Imprevistos! Mudanças de planos! Você lida bem quando a situação sai do seu controle?

Luana Reis
Releituras da Vida
Published in
7 min readMay 2, 2021

Você já deparou com uma situação inesperada, um imprevisto, que fez os planos do seu dia mudarem, mesmo que contra sua vontade?

Tenho um palpite de que sim, pois a vida tem dessas coisas não mesmo?

Bem, a história dessa semana foi assim. Eu achava que tinha meu dia e meus planos todos muito bem orquestrados, sob meu controle… até que a vida mostra mais uma vez a lição:

Qualquer coisa pode acontecer, a qualquer momento, é melhor estarmos preparados.

Se você já leu outros textos publicados por mim neste blog, possivelmente já conhece o meu carro, o Bundinha — como eu carinhosamente gosto de chamá-lo pelo formato arredondado de sua traseira hahaha. Pela idade avançada, sou obrigada a fazer algumas manutenções quase frequentes no carro (sim, eu sei, talvez esteja na hora de trocar, mas tudo no seu tempo certo) e, na última semana, precisei fazer isso.

Logo na segunda, levei o carro no mecânico e, para minha alegria, no dia seguinte já estava pronto. Testei o seu funcionamento e estava ótimo, tudo perfeito.

A partir disso, me programei para resolver alguns assuntos pendentes após o trabalho. Planejei-me para ir à dois lugares diferentes e próximos um do outro, assim conseguiria resolver duas coisas importantes, olha só que coisa boa!

Eu só não imaginava o que viria em seguida.

Se imagine dirigindo em uma via de 4 faixas, vários carros no fluxo, quando, de repente, o pedal da embreagem afunda e não permite mais a troca de nenhuma marcha.

Sim, assustador! Eu poderia ter entrado em pânico, mas não tive tempo para isso, tinha que pensar rápido.

Cliquei então no pisca-alerta, dei seta para direita e, rapidamente, desloquei o carro a fim de encostar próximo ao passeio. Para a minha sorte, consegui estacionar o carro com sucesso e em segurança — que é o mais importante.

Simultaneamente a tudo isso, o meu sangue começou a ferver e subiu pela minha cabeça. Eu sabia muito bem que o principal serviço que tinha sido feito no mecânico no dia anterior havia sido a troca da embreagem, então só conseguia pensar:

“Alguém me explica o que aconteceu para justamente a embreagem ter parado de funcionar? Problema na peça? Na montagem?”

Enfim, não importava o motivo, eu precisava de uma solução, afinal eram 17h, em breve iria anoitecer e ficaria perigoso por ali. Se eu não conseguisse resolver, precisaria chamar um reboque — e eu nem ao menos sabia nenhum número de algum reboque.

Mas vamos com calma. Um passo de cada vez.

Procurei me acalmar e manter minha mente focada, não no problema, mas na solução.

Liguei para o mecânico, afinal, queria culpá-lo e brigar com ele (com educação, claro, haha, na medida do possível), e acima de tudo, queria que ele me salvasse daquela situação que, na minha visão, eu não estaria se ele tivesse feito tudo certinho.

Sim eu sei, parecia com raiva. E era justamente isso, eu estava com raiva. Respiração ofegante, coração acelerado, pupilas dilatadas, musculatura tensa.

Após ligar umas 5x para o mecânico, sem obter nenhuma resposta, tentei lutar contra a fisiologia do meu próprio corpo, respirando calmamente, organizando meus pensamentos.

Foi quando comecei a olhar o redor e me veio forte um pensamento: “Quem sabe não tem uma oficina aqui no entorno?”

Sei que parece pedir muito. Na primeira olhada não avistei nada. Decidi então sair do carro, pegar um ar fresco e procurar com mais atenção alguém que pudesse me ajudar.

Ao sair, avistei logo a frente uma loja de autopeças. Opa! Autopeças. Quem sabe esse pessoal não me ajuda?

Perguntei a eles se faziam serviço de mecânica. Eles disseram que não, mas o rapaz se virou, apontou 2 lojas mais a frente, e disse:

“Olha ali moça, ali é uma oficina mecânica, vai lá que eles poderão te ajudar.”

Nossa! Querido(a) leitor(a), foi assim que uma corrente de esperança fluiu intensamente por todo meu corpo. E já comecei a pensar:

“Como alguém pode ser tão azarado para estragar o carro logo após sair do conserto, e tão sortudo a ponto de isso acontecer em cima de uma oficina mecânica?
Não sei como você vê, mas me parece que o saldo é positivo, a sorte vai vencer o azar. Espero que o mecânico realmente possa me ajudar a sair dessa!”

Andei alguns metros, cheguei na oficina e expliquei toda minha situação. Eu falava rápido e estava agitada, mas estava dando o meu melhor. Para minha alegria, o mecânico concordou em andar comigo até meu carro, que estava uns 50 metros a frente e olhar como poderia me ajudar.

