Tem algo de grandioso acontecendo no mundo e no amor

Marcelle Xavier
Love Hacking
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4 min readFeb 24, 2016

Tem algo de grandioso acontecendo no mundo. E no amor também.

Semana passada tive o prazer de conhecer o Gustavo Tanaka, empreendedor e escritor, que ficou famoso na internet com esse post de outubro do ano passado, no qual apresenta uma lista de motivos relacionados a emprego, empreendedorismo, colaboração, internet, lowsumerism, alimentação saudável, espiritualidade e desescolarização para apresentar o colapso de um modelo e a emergência de um novo mundo.

Como ele, também acredito que estamos passando por um momento de transição. Estamos acompanhando os paradigmas que sustentam nossa sociedade falindo um a um, e acredito que o modelo de relacionamentos como conhecemos também está entrando em colapso. Nunca vi tantas pessoas insatisfeitas, perdidas em suas vidas amorosas, muitas sem saber nem dizer porquê. Por isso selecionei algumas falas sobre novos paradigmas apresentadas pelo Gustavo nesse encontro, e me propus a fazer um contraponto de como esses novos mindsets poderiam influenciar no amor.

  1. A vida é fluxo, e não esforço.

Uma das coisas que crescemos acreditando é que a vida não é fácil. Desde criança somos acostumados a acordar muito cedo, estudar matérias que não gostamos para passar no vestibular e ainda aprender coisas que não precisamos. Aprendemos que precisamos dar duro para conseguir um trabalho, e acostume-se, não será fácil, mas seremos recompensados.

E não é que a gente leva essa ideia para as nossas relações também? Eu sempre fui dessas pessoas que custa a desistir de uma relação, e sempre recriminei pessoas que acham que relacionar é fácil, ou que soltam aos quatro cantos que “se não deu certo é porque não tinha que ser”. Sempre tive pavor dessa frase e acreditava que se não estava dando certo era porque não nos esforçamos o suficiente. E com isso adiei relacionamentos inúmeras vezes acreditando piamente que fazendo hora extra eu conseguiria salvar a relação.

“A vida não é essa coisa dura, que não vai pra frente. A vida deve ser leve, fácil, natural. Todos os elementos da natureza são muito simples, não acontecem no esforço. Então se você está no esforço talvez o caminho seja parar de tentar, dar um passo para trás e reavaliar” Não se trata de desistir frente aos desafios normais de toda relação, mas talvez de aprender a avaliar se aquele relacionamento está no fluxo ou se já não está pesado demais. (mais sobre fluxo nesse vídeo)

  1. Precisamos aprender a colaborar

Hoje muito se fala sobre economia colaborativa, um sistema econômico descentralizado, no qual as pessoas colaboram para criar algo em conjunto. Mas o problema é que nós não aprendemos a colaborar, desde pequenos somos acostumados com a mentalidade de competição e com isso estamos constantemente preocupados com o que estamos ganhando e não com o que estamos contribuindo. Colaborar é dar sem esperar nada em troca, ou minimamente entender que não necessariamente receberemos pela mesma via.

“É como se fosse um bumerangue, você lança ele pra direita e ele volta pela esquerda. Você não sabe como vai voltar. Você não sabe o que vai receber de volta”.

Nas nossas relações nós também podemos aprender a colaborar. Aprender a dar amor, e não só esperar receber amor. Aprender que ao se construir uma relação não precisamos ganhar, nem perder, e que aquilo que estamos construindo juntos é mais importante e maior que cada uma das partes individualmente. Aprender ainda que não é porque eu falo “eu te amo” todos os dias, e a pessoa só fala uma vez a cada 6 meses, que ela não poderá retribuir através de outras vias que não necessariamente a fala.

  1. Abandonando a frequência do medo

Fomos criados em uma estrutura que tem como base o medo. Gustavo Tanaka explica nesse post, “o nosso cérebro é programado para ficar mais atento a coisas que nos colocam em perigo”, por isso estão certos os que dizem que desgraça vende mais. Inconscientemente propagamos o medo coletivo e não temos a menor ideia que estamos fazendo isso, e suas consequências.

E nas relações fazemos a mesmíssima coisa! Quantas vezes você já escutou que o mundo está perdido, que as pessoas não tem mais valores, que ninguém respeita ninguém e que não existe mais amor? Mas a verdade é que estamos justamente aprendendo a sair dessa frequência de medo, e podemos fazer isso também nas nossas relações.

Eu conversei um pouco com o Gustavo sobre sua empresa livre, e como funciona esse modelo no qual não há uma divisão bem delineada de sócios. O princípio básico desse novo modelo de empresa horizontal é que se não confiamos naquelas pessoas, não tem nem sequer motivo para trabalharmos juntos. Em nossas relações então, que sentido faria ficar com uma pessoa que não confiamos? Uma das coisas interessantes que li sobre o medo é que basicamente temos duas emoções básicas: o medo e amor e essas duas frequências não conseguem coexistir. Portanto, quando estamos na frequência do medo, não conseguimos sentir amor.

  1. Liberte-se de padrões

Nós aprendemos a seguir padrões, e esperar que o mundo também se comporte dentro de maneiras pré programadas. Como Gustavo cita, esperamos um modelo de franquia, queremos comer o mesmo big mac em qualquer lugar do mundo, mas estamos em um momento que começamos a nos livrar desses padrões.

Pouco a pouco estamos entendendo que a vida não é essa coisa linear que foi outrora, e as pessoas também não. Assim como a natureza, cada ecossistema tem suas particularidades, cada pessoa é um universo, nossas ideias não são fixas, nossos sentimentos muito menos e cada relação é uma diversidade de possibilidades. Estamos aprendendo que como a internet, nossas vidas podem funcionar como rede, a realidade é cada vez mais dinâmica.

Assusta pensar que para sempre talvez seja tempo demais, mas abraçar a inexistência de padrões é nos dar a liberdade para finalmente sermos quem realmente somos e construirmos nossas relações do modo que faz mais sentido para nós. Pouco a pouco estamos nos libertando das caixinhas que nos aprisionam, e com isso não precisamos tentar nos encaixar em padrões e encaixar o amor em qualquer outra prisão.

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Marcelle Xavier
Love Hacking

"Use your art to fight" Desenho experiências que permitem que pessoas e relacionamentos se desenvolvam. Facilitadora | Experience Designer| Love activist