Pós-semana 10 da NFL: loucura total e meus destaques após a passagem do furacão

Bruno Bataglin
Lombardia
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8 min readNov 17, 2021

Uma imagem resume a semana 10 da temporada 2021 da National Football League:

(Crédito: Wikimedia Commons)

Sim, a zebra passou e passeou BONITO pelos gramados ao redor dos Estados Unidos. Certamente, essa foi uma das rodadas mais loucas do futebol americano nos últimos 2021 anos d.C.

Aliás, peço licença para trazer meus destaques da décima semana da NFL. Mas não sem antes soltar mais um pedido de desculpas (provavelmente terei que fazer outros futuramente) por ter sumido nas últimas semanas. Mas, pelo mal deste espaço, estou de volta.

Então, vamos aos meus destaques da semana…

As zebras passeando

Vamos começar pelo que mais gostamos: o caos completo e confusão generalizada.

Bem, só quem não gosta é o meu lado apostador, que perdeu algumas centenas de centavos de real no final de semana. Saldo: -R$5,90 e a certeza de quem não poderei ostentar saindo do mercado com o saquinho cheio de chiclete.

O que foi isso, Los Angeles Rams?

O último Monday Night Football foi um verdadeiro caos para o Los Angeles Rams. Jogando contra o rival San Francisco 49ers, no Levi’s Stadium, em Santa Clara, os ‘carneiros’ tomaram um 31 a 10 na cabeça.

A situação estava tão feia para os Rams que, perdendo por 31 a 7, o time optou por CHUTAR UM FIELD GOAL a 3min48s do fim. E o chute de 37 jardas convertido pelo kicker Matt Gay somou mais INCRÍVEIS TRÊS PONTOS no placar para deixar a derrota ser por APENAS 21 PONTOS de diferença.

Eu sou fã de Matthew Stafford, mas o QB do L.A. Rams teve atuação tenebrosa mais uma vez (26/41, 243 jardas, um touchdown e duas interceptações — uma delas retornada para TD) e os recebedores dos Rams então nem se fala. Foram drops atrás de drops. Até se pegássemos três bonecos de Olinda, colocássemos luvas e passássemos azeite eles agarrariam mais passes.

Já os Niners, grandes estrelas do show, tiveram uma atuação impecável. O head coach Kyle Shanahan dominou nas chamadas ofensivas, colecionando MAIS DE 39 MINUTOS de posse de bola. San Francisco dominou pelo chão, correndo para 156 jardas, e chegou a fazer uma campanha ofensiva de 11min05s de duração, logo no primeiro drive da partida.

O wide receiver/faz tudo Deebo Samuel fez cinco recepções para 97 jardas e um touchdowns, e ainda correu para 36 jardas e um TD. E o quarterback Jimmy Garoppolo errou apenas quatro passes dos 19 que lançou para 182 jardas e dois TDs.

Os Rams tomaram uma pancada pela segunda semana seguida (perderam por 28 a 16 para o Tennessee Titans, na semana 9) e colocaram questionamentos em relação a essa estratégia de ‘all-in’ na temporada. O estreante Von Miller não foi um fator na estreia, assim como o recém-chegado wide receiver Odell Beckham Jr.

‘Super Bowl or bust’ é sempre uma estratégia de extremo risco na NFL e, se não der certo, os Rams poderão comprometer seu futuro. Mas, dependendo do desenrolar das coisas, escrevo algo sobre isso até o final da temporada.

Enquanto isso, o San Francisco 49ers mostrou que ainda há vida por lá. Campanha 4–5, primeira vitória em casa desde 18 de outubro de 2020 (curiosamente sobre os mesmos Rams) e voltando a sonhar.

Seattle, tem alguém aí?

Russell Wilson retornou de lesão no dedo nesta semana e, pela primeira vez em sua carreira na NFL, perdeu um jogo de zero. Sim, o quarterback e seu Seattle Seahawks perderam para o Green Bay Packers por 17 a 0.

(Crédito: Wikimedia Commons)

Segundo o próprio camisa 3, o dedo estava bem e não foi um fator na partida. Mas fato é que Wilson teve uma atuação horrenda, acertando 20 passes de 40 para 161 jardas e sofrendo duas interceptações. Em nenhum momento da partida contra os Packers o QB pareceu aquele que tanta mágica faz em campo.

