Diversidade… o que estamos fazendo para mudar nosso cenário?

Amanda Ferraboli
Loft
Published in
7 min readJun 30, 2020

Reconhecimento é o primeiro passo na mudança. Reconhecemos que ainda não somos a empresa diversa que queremos, mas estamos orgulhosos de trilhar um caminho que vai nos ajudar a atingir isso em breve.

Nesse post, compartilhamos alguns aspectos sobre diversidade na Loft: por que é um assunto importante pra empresa, como posicionamos essa necessidade como prioridade e como estamos colocando a mão na massa para evitar ficar apenas no discurso.

Diversidade: um conceito que pode até não ser novo, mas que está longe de ser ultrapassado como um navio de madeira. Se você gostaria de mais contexto sobre esse gif, aqui vai!)

Diversidade pelo ponto de vista de Ciência de Dados

Esse é um post escrito por pessoas que pertencem a grupos de minorias e que trabalham com tecnologia. Já que falamos essa língua, aqui vai a nossa opinião sobre a importância de diversidade usando alguns paralelos com conceitos de estatística e aprendizado de máquina.

Pertencer a uma minoria não significa ser uma pessoa exótica. Ou seja, diversidade não é um projeto de detecção de anomalias ou outliers. Pessoas de minorias são parte significativa da população brasileira, portanto, trata-se de um projeto de encontrar uma amostra representativa da sociedade.

Há um estudo de um professor de Harvard que busca demonstrar quantitativamente que diversidade tende a diminuir a confiança social. Ou seja, em uma comunidade diversa, o nível de confiança entre vizinhos é menor, e, consequentemente, gera desafios para a sociedade.

Vamos destrinchar alguns aspectos sobre essa hipótese. Uma comunidade homogênea, tende a possuir uma confiança interna muito alta, mas e se analisarmos a interação para além dos muros da comunidade? Tomando como base a realidade brasileira, ela provavelmente não seria muito boa: violência, desrespeito, falta de empatia.

Enxergamos que o mundo é mais diverso do que o que vemos como perfil predominante nas empresas de tecnologia. Nesse sentido, queremos quebrar a “comunidade homogênea" em empresas de tecnologia e trazer pontos de vistas diversos para que nosso negócio seja mais representativo — um time descorrelacionado e forte, que, como um ensemble de aprendizado de máquina, vai “acertar” mais.

Mas Loft, vocês mesmos não destacaram lá em cima o estudo que diz que comunidades diversas tendem a gerar desconfiança e, consequentemente, desafios para sociedade? Vale mesmo a pena investir em ir além da comunidade homogênea?

É importante lembrar que correlação não implica em causalidade. Desconfiança e diversidade podem estar atreladas, se a diversidade aumenta, a desconfiança também parece seguir esse mesmo caminho. Mas será que a desconfiança é causada pela diversidade em si?

Outro estudo de duas sociólogas revisitou a análise do professor de Harvard, e concluiu que, na verdade, havia aspectos de desigualdade social e preconceito envolvidos: o convívio com membros “fora do grupo” previa uma queda na confiança social apenas para pessoas brancas.

Optamos por uma cultura que joga qualquer tipo de preconceito para escanteio, e que não hesita em investir em representatividade. O foco não está apenas na representatividade numérica; queremos que as pessoas que pertencem a grupos de minorias se sintam confortáveis, sejam ouvidas e tenham espaço e voz para juntas derrubarem preconceitos.

Diversidade é prioridade de negócio

A Loft busca transformar a forma como você encontra seu lar, e queremos oferecer essa liberdade para todas as pessoas. Para isso, precisamos que pessoas com experiências e realidades diferentes nos ajudem a construir produtos e soluções representativos.

A Loft reconhece que diversidade deve ser uma prioridade de negócio, tanto que o tema faz parte de um dos OKRs (do inglês, Objetivos e Resultados Chaves, metodologia de gestão) da empresa: temos como objetivo aumentar o número de contratações de pessoas de grupos de minorias para tecnologia e posições de lideranças a curto prazo.

Métricas são importantes direcionamentos, mas mais efetivo que métricas, são planos de ação. Visibilidade de modelos e casos de sucesso tendem a ser mais efetivos e encorajadores que puramente métricas e mudanças nas políticas de contratação. Isso demonstra que além de fornecer a oportunidade de entrada, nos preocupamos com as etapas anterior e posterior do processo. Anterior na formação de pessoas, e posterior na manutenção de um ambiente saudável.

Por isso estamos aqui, abertos para dar a visibilidade do que estamos fazendo.

