Muitas vezes o passo mais difícil a ser dado é o primeiro.

Sobre as grandes emoções do primeiro dia de trabalho.

Luana Reis
Releituras da Vida
4 min readJun 14, 2020

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Você já passou por alguma mudança de ciclo? Sair da escola? Entrar na faculdade? Iniciar um novo namoro? Ou terminar um. Mudar de cidade? Se casar? Tem filhos? Até mesmo… perder alguém?

Mudanças como essas podem ser muito intensas, marcantes. Podem gerar angústias e ansiedades. Fonte de grandes aprendizados. Mas também podem ser alegres, exuberantes, repletas de conquistas.

Fonte: Pinterest

Estou vivenciando um grande processo de transição como esse e gostaria de lhe compartilhar.

A conclusão da faculdade e início da vida profissional.

Sair da fase de estudante (a qual desempenhei em toda a minha vida até aqui) e entrar na fase adulta. Sair de casa e iniciar minha trajetória, minha independência.

Uau! Quem diria! Sim… uma hora ia acontecer! E aconteceu.

Quando iniciamos uma longa jornada, nem sempre vislumbramos o que virá ao final. Até chegar o momento de cruzar a linha de chegada.

Formatura chegou! Carimbo na mão, pé na estrada.

Acima de tudo perceber que essa “linha de chegada” pode ser o fim, mas também o começo. Como na música “Encontros e despedidas” de nosso querido Milton Nascimento:

“São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar”

E foi assim que essa semana pude experienciar o primeiro grande passo dessa nova estação que embarquei: meu primeiro dia de trabalho como médica.

Foto tirada nesta quarta, dia 10/06/2020, no posto de saúde em que agora posso dizer que trabalho.

E aí? Foi fácil?

Confesso prontamente, nem um pouco! Foi extremamente atribulado. Chegava um paciente…depois outro…uma demanda…depois outra.

Encarar de frente as minhas próprias inseguranças, minha inexperiência. Minha limitada agilidade nos atendimentos. O tanto que não sei ou nem sei que não sei. A cobrança de ter uma boa performance. Cobrança externa, sim. mas, acima de tudo, cobrança interna.

Você se identifica com esses sentimentos? Já vivenciou algo semelhante?

Claro que “começos” costumam não ser tão simples mesmo. Mas acredito (ou pelo menos estou buscando acreditar) que isso faça parte do processo.

Naturalmente, ao dar os primeiros passos, não nos sentimos muito seguros. Mas é preciso que eles sejam dados assim mesmo. É provável que, por vezes, hesitemos na jornada, desejemos parar, interromper. Silenciar a dor, o desconforto.

Contudo, é justamente nesse momento que devemos buscar pela consistência em cada passo dado, pela firmeza. E seguir, sem cessar. É preciso seguir. Ter coragem, ir em frente. Dar o seu melhor com o melhor que tiver pra oferecer em cada etapa.

Sim, a coragem. Como diz John McCain (um senador norte-americano), e também foi dito por tantos outros pensadores de formas semelhantes:

Coragem não é a ausência do medo, mas sim a capacidade de agir apesar dele.

Acima de tudo, agir com responsabilidade e com humildade de demonstrar suas fraquezas, de recorrer em auxílio alheio quando necessário. Ser sincero consigo mesmo, perguntando-se: até onde posso ir com segurança?

Para que isso seja possível, precisaremos buscar constantemente pelo nosso autoaprimoramento. Tanto a nível técnico quanto humano.

O cuidar do outro, suportar a dor humana, vai muito além das dores do corpo físico, são também sofrimentos da mente… da alma.

Algumas dores podem ser identificadas por exames médicos, já outras necessitam de um exame atencioso do olhar. O brilho no olhar, ou a falta dele.

O exame do sorriso, de sua intenção, se sua coloração, do seu tom. Se está presente ou ausente.

A expertise do médico, ou qualquer profissional de saúde, ou de qualquer pessoa que se proponha a cuidar, transcende as lições dos livros. Há lições que são da vida, das vivências, das pessoas. Dos corações.

Mentalmente procuro me dizer:

“Que eu não perca o entusiasmo! Mantenha o peito aberto. Amor de sobra. Brilho no olho. Sorriso no rosto.”

Acima de tudo, sinto-me grata. Muito grata. Por ter tido a oportunidade e a possibilidade de chegar até aqui. Meu coração transborda de alegria. Poder fazer o que amo, fazer com gosto. E espero que esse prazer se converta em competência, em um bom trabalho. Em possibilidades de transformações. De meios, de contextos, de pessoas.

E que venham os novos desafios.

E quanto a você?

Já lidou mudanças de ciclos como essa? Quais foram os desafios enfrentados? O que pode aprender?

Acredito que a releitura de vivências marcantes como essas podem ter muito o que agregar em nós e, quem sabe, até mesmo participar da construção de quem somos a cada dia.

Bem, isso são apenas algumas reflexões baseadas em minhas vivências. E você? O que pensa sobre?

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Luana Reis
Releituras da Vida

Releituras da vida. A arte da busca pelo equilíbrio entre o que importa e o que é necessário.