Precisamos falar sobre Big Ben, comentários pós-semana 4 e mais

Bruno Bataglin
Lombardia
Published in
5 min readOct 7, 2021

Vamos encarar a realidade: Ben Roethlisberger é um ex-quarterback titular em atividade. Mike Tomlin pode até defendê-lo publicamente (e eu totalmente compreendo), mas fato é que o camisa 7 do Pittsburgh Steelers está vendo seus dias de astro de ataque ficarem para trás.

Não vamos ser maldosos: o início 1–3 não é culpa só dele, mas recai sobretudo nas costas de Big Ben. Afinal, em quatro partidas até agora, ele acertou 64,1% de seus passes para 1.033 jardas, quatro touchdowns e quatro interceptações. Seu passer rating até agora é de 78.9, um dos piores de suas 18 temporadas na NFL.

Atualmente com 39 anos de idade, Roethlisberger não tem sido ajudado por uma linha ofensiva horrorosa em 2021. Ele também vem sofrendo muito com lesões nos últimos anos. Vale lembrar que ele passou por cirurgia para corrigir uma lesão grave no cotovelo após apenas dois jogos na temporada 2019 e, em 2020, foi um QB de razoável para bom.

Mas, já neste ano, sofreu uma lesão no peitoral na semana 2, contra o Las Vegas Raiders, e agora está lidando com um problema no quadril. Contudo, o jogador, sempre um exemplo de resistência, não pensa em desistir.

“Preciso ser melhor. Preciso lutar e descobrir como tomar decisões melhores, como fazer lançamentos melhores, como ser um jogador de futebol americano melhor. É por isso que acabei de dizer que não vou desistir. Eu vou continuar fazendo isso. Não vou desistir desta temporada. Ninguém neste prédio está. Ainda é cedo, e ainda há muita luta pela frente”, declarou o quarterback veterano nesta última quarta-feira (6).

(Crédito: Brook Ward/Flickr)

E eu sei que Big Ben é do tipo que não desiste. Jamais. O problema é que, claramente, vê-lo jogar atualmente é mais desesperador do que recompensador.

Big Ben sempre foi uma torre, com quase zero mobilidade, e tem um arranque de balsa. Mas, ultimamente, tem sido ainda pior. Sofrendo com sua OL que perdeu nomes de peso como o center Maurkice Pouncey (aposentadoria), o guard David DeCastro (dispensado) e o tackle Alejandro Villanueva (agora no Baltimore Ravens), Roethlisberger parece um poste mais do que nunca.

Assim, ele já coleciona dez sacks em quatro partidas. Para efeito de comparação, ele sofreu 13 em 16 jogos no ano passado.

A média de 6,1 jardas por tentativa de passe é a pior da carreira do QB (excluindo apenas a temporada 2019, na qual ele atuou em apenas duas partidas antes de se lesionar). E, assim, o ataque de Pittsburgh é o sexto pior da NFL em jardas por partida até agora (301,8 por jogo) e o quarto pior em pontos, empatado com o tenebroso Houston Texans (16,8 por jogo).

Questionado nesta semana se o camisa 7 é o QB ideal para o ataque dos Steelers, coach Tomlin foi enfático: “Absolutamente. O que ele faz e o que ele fez me deixa muito confortável em dizer isso”.

Mas, no fundo, acho que até Tomlin sabe que Roethlisberger está em sua reta final como QB titular na National Football League. Se quiser estender a carreira por mais um ou dois anos além de 2021 como reserva, é possível que consiga. Tem muito o que ensinar, afinal. Mas aquele signal caller monstruoso de antes não existe mais.

Eu, que acompanho a NFL desde 2006, pude ver Big Ben no auge. Pude ver aquele QB durão que ganhou o Super Bowl XL e o Super Bowl XLIII. Aquele que liderou a NFL em jardas de passe em duas temporadas (2014 e 2018). Mas esse jogador não existe mais.

Se você também teve a sorte de assisti-lo nos melhores dias, certamente amou. Mas, se não foi sortudo a tal ponto e começou a ver NFL mais recentemente, o YouTube é uma ótima solução.

Minhas observações (rápidas e atrasadas) pós-semana 4

Já estamos na semana 5 da temporada 2021 (tem Seattle Seahawks x Los Angeles Rams no Thursday Night Football de hoje) e cá estou falando da semana 4. Me perdoem, foi uma loucura nesses últimos dias. Mas cá estou para algumas observações do meu tradicional modo “coisas que eu acho que eu acho”…

· E só sobrou um…

E foi o Arizona Cardinals. O único invicto na NFL após as quatro primeiras semanas. Na semana 4, Carolina Panthers (perdeu para o Dallas Cowboys), Los Angeles Rams (perdeu para os próprios Cardinals) e Denver Broncos (caiu diante do Baltimore Ravens) deixaram os 100% para trás.

Enquanto isso, a franquia de Glendale, com Kyler Murray jogando o fino da bola oval, segue invicta. Mas a NFL é muito equilibrada, como eu dizia na semana passada. Então, até quando vai essa invencibilidade? O 17–0 é possível?

· Os Patriots conseguiram segurar Tom Brady, mas não o suficiente

No último Sunday Night Football, tivemos Tom Brady, agora um Buccaneer, retornando pela primeira vez a Foxborough para enfrentar o New England Patriots, seu ex-time. Essa narrativa atraiu tanto que o jogo foi o segundo SNF mais visto da história.

E em campo? Os Patriots tiveram uma atuação defensiva muito consistente, não cedendo um passe para TD sequer ao maior ídolo da história da franquia. Mas, no final, de uma maneira que só Brady consegue… deu Brady. 19 a 17 para os Bucs no Gillette Stadium.

· O Buffalo Bills tá todo Nicolas Cagezinho

Esse Buffalo Bills está todo Nicolas Cagezinho e vai incomodar de novo. Após iniciar a temporada com derrota por 23 a 16 para o Pittsburgh Steelers, já são três vitórias consecutivas (Miami Dolphins, Washington Football Team e Houston Texans), sendo duas delas sofrendo zero pontos (35 a 0 sobre Miami e 40 a 0 sobre Houston).

(Crédito: Erik Drost/Flickr)

Tudo bem que não enfrentou grandes equipes até agora e o primeiro grande teste será agora na semana 5. Mas Buffalo novamente está mostrando a que veio (leia-se: para ser um dos grandes candidatos a vencer a AFC).

A defesa é a melhor da NFL em jardas cedidas (apenas 216,8 por partida) e também em pontos (míseros 11 de média sofridos). E o ataque também vai muito bem (404 jardas e 33,5 pontos de média), com Josh Allen já somando 1.055 jardas, nove passes para touchdown e duas interceptações.

Os Bills novamente são, para mim, candidatos a estarem em campo em fevereiro de 2022 para o Super Bowl LVI.

Mas, antes, estou contando os segundos para o Sunday Night Football contra o Kansas City Chiefs…

· Como os Saints me aprontam essa?

Eu estou tendo calma com o meu New Orleans Saints na era ‘pós-Brees’. Mas abrir 21 a 10 contra o New York Giants, e ceder 11 pontos na metade final do último quarto NÃO DÁ. E ainda me perde na prorrogação com um touchdown de Saquon Barkley.

2–2 e vejo um 2–3 depois de enfrentar Washington nesta semana. Espero estar errado.

--

--

Bruno Bataglin
Lombardia

Escritor, apaixonado por esportes e jornalista, não necessariamente nesta ordem.