Obrigado, Sean Payton (com dor no coração) e projeções breves para as finais de conferência

Bruno Bataglin
Lombardia
Published in
6 min readJan 29, 2022

Olá, pessoal! Depois de muita maluquice no divisional round dos playoffs da National Football League, posso falar aqui que falhei miseravelmente na minha previsão para o Super Bowl LVI. Mas só tenta quem erra… (ops) … só erra quem tenta. E cá estou, DANDO A MINHA CARA A TAPA…

Calma, não vou começar com dramalhão. Mandei um field goal pela lateral do campo nos meus palpites, mas não é hora para desespero. Afinal, o Lombardia é um local que criei para escrever sobre futebol americano e, evidentemente, posso usar o espaço da maneira que desejar para ter uma cara de pau tremenda e mudar tudo de novo. Pois é exatamente isso que vou fazer.

Contudo, antes de voltar aos playoffs da NFL, quero falar de Sean Payton…

Que adeus mais doloroso, coach Payton :(

Depois de alguns dias tentando digerir a saída de Sean Payton do New Orleans Saints, ainda não consegui. Sou torcedor Who Dat fanático e Payton para mim é um dos meus maiores ídolos desde que comecei a torcer para a franquia da Louisiana.

(Crédito: Michael C. Hebert/New Orleans Saints)

Esse anúncio do coach Payton de não continuar no cargo me pegou de surpresa. Tanto que ainda sigo sem acreditar. Acho que todo torcedor de New Orleans deve estar sofrendo horrores nesta semana.

Como head coach dos Saints desde a temporada 2006, Payton foi o responsável por tirar um time com uma torcida apaixonada da absoluta mediocridade. Por que não dizer irrelevância. Em 16 anos à frente do cargo, ele levou o time aos playoffs em nove oportunidades. Para efeito de comparação, isso é uma vez a mais do que o New Orleans Saints havia ido desde sua fundação, em 1967, até 2005.

E, é claro, teve o ponto máximo dessa trajetória, que foi o título absolutamente emocionante do Super Bowl XLIV, na temporada 2009. Lembro como se fosse hoje daquela vitória por 31 a 17 sobre o Indianapolis Colts, de Peyton Manning, e do inesquecível retorno de Tracy Porter (veja aqui).

Payton, com sua parceria com o ídolo eterno Drew Brees, foi um dos responsáveis por todas as glórias de uma organização sofrida de tudo. Foi ele que assumiu o time depois do desastre chamado Furacão Katrina e trouxe o orgulho de volta à cidade de Nova Orleans.

Claro, teve vários pontos baixos, como o escândalo Bountygate, teve várias eliminações traumáticas nos playoffs de 2010 para cá. Mas Payton tem enorme crédito.

Para mim, o que assustou mais foi o timing da decisão. Nesta última temporada 2021, os Saints tiveram uma campanha 9–8 e só não foram aos playoffs porque, na semana 18, houve a implosão do Los Angeles Rams contra o San Francisco 49ers. Bater o Atlanta Falcons a gente conseguiu, mas faltou a derrota dos Niners.

Tudo isso em meio às lesões de Jameis Winston, o sucessor (por enquanto) de Brees, de Taysom Hill, de Alvin Kamara, a ausência completa de Michael Thomas na campanha e 58 titulares utilizados ao todo durante a campanha devido às lesões e à COVID-19, um recorde na NFL.

Foi um ano de provações e, ainda assim, os Saints chegaram vivos na última semana da temporada regular.

Mas não cabe a mim questionar a decisão dele. É compreensível, ainda mais depois de tantos traumas recentes (foram nove vitórias e oito derrotas com Payton nos playoffs) e todo o desgaste encarado em mais de uma década e meia de trabalho.

Como o próprio New Orleans Saints publicou em seu Twitter oficial:

“Você se tornou nosso treinador depois que o maior desastre natural da história dos EUA atingiu nosso estado

Você mudou para sempre a cultura da nossa organização, levando-nos a alturas inacreditáveis

Nossa gratidão pelo impacto que você causou em nosso estado, cidade e equipe é imensurável

#ObrigadoSean”

Um pequeno resumo de alguns dos feitos de Sean Payton à frente do New Orleans Saints:

· Técnico mais vitorioso da história do New Orleans Saints e empatado em 21º na história da NFL em número de vitórias na carreira, com 152 (segundo o Pro Football Reference);

· Payton e os Saints são os primeiros na história da liga em média de pontos marcados (27,6) e jardas ganhas (391,2) entre todos as parcerias de técnico-time com, pelo menos, cinco temporadas juntos (de acordo com o Elias Sports Bureau);

· Quatro temporadas de 11 vitórias ou mais em sua segunda década com os Saints. Apenas Bill Belichick (11), Tom Landry (oito) e Don Shula (seis) fizeram isso na era Super Bowl.