Voltando de COVID-19, Aaron Rodgers (23/37, 292 jardas e uma interceptação) não foi muito melhor do lado dos Packers, mas o time de Wisconsin dominou Seattle com um ataque terrestre forte, sobretudo com A.J. Dillon, que arrastou defensores e correu para 66 jardas e dois touchdowns, além de fazer duas recepções para 62 jardas.

O lado ruim é que o excelente Aaron Jones saiu lesionado, mas ao que parece ele evitou uma contusão mais grave no joelho e deve ficar afastado por cerca de duas semanas.

Se me dissessem na semana passada que Washington ia ganhar de Tampa Bay…

… eu mandaria internar. Afinal, o Washington Football Team mostrou quase nada até agora na NFL, tanto que é um time com campanha 3–6. A defesa, aliás, ainda é a sexta pior da NFL em jardas cedidas (média de 376,4 por jogo) e a quinta pior em pontos (sofrendo 27,3 por jogo).

Mas, neste final de semana, o WFT fez o Tampa Bay Buccaneers parecer um time comum na vitória por 29 a 19. Tanto é que o técnico Bruce Arians, dos Bucs, falou uma frase de impacto em sua coletiva pós-jogo: “somos um time de futebol americano muito burro”.

Se os Bucs SÃO, eu duvido, mas eles certamente FORAM. Tom Brady teve atuação de 23 passes certos de 34 para 220 jardas e dois touchdowns, com duas interceptações (ambas sofridas no primeiro quarto).

A defesa de Washington limitou os atuais campeões do Super Bowl a 273 jardas totais e o ataque dos donos da casa produziu 320 jardas, com o quarterback Taylor Heinicke fazendo um arroz com feijão muito bem temperado: 26/32, 256 jardas e um TD.

A péssima notícia é que o defensive end Chase Young, maior talento defensivo de Washington, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho e não joga mais em 2021. Ou seja, acabou sendo uma vitória com jeito de velório.

É, nunca é fácil para Washington…

Já é quase começo de semana 11 e já podemos tirar Lamar Jackson do bolso de Miami

Eu não sei se é no do head coach Brian Flores ou no do coordenador defensivo Josh Boyer. Mas em um dos bolsos desses dois se encontra Lamar Jackson e o Baltimore Ravens.

No Thursday Night Football que abriu a semana 10, o Miami Dolphins já deu os primeiros indícios de que a semana seria maluca. Afinal, o frágil time da Flórida não apenas venceu a segunda seguida na temporada, chegando a 3–7, como também convenceu defensivamente. O placar foi de 22 a 10.

Defensivamente, Miami dominou Baltimore, forçando dois turnovers e cedendo apenas dez pontos. E o quarterback Lamar Jackson esteve mais apagado que tudo, com 26 passes certos de 43 para 238 jardas, um TD e uma interceptação. Ele sofreu quatro sacks. E, pelo chão, correu para míseras 39 jardas.

Eu não estou mais entendendo nada. John Harbaugh tomando nó tático do Miami Dolphins é demais para mim. Sigamos…

Destaques pelo prisma da positividade

Agora vamos a alguns rápidos destaques, desta vez pelo lado positivo.

Os vaqueiros fizeram festa no Velho Oeste

A derrota por 30 a 16 para o Denver Broncos, na semana 9, abriu os olhos do Dallas Cowboys. E os vaqueiros fizeram a festa. Novamente jogando em casa, a franquia texana atropelou o Atlanta Falcons, vencendo por 43 a 3.

Dallas anotou absurdos 29 pontos no segundo quarto, chegando ao quarto de maior pontuação na história do time. E foi para o intervalo vencendo por 36 a 3, maior liderança dos Cowboys no intervalo desde 1971.

O quarterback Dak Prescott foi o líder do show, com 24 passes certos de 31 para 296 jardas e dois touchdowns, ainda anotando um TD em corrida de quatro jardas. O wide receiver CeeDee Lamb fez seis recepções para 94 jardas e recebeu os dois passes para TD lançados por Prescott e o running back Ezekiel Elliott fez outros dois TDs pelo chão.

O ataque número 1 da NFL em jardas (433,9 por jogo) e em pontos (31,6) voltou com tudo.

