(Foto: Patricia Sander)

O relacionamento com a escrita

Em mais um texto da série Nossos Talentos, conheça o estudante de Letras que já é escritor

Lisandra Steffen
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3 min readDec 4, 2020

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Escritor, poeta e professor. Roger Paffrath está no quarto semestre do curso de Letras da Unisinos e, hoje, é um escritor autopublicado. Na universidade desde 2009, Roger começou como aluno de Jogos Digitais e chegou a ter, inclusive, uma empresa de jogos. Por achar a área tóxica — pela pressão que sentia e, também, pelo ambiente de trabalho -, trancou o curso quase no final e, por já ter dado aulas de inglês, mudou para Letras. “Queria tocar a vida das pessoas de um jeito diferente”, comenta.

Natural de Campo Bom, Roger começou a escrever poemas há cinco anos, e os publicava nas redes sociais. Com três livros de poemas e um romance policial, o escritor tem ainda um livro de terror para ser finalizado. O primeiro livro, escrito em inglês, surgiu para reunir os cerca de 100 poemas que Roger havia publicado nas redes sociais. Satélite Fantasma, de 2017, surgiu porque o artista estava apaixonado e queria transmitir o sentimento de alguma forma. O relacionamento não deu certo e o livro conta as diferentes fases da paixão.

Na época, o escritor procurava informações para publicar em formato digital quando encontrou uma publicidade da Amazon buscando autores para publicações de livros físicos. A partir disso, Roger reproduziu todos seus trabalhos de forma física e o link para cada um deles pode ser acessado aqui. Todo o processo de produção, desde a escrita, passando pela diagramação, as ilustrações da capa e a divulgação após o lançamento, tudo é feito pelo escritor. Roger se utiliza tanto dos conhecimentos adquiridos no curso de Jogos Digitais, quanto no de Letras. Sobre o atual curso, ele conta que o foco é maior é a preparação para dar aula, mas como ele mesmo comenta:“O fato de estar inserido no meio acadêmico faz eu me entender escritor”.

Roger reviu sua identidade e, assim, se tornou artista (Foto: Patricia Sander)

“Inspiração é quando tu tá observando, aquilo fica na tua mente e, quando sai, sai meio madura”, conta Roger. O escritor conta que está sempre prestando atenção em tudo que está em sua volta: os gestos, as falas e o ambiente ao redor acabam servindo de inspiração. A ideia para Queda Livre, o romance policial, veio enquanto o escritor dirigia o carro. Já a narrativa do livro de terror, enquanto passeava com o cachorro. Roger mantém, sempre que possível, uma rotina para escrever. Ele entra no “personagem escritor” e consegue formar a narrativa. Os poemas, por outro lado, não têm um momento específico no dia a dia, eles apenas surgem. Roger se vê como artista no cotidiano. Ele observa e tem uma sensibilidade artística. “Acho que começou quando eu parei de escrever em inglês. Eu questionei a minha brasilidade, minha identidade e qual era a minha verdade”, explica.

Durante a quarentena, a rotina do escritor se tornou caótica e, consequentemente, o hábito de leitura e escrita acabou ficando de lado. Agora, Roger começa a se recuperar. “É difícil escrever, porque tem que escrever, editar, vender… As editoras brasileiras não valorizam o autor novo”, comenta sobre os desafios que costuma enfrentar. Roger conta que divide a escrita com o trabalho, a faculdade e alguns passatempos. Ele lê e cuida da casa. O último, faz para procrastinar, uma “procrastinação produtiva”, como ele mesmo diz. “Eu também toco mal violão, tenho que aceitar ser ruim em alguma coisa”, conta rindo.

O artista divulga seu trabalho no instagram, postando os poemas e fazendo vídeos para conversar com os seguidores. “São pessoas com experiências diferentes e que se identificam com o que tu escreve”, diz o escritor que busca sempre responder todas as mensagens.

Texto originalmente publicado no Portal Mescla (www.mescla.cc) em 02/12/20, na editoria Deu Certo

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Lisandra Steffen
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Às vezes, tiro fotos de passarinhos e escrevo (sobre outras coisas). Gosto muito de usar vírgulas (e parênteses).