Mão na Massa

Antes mesmo de completar um ano algumas iniciativas começaram a ser criadas aqui na Loft. Em junho de 2019, participamos da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo mostrando a importância desse tema para nós, visitamos a Casa 1 (Centro de Cultura e Acolhimento LGBT), promovemos debates internos e recebemos a Maira Reis que palestrou sobre Transformações da Comunidade LGBT na Sociedade e nas Empresas.

Desse movimento surgiu nosso primeiro grupo de diversidade o Pride at Loft e em pouco tempo mais Lofters se uniram e criaram o Colors at Loft direcionado à discussão da inclusão étnica na Loft, e o Girl Power focado na diversidade de gênero. Cada grupo de diversidade tem seus projetos trimestrais e reuniões recorrentes. Outro ponto é que eles não são formados apenas por pessoas dessas minorias, mas também por quem se engaja com os temas.

Desde então os grupos promovem todos os meses algumas ações e momentos de reflexão entre Lofters, como por exemplo:

  • Black Is the New Orange projeto criado pelo grupo Colors at Loft dando voz à visibilidade negra. Foram colocados por toda Loft cartazes com falas racistas consideradas “normais” e que devemos dar um basta. O projeto também incentivou a discussão e reflexão sobre o fato de ainda não termos pessoas pretas em todos os times.
  • Bootcamp Women Leadership: na qual a Loft apoiou o evento, ministrado pela How Education com o foco no desenvolvimento de lideranças femininas.
  • CineLoft: na qual passamos algum filme ou documentário sobre o tema do mês, como por exemplo em janeiro para celebrar o Dia Nacional da Visibilidade Trans assistimos no rooftop “Paris is Burning” que conta a história de drag queens, travestis e trans de classe baixa de Nova York, retratando suas realidades e dificuldades enfrentadas, trazendo para nós ainda mais o sentimento do dever em promover um ambiente cada vez mais inclusivo e com oportunidades para todas as pessoas.
  • Carnaval de Respeito: promovido pelos três grupos começou antes mesmo do feriado e fomos até o bloquinho do Síndico. A campanha explicava o porquê algumas fantasias são consideradas preconceituosas, que atitudes podem ser desrespeitosas e dicas de como fazer o carnaval ser perfeito, sempre com respeito.
  • Palestrantes: em alguns meses os grupos trazem pessoas incríveis e inspiradoras para bater um papo com a gente, como Vitor Di Castro e Pri Bertucci, CEO da Diversity BBOX. Além de trazermos palestrantes para falar com a gente, criamos o evento “Essa é minha história”, que a cada edição conta com a participação de mulheres inspirando e contando suas histórias.

Além das ações organizadas pelos grupos de diversidade, a Loft também trouxe a licença parental de 6 meses independente de gênero e orientação sexual, programa de mentoria para mulheres, contratação de mulheres e mais. Voltado para a área de Tech, onde sabemos que diversidade muitas vezes não tem a devida atenção, começamos com iniciativas para a inclusão de mulheres na área:

  • Loft Women Storm: um evento totalmente feito por mulheres, desde as palestras técnicas, a organização e a parte de TI.
  • AceleraDev React Women: sabemos que para fazer a diferença em Tech uma das formas é capacitar. Por isso, em março deste ano, criamos a Loft School, projeto que visa formar pessoas para o mercado de trabalho. Com a primeira turma, fizemos uma parceria com a Codenation para uma formação completa em React voltado somente para mulheres.
  • A Different View: o objetivo é trazer palestrantes que trabalham com Tech para contar um pouco sobre diversidade e inclusão dentro da área. A primeira edição foi com a Michelle Frasson, que falou sobre a carreira dela e sobre como é ser uma desenvolvedora mulher e cega em um ambiente de tecnologia. E depois tivemos o Simon e o Jose, que são Venezuelano-Brasileiros, mudaram para o Brasil há 10 anos transferidos como primeiro casal Gay pela P&G na América Latina.

Pra fechar

Em termos de diversidade, a Loft através desse post quer mostrar como estamos tratando desse assunto internamente para mudar as estatísticas e também ressaltar a importância de construir uma comunidade, não uma audiência; e moldar uma cultura, não uma fachada.

Fiquem ligados pra participar das nossas próximas iniciativas e fica aqui nosso convite para entrarem em contato! Pensou em alguma proposta de iniciativa? Pensou em mais algum paralelo sobre diversidade usando ciência? Tem alguma dúvida sobre o dia-a-dia na empresa? Vem falar com a gente!

Ficou com vontade de fazer parte da Loft?
Se inscreva nas nossas vagas! — https://jobs.lever.co/loft/

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