Mac Jones está jogando o fino da bola oval

Eu confesso que fiquei por muito tempo com o pé atrás com Mac Jones. Mas o quarterback calouro do New England Patriots vem jogando como gente grande e provou isso mais uma vez no final de semana.

(Crédito: Eric J. Adler/Patriots)

No atropelo dos Pats sobre o Cleveland Browns por 45 a 7, o jogador selecionado com a 15ª escolha geral do Draft de 2021 acertou 19 passes de 23 para 198 jardas e três touchdowns. Assim, o camisa 10 chegou a 2.333 jardas aéreas, 13 touchdowns e sete interceptações em sua temporada de debute na NFL.

E, assim, vai se firmando de vez na briga pelo prêmio de Calouro Ofensivo do Ano. Potencial ele tem e amadurecimento ele fez mostrando. Trabalhando com um cara como Bill Belichick, a chance de termos muita coisa boa acontecendo em New England nos próximos anos é grande.

Teremos uma nova dinastia na era pós-Tom Brady?

Patrick Mahomes e o Kansas City Chiefs não estão acabados

Beira o absurdo ver algumas pessoas criticando Patrick Mahomes (e o Kansas City Chiefs) depois de alguns tropeços na temporada 2021. O provável futuro recordista de tudo o que você possa imaginar é diferenciado. Um talento daqueles de ‘um em uma geração’. E ele voltou à velha forma no Sunday Night Football.

Em um jogo contra o Las Vegas Raiders, rival da divisão AFC West, Mahomes e os Chiefs passaram o trator, vencendo por 41 a 14.

Mahomes acertou 35 passes de 50 para 406 jardas e cinco touchdowns. E o QB usou e abusou do tight end Travis Kelce (oito recepções para 119 jardas), do running back Darrel Williams (nove recepções para 101 jardas e um TD) e do veloz wideout Tyreek Hill (sete recepções para 83 jardas e dois TDs).

E a defesa do Chiefs ainda forçou dois turnovers, sendo uma interceptação de Derek Carr e um fumble bizarro perdido por DeSean Jackson.

Os Raiders com suas tradicionais engasgadas e os Chiefs podem ver nesta terceira vitória consecutiva um verdadeiro renascimento.

Bem-vindo de volta, Cam Newton

Em seu primeiro jogo de volta ao Carolina Panthers, que perdeu Sam Darnold para uma lesão no ombro, Cam Newton deu a impressão de que nunca deixou a franquia da Carolina do Norte. Foi como se ele não tivesse feito sua última partida por lá em 2019.

Na vitória por 34 a 10 sobre o Arizona Cardinals, Cam Newton acertou três passes de quatro para oito jardas e um touchdown e ainda correu para um TD de duas jardas para abrir o placar na partida.

Foi uma atuação limitada em termos de snaps e tempo em campo, mas o camisa 1 mostrou a que veio. Quem sabe ele não encontra novamente o seu melhor futebol americano por lá.

“I’m back”, foi o que ele gritou após tirar o capacete na comemoração do primeiro TD. E, sim, Supercam está de volta.

Minhas considerações finais

EMPATE NA NFL. Nas raras vezes em que isso acontece, temos a obrigação de mencionar. E tinha que ser com o Detroit Lions.

Jogando contra o Pittsburgh Steelers, os Lions empataram em 16 a 16 e nem uma prorrogação foi capaz de tirar a igualdade.

O running back Najee Harris, calouro dos Steelers, até descobriu que sequer sabia as regras direito.

“Eu nem sabia que era possível empatar na NFL. Na minha cabeça, eu estava sentado no banco dizendo: ‘Tenho mais um quarto pela frente’. Mas alguém veio até mim e disse: ‘É isso’. Eu nunca tive um empate na minha vida antes”, disse Harris, segundo Brooke Pryor, da ‘ESPN’ norte-americana.

É duríssimo ver empate na NFL, Jesus…

E um bônus…

A ‘ESPN’ dos Estados Unidos fez uma matéria especial FANTÁSTICA dividindo a carreira de Tom Brady em três e analisando se cada uma valeria ou não uma ida ao Hall da Fama. Para quem sabe inglês, vale MUITO a pena. Leia aqui.

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Bruno Bataglin
Lombardia

Escritor, apaixonado por esportes e jornalista, não necessariamente nesta ordem.