Deixe seu afeto por onde passar
Quanto mais amor a gente dá, mais amor a gente tem. Em abundância!
Ao longo de nossa trajetória, passam por nós diversas pessoas, em contextos e em durações variados.
Como pode ser observado, algumas pessoas se vão, em instantes, e fazem uma participação pontual em nossas vidas. Já outras, não apenas passam, mas também se estabelecem, permanecem, criam e recriam conosco, deixando sua marca especial em nossa história.
Como uma partilha de trajetórias que se entrelaçam.
Convido você agora a evocar em sua memória, algumas dessas pessoas que entraram em sua vida e, mesmo que não estejam por perto agora, criaram raízes profundas e firmes, como se tivessem se eternizado em seu coração.
Que sentimentos esse movimento nostálgico lhe proporciona?
Arrisco um palpite de que seus lábios possam ter se organizado em um sorriso irresistível, se a lembrança for boa. Contudo, é possível que você tenha resgatado uma memória menos feliz também. E tudo bem. Acolha esse sentimento.
Na última semana, fui surpreendida por um lindo áudio de uma professora da época da faculdade de Medicina. Época esta que já foi o momento presente por longos, lindos e intensos 6 anos, e agora está ficando no passado, cada dia mais. Ainda não me acostumei totalmente a esta ideia, afinal faz apenas 1 mês que me formei.
A autora do áudio foi a professora de pediatria da minha sub-turma no 7º período (lembrando que são 12 períodos no total, ou seja, faz um tempinho).
Aí quantas lembranças maravilhosas dessa época!
Pode-se dizer que cronologicamente a nossa interação foi até breve. Apenas um encontro semanal durante um semestre. Contudo, se analisarmos com atenção, frequentemente o impacto psicológico e emocional transcende o tempo cronológico.
Lembro-me por exemplo de alguns amigos e amigas que, mesmo com poucos instantes ou meses de trocas e interações, tornaram-se pessoas extremamente significativas em minha trajetória e marcantes em meu coração.
Essa desproporcionalidade ficou evidente para mim após escutar atentamente o conteúdo desse áudio, o qual foi enviado no grupo da minha sub-turma. Ela dizia:
“Eu vi o vídeo da formatura de vocês e senti muita emoção, muita gratidão!
Emoção de ver a história que vocês foram capazes de construir. E por esse momento de tanta alegria que transborda e que emociona.
Um dos dias mais felizes da minha vida até então foi o dia da minha formatura, foi o dia que olhei para mim mesma e pensei:
“Nossa! Eu consegui!”
E imagino que vocês também tenham experienciado esse sentimento de vitória.
Ao mesmo tempo, senti muita gratidão. Gratidão pela oportunidade de conviver com vocês, além de poder ensinar um pouco do que eu sabia de Pediatria e de Medicina a vocês.
Gratidão também por tudo que me ensinaram, pelas alegrias que me trouxeram, e pela parceria bonita que fizemos.
E com a voz embargada acompanhada de grande comoção, com lágrimas nos olhos que podiam ser sentidas em seu tom de voz, ela concluiu:
Desejo verdadeiramente que vocês sejam muito felizes no exercício da Medicina! Que o mundo se abra com todas as possibilidades, as alegrias e os desafios trazidos por essa nova etapa que se inicia. Hoje não somos mais apenas alunos e professora, mas somos também colegas de profissão!
Nossa, como me tocou fundo aquela mensagem! Eu não esperava por isso ao começar a escutar o áudio. Quanta intenção, quanta verdade, quanto afeto podiam ser sentidos naquelas palavras.
Você já foi surpreendido(a) por alguma demonstração de afeto assim? Inesperadamente? Profundamente?
De fato a vida segue. Dias vêm e vão. As águas do rio não são mais as mesmas.
De todo modo, se pudermos, por onde passarmos, pelas pessoas que conhecermos, pelo caminho que atravessarmos… se pudermos deixar uma pequena e singela porção de nós mesmos, com entrega, com verdade, com afeto, acredito que essa parte de nós frutificará por onde for. Frutificará como sementes que, se bem plantadas, adubadas, cuidadas, podem se desenvolver em raízes firmes e perenes.
Felizes aqueles que, por onde passam, deixam mensagens de amor, de bondade e de afeto. (Divaldo Franco)
E, certamente, esses frutos retornarão para nós, na mesma medida da intenção ofertada, através da vida, das pessoas, das mãos, olhares, sorrisos e corações a postos, dispostos, em nosso caminhar.
Finalizo convidando-lhe a se recordar de momentos e pessoas que deixaram sementes de gratidão em você, e verifique com atenção:
O que essas lembranças teriam de tão significativo e tão grandioso para que se tornassem capazes de deixar tal marca em você?
Bem, isso são apenas algumas reflexões baseadas em minhas vivências. E você? O que pensa sobre?
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