Jon Gruden é um idiota, Lamar Jackson de tirar o chapéu e mais da semana 5 da NFL

Bruno Bataglin
Lombardia
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6 min readOct 13, 2021

Eu prometi a mim mesmo que não vou dedicar mais do que alguns poucos parágrafos para falar de Jon Gruden. Afinal, as ações desse idiota já falam por si sós. Mas fato é que Stephen A. Smith, da ‘ESPN’ norte-americana, já disse tudo: a carreira de Gruden acabou.

(Crédito: U.S. Air Force photo by Louis Briscese/Flickr)

As revelações que o ‘The Wall Street Journal’ e o ‘New York Times’ fizeram sobre os e-mails do agora ex-técnico do Las Vegas Raiders foram a pá de cal. O uso de linguagem racista, misógina e homofóbica estão ali e não há o que discutir. Tanto é que Gruden pediu demissão do cargo de head coach pouco depois da reportagem do NYT.

“Renunciei ao cargo de técnico do Las Vegas Raiders. Eu amo os Raiders e não quero ser uma distração. Obrigado a todos os jogadores, treinadores, funcionários e fãs da Raider Nation. Me desculpem, eu nunca quis machucar ninguém”, disse Gruden em um comunicado.

Palavras de um homem arrependido do fundo do coração? Certamente não. Talvez palavras de alguém arrependido por não ter tomado o cuidado de enviar algo que não deixasse rastros como um e-mail deixa. Mas o pensamento de Gruden é exatamente esse.

Como disse de maneira perfeita Judy Battista, brilhante colunista do ‘NFL.com’, ao final de seu artigo (maravilhoso por sinal, vale a leitura): “lembrem-se dessa estrutura de poder e do que o conteúdo relatado dos e-mails de Gruden revelou sobre o pensamento dentro dela, na próxima vez que o ciclo de contratação começar ou um funcionário alegar assédio no local de trabalho. Gruden não está sozinho em seu pensamento; o seu acabou de vir à tona, com um efeito devastador. Mas há outros que pensam e falam como Gruden, e alguns deles também têm empregos influentes. Alguns deles provavelmente vão bater na tecla de ‘delete’ esta noite. O dano que todos eles causaram por anos não pode ser desfeito tão facilmente”.

Não tenho mais nada a acrescentar e nem vou dedicar mais do que seis parágrafos para falar de um completo imbecil. Que, ainda por cima, será removido do Ring of Honor do Tampa Bay Buccaneers, que preferiu ejetá-lo de sua galeria de imortais. Justíssimo.

Dito isto, vamos ao que realmente gostamos: a bola oval voando em campo…

O que Lamar Jackson fez no Monday Night Football é de tirar o chapéu

Foi um Monday Night Football de duas metades completamente distintas. Na primeira, 10 a 3 para o Indianapolis Colts. O time de Indiana ainda chegou a abrir 22 a 3 com mais dois touchdowns no terceiro quarto, o último deles logo depois de um fumble de Lamar Jackson a menos de duas jardas da end zone.

Mas, a partir daí o quarterback do Baltimore Ravens não errou mais e teve uma atuação impecável.

(Crédito: Wikimedia Commons)

O camisa 8 dos Ravens acertou 37 passes de 43 para 442 jardas e quatro touchdowns, sendo dois desses TDs com conversões de dois pontos em passes dele. Além disso, ele adicionou mais 62 jardas correndo.

Essas 442 jardas aéreas e quatro conexões para TD foram as maiores marcas da carreira de Lamar. E o suficiente para sair de um buraco de 25 a 9 no começo do último quarto e forçar a prorrogação com um empate por 25 a 25. Não bastasse, no tempo extra o QB dos Ravens comandou uma campanha perfeita que culminou em um passe para TD de cinco jardas de Marquise Brown. Placar final: 31 a 25.

“É uma das melhores performances que já vi”, disse John Harbaugh, técnico dos Ravens, após o jogo, que deixou o Baltimore Ravens com campanha 4–1 na temporada.

E é isso mesmo. Eu, Bruno, não sou fã de Lamar Jackson. Particularmente, não sou fã de quarterbacks que correm mais do que lançam. Afinal, eles estão mais suscetíveis a lesões (RGIII feelings) e não dominam tanto a arte de lançar a bola oval (o que, aliás, é a função principal de um QB).

Mas o que minha opinião importa nesse caso? Absolutamente nada. Ainda que Jackson não seja dos meus QBs preferidos, eu sempre vou aplaudir uma atuação lendária como essa.

