O ser humano tolera qualquer como… se tiver um por quê?

Sobre enfrentar desafios que quase nos fazem quebrar de tanto esticar… mas ao final, o que nos tornamos?

Luana Reis
Releituras da Vida
5 min readApr 26, 2020

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Você já vivenciou algum período de provação em sua trajetória de vida no qual, a cada dia, você se perguntava ao menos uma vez:

“Meu Deus, será que eu vou suportar?”

Bem, arrisco-me a dizer que sim. Afinal, nessa “aventura humana na Terra” — como bem sabia a pequena Eva — cada um conhece bem suas dores e seus sofrimentos diante da labuta diária.

Sim, eu sei. Às vezes nossa própria dor, dói tanto, que fica difícil imaginar que haja alguma dor maior por aí. Já se sentiu assim? O famoso “será que dá pra piorar”? (Não pergunte isso ao Murphy)

Ok. Pra você que me conhece mais, sabe que meu perfil predominante não é o da melancolia. Eu curto mais é fazer uma boa piada sobre as intempéries da vida (minha criança interior não é tão interior assim).

Mas nem por isso eu deixo de ter meus dias mais desafiadores, mais para baixo. Meio na “bad”.

De todo modo, como bem abordado na belíssima e profunda animação da Disney “Divertidamente”: a tristeza também tem seu papel.

Veja se não é uma fofonilda! HAHA

Mas… que papel seria esse?

Bem, antes de nos aprofundarmos nessa indagação, ao iniciar essas reflexões, logo me veio a mente um livro muito significativo, o qual já foi mencionado e indicado para mim por alguns amigos(as) diversas vezes na vida (não li ainda, mas tá na fila! A disputa de bons livros é sempre alta! Se você também curte ler, vai entender o que estou falando). Trata-se do “Em busca de sentido”, do Viktor Frankl. Nesse livro autobiográfico, o autor e fundador da Logoterapia, teve a experiência de vivenciar os campos de concentração durante o nazismo.

Clique e acesse um resumo bem legal do livro se ficou interessada(o)

Diferente do que normalmente se esperaria desse contexto, Viktor conseguiu, no auge da dor e do sofrimento (perdeu toda sua família, exceto uma irmã, foi prisioneiro por vários anos, mas sobreviveu para contar história — para nossa sorte), transcender aquela experiência.

Frankl afirma que não podemos evitar o sofrimento, mas podemos escolher como vamos lidar com as situações que nos são postas pelo caminho e, a partir disso, encontrar um sentido na vida.

Citanto brevemente, a Logoterapia acredita que há 3 principais formas de encontrar esse tal sentido na vida que nos permita enfrentar até as mais complexas adversidades:

  1. Criando um trabalho ou praticando um ato;
  2. Encontrando um amor;
  3. Através da atitude tomada em relação a um sofrimento que não pode ser evitado.

Certo, vamos parar por aqui para não nos delongarmos demais, mas espero ter te estimulado a saber mais sobre.

Voltando para minha própria história, ainda que eu não estivesse em um campo de concentração (mesmo que estejamos em quarentena HAHA — rindo de nervoso), vivenciei nas últimas 3 semanas desafios pessoais bastante intensos. Não me aprofundarei no contexto, mas acredite em mim quando digo que tive meus momentos de angústia, de choro, de dor, de não saber como lidar…. me senti, por vezes, como se eu fosse uma haste que estava sendo esticada… e esticada e ameaçava “agora vou quebrar”!

Bem, essa é a experiência humana na Terra né? A odisseia terrestre. Não é playground. Não é só doces ou travessuras.

Sim, há dias mais fáceis, leves, doces e suaves. Já outros são dias médios, básicos e habituais. Contudo, há também, aqueles dias amargos, ácidos e indigestos.

Mas afinal, se está indigesto… quem sabe não seria este um estímulo da vida para que possamos desenvolver a enzima certa capaz de desmistificar esse processo?

Como diria Rubem Alves: “Ostra feliz não faz pérola”.

Por mais que estivesse difícil, eu sabia que o tempo, como sempre, o melhor remédio, traria dias melhores.

O tempo contém todas as enzimas para as dores indigestas.

E como era de se esperar, enquanto escrevo esse texto, muitas coisas já melhoraram, e continuam melhorando. No fundo eu sabia:

“Chegou a hora de enfrentar, vamos firmes, vamos com coração, com coragem. Isso também passa.”

E assim foi. Assim vem sendo. Mas saiba que não foi Viktor Frankl o primeiro a perceber que seria possível encontrar um sentido na dor. Antes dele, Friedrich Nietzsche cunhou a frase que me inspirou o título do texto:

Aquele que possui um ‘porquê’ para viver, pode suportar quase qualquer ‘como’.

E foi em um momento de desabafo que um amigo me disse:

“Quando vier uma manada de touro ao seu encontro, de um lado e do outro, vindo em sua direção… Ah, esse é seu momento, minha amiga!

Reúna suas forças internas e seja águia, sobrevoe, e veja todo o caos lá embaixo. Veja de cima.”

Sim… isso se trata de resiliência. E foi assim que percebi como podemos ser muito mais resilientes do que imaginamos. Como podemos ser fortes.

Como diria João Doederlein:

“RESILIÊNCIA (s.f.): é ir à guerra e voltar, é sentar com seus demônios numa mesa de bar e… conversar. é apanhar de todo lado e levantar. é ter espírito de boxea-dor, dar ganchos de direita nas dificuldades e nocautear a própria dor. Tiago diria, “é quem sete vezes cai e levanta oito”. é limpar o rosto depois do choro, é a mãe solteira, grávida aos dezenove, que trabalhou para estudar e estudou para trabalhar, e com um sorriso no rosto, ignorou os julgamentos e cuidou do filho que tinha para criar.

é ter uma alma-água, que se adapta ao co(r)po em que estiver, da melhor forma que puder.”

Em meio a tudo isso, usei abundantemente de estratégias e hábitos que são capazes de renovar as minhas forças. A meditação, a oração, os exercícios físicos, as leituras inspiradoras, as conversas agradáveis, a boa música, a poesia, a arte. Uma boa noite de sono. O preparo de um belo e apetitoso prato de comida.

Eram pequenos momentos onde os problemas não existiam. Ali, naquele instante, como diria Eckhart Tolle, no Poder do Agora, entregue ao momento presente.

Bem, não sei como estão seus dias enquanto você lê esse texto, mas fato é que durante a Pandemia Apocalíptica do COVID19, pelo menos alguns desafios, que seja a nível coletivo, temos enfrentados certo? Fora os obstáculos individuais que naturalmente cada um encontra em sua própria trajetória.

Recobre em sua memória momentos de grande dor em sua vida. Mas calma, não se conecte com o sentimento de tristeza. Apenas observe. E faço um convite:

Seja águia. Sintonize mais alto e transcenda.

Não há mal que dure para sempre.

E como diria Rocky Balboa:

“Não se trata de quão forte você consegue bater, se trata de quão forte pode ser atingido e continuar seguindo em frente. É assim que a vitória é conquistada.”

Bem, isso são apenas algumas reflexões baseadas em minhas vivências. E você? O que pensa sobre?

Deixe nos comentários abaixo ou entre em contato via Instagram @luanareis_m.

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Luana Reis
Releituras da Vida

Releituras da vida. A arte da busca pelo equilíbrio entre o que importa e o que é necessário.