Pulando os detalhes técnicos, o moço olhou, mexeu, mexeu, e yes! Conseguiu colocar o pedal da embreagem no lugar. Explicou-me apenas que o cabo da embreagem (o qual era razoavelmente novo e eu sabia que seria improvável de ele arrebentar assim) tinha desenroscado e desencaixado. Bastou ele reposicionar e apertar firme, para tudo voltar a funcionar novamente.

Ufa! Agradeci grandemente ao mecânico. Perguntei a ele quanto custaria aquele serviço, mas ele nem ao menos quis receber nada. Talvez por empatia a toda minha situação. Proferi algumas bênçãos a ele:

“Que Deus ilumine seu dia! Todo o melhor para você! Obrigada de mais mesmo! Você me salvou de uma boa viu!”

Entrei no carro, liguei o motor, engatei a primeira e o coração se tranquilizou:

Graças a deus! Bundinha is back!

Infelizmente agora não dava mais para fazer tudo que eu havia planejado. O que me deixou abalada em um primeiro momento. Precisei retornar à minha oficina mecânica — para além de contar o que aconteceu porque eu queria que eles soubessem haha — também para me certificar de que estava tudo em perfeito funcionamento. O rapaz conferiu, procurou assumir uma postura de “desculpar-se”, e me garantiu que estava tudo em ordem.

Ok. Estava mesmo. Pude me certificar ao longo da semana, usando o carro.

Agora, vamos retornar um pouco para a situação e buscar algumas reflexões. Se você já passou por isso, conte-me, como ficou seu estado emocional durante e depois? Quanto tempo você demorou para encontrar uma solução ou para se recuperar do baque?

Após o ocorrido, eu confesso que demorei um pouco para me recuperar, de todo modo, fiz um exercício intenso de procurar ver a situação da melhor forma possível, o que pode me trazer três aprendizados importantes e gostaria de verdade de compartilhar com você.

Nesse mesmo dia do ocorrido, eu havia feito uma oração sincera pela manhã, enquanto tomava banho. Tenho uma crença sincera de que o poder dessa oração possa ter me auxiliado a vivenciar essa situação da melhor maneira. Assim, a primeira lição foi perceber o valor de orar e conectar-me com minha própria espiritualidade. A verdade é que tenho feito isso menos do que gostaria, e pode ser esse também um recado para que eu procure fazer mais.

Outro ponto importante é perceber que, se o cabo da embreagem estava mal encaixado, em algum momento aquela situação iria acontecer, cedo ou tarde. É como um paciente que tem problemas cardíacos, o risco de infarto a qualquer momento é considerável.

E poderia ter acontecido em uma série de momentos: poderia ser antes do trabalho, em uma via mais movimentada que não tivesse como estacionar com segurando e, entre outras várias coisas, poderia ter sido longe de uma oficina mecânica. Inclusive, o mais improvável é a pessoa ter a sorte do carro estragar logo em frente a uma oficina. Quem faz isso? hahaha. Pois bem, eu fui abençoada com esse fator atenuador. E para completar, eu consegui encostar o carro com segurança.

Isso tudo me leva a perceber que, na vida, enfrentaremos sim situações desafiadoras, contudo, se tivermos a capacidade de extrair dessas vivências algum lado positivo, isso poderá nos acalmar, nos dar força para encontrar soluções e nos trazer lições valiosas.

Por fim, finalizo os aprendizados do dia falando um pouco sobre autocontrole emocional. Em situações imprevisíveis que despertam em nós sentimentos intensos, como raiva, medo e tristeza. Se não mantivermos nossa mente no lugar e procurarmos lidar com nossas emoções, seremos engolidos por elas e não conseguiremos fazer nada. Na situação relatada, apesar da raiva e do medo que senti, procurei usar toda aquela energia como força motriz da busca por uma solução. Não, claro que não faço isso com perfeição, requer um grande esforço e, por vezes falho miseravelmente.

Contudo, como todo processo de crescimento na vida, isso é um aprendizado lento. A medida que vivemos, andamos um passo a mais, depois outro e assim vai.

Por isso, gostaria de concluir com a seguinte percepção:

A capacidade de reler e ressignificar vivências dolorosas, talvez seja uma das principais habilidades de autoconhecimento e de crescimento pessoal. O sucesso e a vitória podem ser sim muito prazerosos. Mas as quedas e os tropeços, esses sim, são a chave para nos desafiar, nos impulsionar e nos tornar melhores.

Bem, isso são apenas algumas reflexões baseadas em minhas vivências. E você? O que pensa sobre?
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Luana Reis
Releituras da Vida

Releituras da vida. A arte da busca pelo equilíbrio entre o que importa e o que é necessário.