A experiência de participar do LIFT Lab 2022 e como empresas como a Lovecrypto podem ajudar no Real Digital

Edmilson Rodrigues
Lovecrypto Blog
Published in
4 min readDec 16, 2022

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Nos últimos três meses nós da Lovecrypto tivemos o prazer de participar da 2ª turma do LIFT Lab 2022, onde construímos uma prova de conceito (Proof of Concept — POC) de interoperabilidade do Real Digital entre blockchains públicas e entregamos um artigo a ser publicado no LIFT Papers em 2023.

Devo dizer que foi uma experiência incrível participar do LIFT Lab, além de ter sido um divisor de águas para nossa startup. Isto porque os interlocutores da Fenasbac, particularmente o Rodrigoh, a Danielle e a Larissa foram sempre gentis, atenciosos e muito presentes. Além disso, o match com o nosso parceiro mentor, a MultiLedgers, foi perfeito. E eles nos deram uma valiosa mentoria. Muito obrigado Marcela, Valéria e Jennifer.

Durante esses três últimos meses, também tive a oportunidade de conversar com pessoas do público em geral que estão curiosos sobre o Real Digital. As dúvidas e preocupações variavam de acordo com o perfil das pessoas.

Por exemplo, as pessoas comuns não sabem nem o que é o Real Digital nem o CBDC. Só sabem que o PIX foi uma coisa muito boa na vida deles e confiam nas pessoas que criaram o PIX.

Já os maximalistas do Bitcoin acham que o Real Digital e qualquer outra CBDC vai ser uma ferramenta de panóptico para a sociedade, que vai aumentar o controle do Estado sobre a população e que vai tornar ainda mais fácil imprimir dinheiro.

Os cripto-nativos, as pessoas ou organizações que usam mais criptomoedas do que o dinheiro no banco, estão desconfiadas com as CBDCs. Mas após o que aconteceu com a FTX, eles até concordam que o governo tem um papel fundamental em orientar o setor e punir maus atores.

Os investidores estão curiosos com o tema criptomoedas e Real Digital, mas cautelosos nesse momento pós colapso da FTX. Eles querem saber que oportunidades de negócios vão surgir a partir dessa nova plataforma que será o Real Digital.

Os acadêmicos e professores estão interessados em estudar o fenômeno das CBDCs e publicar sobre ele. Mas a grande maioria deles ainda têm um entendimento muito básico do que são CBDCs e não sabem quais os principais problemas de pesquisa eles deveriam focar.

Já pessoas como nós da Lovecrypto, os empreendedores e inovadores, estamos interessados em criar grandes organizações, em sermos vanguardistas perante essa nova fronteira que é o Real Digital. Queremos explorar novos casos de uso, criando por sua vez grandes produtos e serviços que vão melhorar a vida das pessoas e fazer os serviços financeiros ficarem mais baratos e úteis para os brasileiros.

Eu tenho transitado no meio desses atores desde 2014, e mais recentemente, através do LIFT Lab, comecei a interagir com um ator que nunca havia interagido antes: Os reguladores. E devo dizer que, se todos eles forem que nem o pessoal da Fenasbac, o pessoal do mundo cripto não tem nada a temer, pois eles têm uma postura de muito diálogo e aprendizado mútuo.

Quando eu conheci o Rodrigoh Henriques no processo seletivo do LIFT Lab, eu disse a ele que nós daqui de Recife/PE estamos longe do eixo Rio — São Paulo — Brasília, mas que tem MUITA gente talentosa aqui e que estávamos “salivando” para ter acesso ao Real Digital. Nós estamos longe também dos decisores dos grandes fundos de investimento e decisores de grandes empresas, mas somos treinados em métodos de inovação e muitos de nós são empreendedores experientes. Quantas Lovecryptos existem ao redor do Brasil e do mundo?

Umas humildes sugestões que dou para o Banco Central/Fenasbac:

  1. Tentem atuar ainda mais como um “centro de gravidade” para os inovadores do mundo do blockchain e um catalisador de negócios para startups como a Lovecrypto ao nos apresentar a possíveis investidores e/ou clientes. Vale a pena se inspirar nas ações e estratégias que os blockchains públicos fazem para atrair desenvolvedores.
  2. Para desenvolver a indústria de blockchain nacional vocês podem lançar “Encomendas Tecnológicas” para que empresas nacionais possam atuar em resolver os principais desafios do ecossistema do Real Digital. Por exemplo, um problema que já visualizo é o problema dos Oráculos. Outro problema é o da “Identidade Digital Decentralizada”. Dentre muitos outros que podemos identificar.

3. Uma coisa que seria bastante produtivo é fazer parcerias com alguma universidade de renome para criar programa de pós-graduação que fosse 100% Remoto, grátis e voltado para o Real Digital e suas aplicações. Eu, por exemplo, adoraria entrar em um programa de doutorado para ajudar a resolver o problema da interoperabilidade no Real Digital.

4. Imagina vocês fazerem um “Open Innovation” para desenvolver desafios estratégicos do ecossistema do Real Digital e criar-se novos casos de uso?

Por fim, quero dizer que estou encantado com vocês da Fenasbac e que podem contar com a Lovecrypto e com o pessoal de Recife, a terra do Frevo, do Bolo de Rolo e do Blockchain, para ajudar a co-criar o Real Digital!

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