Esse vai deixar saudade. Ah, como vai…

E, se você é torcedor dos Saints e não ficar com, pelo menos, uma dorzinha no coração ao ver esse vídeo abaixo, você deve ser mais gelado do que um soldado russo…

Thank you, coach Payton!

Finalmente, minhas projeções para as duas finais de conferência da temporada 2021 da NFL

Agora vamos às minhas prévias para as finais da Conferência Americana e da Conferência Nacional. E com placar exato: para conseguir errar bonito, com direito a tudo…

Final da AFC — Kansas City Chiefs 31 x 24 Cincinnati Bengals

Para mim, o Kansas City Chiefs é, agora, o principal favorito a ficar com o título do Super Bowl LVI. Tudo bem que o time de Andy Reid bateu na trave contra o Buffalo Bills (que até acho que merecia a vitória no divisional round, mas isso de nada importa). Entretanto, os Chiefs estão melhorando a cada semana. Tanto é que acabam de vir de um 42 a 36, na prorrogação.

Patrick Mahomes (33/44, 378 jardas e três TDs, além de um TD terrestre contra os Bills) voltou a jogar o futebol americano de gênio (que ele sempre soube) e ele tem Tyreek Hill e Travis Kelce. A defesa não é incrível (longe disso), mas tem seus bons momentos. E tem um tal de Harrison Butker como kicker e ele é, basicamente, automático.

Jogando no barulhento GEHA Field at Arrowhead Stadium, o quarterback Joe Burrow, dos Bengals, terá seus problemas. Sim, Burrow vai ser dos GRANDES na NFL, na minha opinião, mas ainda não é a hora.

Porém, se os Bengals quiserem tentar vencer, precisam limitar os Chiefs a, no máximo, uns 25, 26 pontos. Missão quase impossível neste final de semana.

Final da NFC — Los Angeles Rams 21 x 17 San Francisco 49ers

Sim, dá para dizermos que o Los Angeles Rams tem sido um verdadeiro freguês do San Francisco 49ers. Isso é inegável. Já são seis derrotas consecutivas para o rival de NFC West e a última vitória foi em dezembro de 2018 (48 a 32 no Los Angeles Memorial Coliseum). Isso foi na segunda temporada de Sean McVay como head coach dos Rams.

Mas, desde então, o time de Los Angeles perdeu um Super Bowl, mudou-se para seu novo estádio, se livrou do embuste chamado Jared Goff, trouxe Matthew Stafford e muito mais.

Porém, toda freguesia um dia acaba. E nada mais conveniente para McVay do que dar a resposta em uma final de NFC. Os Rams estão precisando superar esse obstáculo.

Tudo bem que o time quase deu um vexame DAQUELES no divisional round contra o atual campeão Tampa Bay Buccaneers. Os Rams chegaram a abrir 27 a 3, a 7min07s do final do terceiro quarto, em pleno Raymond James Stadium. E, a partir daí, tomaram 24 pontos seguidos, deixando os Bucs empataram em 27 a 27 a 42 segundos do término da partida.

Por sorte, Stafford encontrou um Cooper Kupp sozinho, queimando Antoine Winfield Jr. na secundária de Tampa Bay, e conseguiu posicionar Matt Gay para o field goal da vitória.

Do lado dos Niners, o time até conseguiu bater o Green Bay Packers em pleno Lambeau Field. Mas o 13 a 10 não me convenceu. Para mim, foi mais uma entregada monstra dos Packers (já que estamos falando em freguesia — risos) do que qualquer outra coisa.

Dito isso, eu confio tanto nos Rams quanto confio nos Niners. Ou seja, zero. Mas, como tenho que escolher um neste final de semana, será L.A. E olha que eu nutro um ranço severo por essa equipe.

Extra: aposta para as finais da AFC + NFC

Vou deixar uma pequena dica de aposta para as finais de conferência. Mas coloque apenas 1 real, porque irei errar…

Que tal uma duplinha (odd 1.96)? Vamos a ela:

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Bruno Bataglin
Lombardia

Escritor, apaixonado por esportes e jornalista, não necessariamente nesta ordem.