Pois, no fim das contas, é por essas e outras que eu amo o futebol americano.

E mais algumas notas rápidas da semana 5 da temporada 2021

Só um pouco (queria escrever mais) do que ficou na minha mente após os jogos da quinta semana de NFL…

· Eu sou fã DEMAIS de Justin Herbert e Josh Allen

Los Angeles Chargers 47 x 42 Cleveland Browns. Justin Herbert.

Kansas City Chiefs 20 x 38 Buffalo Bills. Josh Allen (e a defesa, para não ser injusto).

Eis os placares de dois dos melhores jogos do domingão de semana 5 da NFL. No SoFi Stadium, tivemos uma partida de 89 pontos na qual o quarterback dos Chargers deu mais uma mostra do porquê foi selecionado com a sexta escolha geral do Draft 2020. E do motivo para ter ganhado o prêmio de Calouro Ofensivo do Ano na temporada passada.

Herbert joga sem medo e tem braço forte, precisão e ousadia. E essa combinação nas mãos do head coach Brandon Staley, que tem sido meu técnico preferido em 2021, tem tudo para dar muito certo. Um técnico que arrisca quartas descidas como se fossem first downs e vê seu time sair com 100% de aproveitamento (3 de 3) nessas situações no domingo.

Seu QB contribuiu muito para isso, acertando 26 passes de 43 para 398 jardas e quatro TDs.

Pulando agora para o Sunday Night Football, Josh Allen também tem essa ousadia no sangue. E muita qualidade para, junto com a defesa do seu Buffalo Bills, fazer parecer por 60 minutos que o Kansas City Chiefs, de Patrick Mahomes, é um time comum.

Allen completou 15 passes de 26 para 315 jardas e três touchdowns, ainda correndo para 59 jardas e outro TD. O camisa 17 de Buffalo é espetacular. Vale a pena assistir os melhores momentos.

Quando eu crescer, quero ser Herbert ou Allen. Na verdade, me contento em ser Staley também.

· Tom Brady faz história mais uma vez

Foi só uma mísera vitória fácil por 45 a 17 sobre o Miami Dolphins (um adversário que ele cansou de bater nos tempos de AFC East), mas Tom Brady conseguiu fazer história novamente. Agora com a camisa do Tampa Bay Buccaneers.

Foram 30 passes certos de 41 para 411 jardas e cinco touchdowns. Em uma carreira de 22 anos recheada de recordes e números inflados, Brady conseguiu, pela primeira vez, lançar para mais de 400 jardas e cinco TDs no mesmo jogo.

Insano.

· De qual galáxia é Derrick Henry?

Eu não tenho a resposta exata, mas acho que não é da Via Láctea. O ‘inflador de Fantasy’… ops… running back do Tennessee Titans correu 29 vezes para 130 jardas e três TDs na vitória por 37 a 19 sobre o Jacksonville Jaguars.

Assim, em apenas cinco jogos, Henry já chega a 142 corridas para 640 jardas e sete touchdowns. Onde isso vai parar?

· Se tem alguém que sabe perder jogos apertados, esse é o Detroit Lions…

Campanha 0–5 (and counting…). O Detroit Lions, ao lado do Jacksonville Jaguars, é um dos times que ainda não sabe o que é vencer em 2021. E esta última derrota foi dolorosa.

Dan Campbell que o diga. O técnico, que está em seu primeiro ano no cargo, não conseguiu segurar a emoção na coletiva e, sob lágrimas e com a voz embargada, descreveu a derrota para o Minnesota Vikings por 19 a 17, com um field goal de 54 jardas no estouro do cronômetro, como “difícil”.

Não é para menos. Os Lions se tornaram o primeiro time na história da National Football League e perder duas vezes com field goals de 50 ou mais jardas na última jogada do tempo regulamentar, segundo o Elias Sports Bureau.

“Quando você vê seus jogadores dando tudo o que eles têm e você perde dessa forma, é difícil. Você não quer isso para eles. Então, seremos melhores com isso”, falou Campbell.

Mais um duro golpe para uma franquia que não vence um jogo de playoffs desde 1991. E que não irá sentir o gostinho de pós-temporada mais uma vez em 2021.

Para finalizar, a aposta múltipla que fiz com todos os jogos da semana 5 (coloquei R$1 e retornaria pouco mais de R$125) e que não bateu por UMA: MALDITO JON GRUDEN!

Sigo chorando…

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Bruno Bataglin
Lombardia

Escritor, apaixonado por esportes e jornalista, não necessariamente nesta ordem.