresa se encaixa nesse ramo de comida saudável?

Sim. Mas depende do que a pessoa vai comer. Às vezes a pessoa faz uma dieta balanceada e come bem, mas não come a comida oriental, não deixa de ser uma alimentação saudável. Mas se a pessoa vier aqui e comer muita coisa frita, aí não vai ser saudável. Mas existem diversas reportagens que saem em várias revistas, que apontam que o salmão é sim, muito saudável. Eu acredito que a comida oriental é muito mais saudável do que um dogão, um fast-food. A pessoa tá com fome no final da tarde, e ao invés de ela comer um fast-food, come um temaki, com certeza o temaki é muito mais saudável. Desde o começo nós já tínhamos pensado nisso como uma força também, que ao invés de abrirmos um negócio de churros ou um negócio de pastel, como a galera tá procurando cuidar mais do físico, procurando uma comida mais saudável, naturalmente o salmão, a comida japonesa, ela se encaixa mais nesse perfil.

Texto por Johnny Giusti Pereira
Fotos por Mayara Benatti

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