O valor da comunicação em terrenos inseguros

Quando comunicamos com o desconhecido

Luana Reis
Releituras da Vida
4 min readAug 9, 2020

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Alguma vez você já se sentiu angustiada(o) frente a uma situação que envolvia uma área do conhecimento da qual você não domina?

É como estar diante de um palco com a cortina fechada.

Você sabe que tem alguma coisa rolando por detrás do véu, só não sabe o que é. E de alguma forma aquilo é importante para você.

Ansiedades, inquietações, indagações em aberto.

Bem… essa semana me senti assim, o que me trouxe uma reflexão que me fez fazer um paralelo com a minha própria profissão.

Como contado no texto “A esperança que sabe antes mesmo de esperar”, o meu carro, mais conhecido como Bundinha (para os íntimos), esteve “internado” na oficina durante 1 semana, há quase 1 mês atrás. Ele teve alta aparentemente curado do episódio, evidenciando um desempenho de saúde ótimo ao retornar às suas atividades habituais.

Antes que você estranhe o linguajar, sim, eu sou da área da saúde. Sou médica. O que me leva, em alguns casos, a interpertar objetos e seres não humanos como se humanos fossem. O meu carro, assim como meu violão (também conhecido como Joseph), minhas plantinhas (Yasmin, Dulce, Maltê, Julie…), enfim, recebem nomes e ganham um espaço especial no meu coração.

Fonte: Pinterest

Assim como a saúde do corpo humano, a saúde de um carro deve estar em constante manutenção, fazendo check-ups (ou revisões), e tratamentos adequados para seus desajustes.

Foi assim que, apesar do tratamento inicial ter sido de muito sucesso, há uma semana, Bundinha teve uma recaída e “pifou” de novo.

O que poderia ser dessa vez, meu Deus?

Não sabia… mas o Dr Mecânico haveria de desvendar.

Aconteceu que, depois de 2 dias investigando a saúde do Bundinha, fazendo exames complementares e análises variadas, o mecânico ainda não tinha me dado nenhum retorno claro sobre o possível diagnóstico dessa vez. E da outra vez o carrro já havia ficado 1 semana inteira na oficina.

Uma angústia cresceu em meu peito, e me trouxe o pensamento:

Será que eu deveria buscar por uma segunda opinião?

Decidi então procurar o mecânico e dialogar de forma clara com ele sobre minhas inquietações internas.

Após escutar meus questionamentos, inclusive a possibilidade de consultar um outro profissional, ele me explicou suas impressões e suas possíveis hipóteses diagnósticas.

Foi assim que percebi o quanto eu realmente não entendia daquele assunto de mecânica. O mais impressionante, talvez, era o quanto esse “desconhecer” e esse “não controle” me causava grande ansiedade!

E foi justamente após uma conversa tranquila e esclarecedora com o especialista do assunto que tive a oportunidade de acalmar meu coração. A partir disso, minha mente fez um paralelo com a minha própria profissão, e pensei:

“Nossa… será que é assim que os familiares de um doente se sentem enquanto esperam notícias e esclarecimentos do médico referente à situação de saúde do ente querido?

Claro que ter um famliar ou amigo adoecido(a) é mais intenso do que ter um carro com problema, mas de alguma forma, naquele instante, senti como se fosse muito parecido.

O mecânico precisou me elucidar os termos técnicos de forma didática, para uma leiga. E eu podia perceber como ele estava simplificando, apenas para que eu tivesse uma noção do que se tratava.

Possivelmente, um familiar recebendo explicações médicas referentes a um ente querido se sinta de forma semelhante. E isso pode ser um ponto chave, um ponto crucial na comunicação profissional-cliente ou médico-paciente/familiares.

O quanto afinal nós estamos atentos a isso? Será que sabemos como é sentir na pele de quem está do outro lado? O lado do “desconhecido” e do “não controle”?

Convido-lhe então a refletir comigo (procure fazer também um paralelo com a sua profissão):

Qual será então o papel de cada profissional frente aos seus clientes?

Quão significativo e impactante se torna nossa postura no sentido de prestar esclarecimentos e explicações de forma calma, paciente, atenta àqueles que recebem nossa dedicação?

Estando do lado de quem “domina o assunto” nem sempre é fácil perceber o outro em seu lugar, em sua condição de “vulnerabilidade relativa” do contexto em questão.

Me parece, desse modo, extremamente valoroso buscar estar atento ao próximo, àquele que nos escuta, que nos recebe, que espera algo de nós.

Quando nos comunicamentos, o que está sendo expresso através de nossas palavras, condutas e gestos?

Qual é a mensagem que desejamos transmitir?

Será que essa mensagem exatamente chegou nos ouvidos do outro?

Quantas falhas de comunicação são possíveis?

Como podemos minimizar essas interferências?

É possível que não consigamos ter uma resposta clara para tantas indagações. Acredito também que se torna mais difícil obter esse sucesso sem perguntar sempre que possível:

Eu consegui ser clara? Ficou alguma dúvida?

Qualquer coisa estou à disposição.

São essas pequenos (grandes) detalhes que talvez façam toda a diferença quanto o assunto é prover esclarecimentos, cuidado e acolhimento.

Fonte: Pinterest

Procure se observar por alguns instantes:

Como tem sido sua comunicação frente àqueles que lhe procuram em busca de auxílio?

Bem, isso são apenas algumas reflexões baseadas em minhas vivências. E você? O que pensa sobre?

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Luana Reis
Releituras da Vida

Releituras da vida. A arte da busca pelo equilíbrio entre o que importa e o que é necessário.