Quando a dúvida bate forte, você vai pela razão ou pelo coração?

Histórias sobre decisões difíceis que chegam quase a nos paralisar

Luana Reis
Releituras da Vida
5 min readApr 19, 2020

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Você já teve que tomar uma decisão daquelas bem complexas, com prós e contras bem balanceados, que levavam a dilemas internos cheios de altos e baixos?

Não sei… analiso… decido…Reinicia o ciclo! HAHA. Fonte: Freepik

Pois bem, tive que lidar com uma dessas essa semana…

Contextualizando brevemente, eu estou no último período do curso de medicina, prestes a abocanhar o diploma! Formatura estava prevista e planejada (há tempos inclusive!) para julho deste ano (2020). Mas… em tempos Apocalípticos de Corona, tudo está incerto e imprevisível.

Após muitas reuniões e deliberações de toda ordem (ministérios da saúde, da educação, diretorias…), foi feita uma proposta aos alunos do último ano dos cursos da área da saúde. Nós fomos convocados, de forma não obrigatória, a realizar um estágio presencial no qual nós trabalharíamos em um hospital de campanha aqui em Belo Horizonte, auxiliando nos cuidados de pacientes mais estáveis e de casos, a princípio, não covid-19 (não sei se isso seria utópico, pois esse vírus é bem espaçoso, mas…). O objetivo desse projeto consiste em aliviar a demanda dos grandes hospitais, para que eles foquem principalmente nos casos mais graves.

A escolha sobre participar ou não, dependia de cada aluno.

A minha racionalidade brincou sagazmente de pesar o que eu ganharia o eu perderia. Prós e contras. Vantagens e desvantagens.

Fazer ou não fazer? Ir ou não ir?

Como a boa libriana que sou, eu fui e voltei nessa decisão várias vezes (ah… não me julga não vai).

Fonte: Capricho (Ignora essa fonte vai, só queria a imagem HAHA)

Conversei com vários colegas, a fim de compreender como eles estavam vendo aquela oportunidade, para que eu pudesse me situar um pouco mais, e não sentir que estava nem sobrevalorizando algo ruim e nem desvalorizando algo bom. E na minha indecisão, após cada conversa, cada bom argumento de um lado ou de outro, eu me balançava em minha própria decisão.

Sim… eu tentava construir e elaborar meu próprio pensamento a partir disso.

Diante da grande angústia de não saber o seria melhor, e de tantos fatores incertos, tantas dúvidas, tantos elementos que eu não controlava, que não poderia prever…!

Percebi então que a racionalidade tinha dado o seu melhor até aqui, ofereceu tudo o que poderia, até o limite.

Disputas internas entre os hemisférios direito e esquerdo. Fonte: Pinterest

Sim, essa análise minuciosa do fato, essa pesquisa foi sim de grande serventia, mas agora eu precisava dar um passo adiante. Um passo em direção a uma decisão que eu pudesse abraçar.

Parei alguns instantes, respirei fundo, e, nos minutos finais disponíveis para o preenchimento do formulário referente a este estágio (só preencheria quem escolhesse participar), me veio um pensamento interno, uma voz no fundo da minha cabeça, de mim para mim mesma:

Lu, faz uma oração, peça intuição do fundo do coração e tenta sentir essa decisão.

Dito e feito. Foi assim que sentei na varanda, pus uma música bonita e agradável (Ave maria — sempre que coloco essa música ela já me leva direto para um estado de conexão transcendente), peguei um bom livro, com lições inspiradoras, e tentei me conectar. Abri a leitura de alguma lição “ao acaso”. Pedi uma intuição a espiritualidade amiga, explorando minha própria transcendência. E orei.

Obs.: Confesso que nunca antes havia tido a oportunidade tão intensa de experienciar o poder de uma oração sincera, sentida no coração, como nessa quarenta.

Nesse momento eu senti, simplesmente, eu senti a decisão expressar-se em mim de forma não verbal.

Senti que deveria aceitar. Mesmo que não tivesse clareza do porque naquele instante.

Sim, eu sei, há pontos a favor e outros contra… mas eu já tinha pensado demais! Meu cérebro estava treinado até. Agora era hora de decidi.

Peguei um punhado da razão (para dar aquela sensação de segurança) e misturei na imensidão de tudo que sentia em meu coração, de toda a força que emanava de dentro de meu ser naquele momento. Da minha subjetividade.

E como diria o bom cristão: entreguei pra Deus!

Preenchi o formulário e, finalmente, abracei a decisão!

O nosso poeta Chorão já bem sabia:

A cada escolha uma renúncia. Isso é a vida.

Bem, se fiz a escolha certa ou não… talvez eu venha a descobrir nas próximas semanas. Talvez isso inspire temas para os próximos textos.

Mas também pode ser uma experiência incrível! Ou talvez seja uma fonte de grande aprendizado. Mas o fato é…

Não se pode ter tudo. Uma vez feita uma decisão, é preciso abraçar aquele caminho com firmeza, e deixar o “e se eu tivesse escolhido diferente…” para trás.

De toda forma, acredito que viver agregue certos riscos inerentes à experiência humana. Viver é se arriscar. É aceitar o não saber, o não controle. Enfrentar o desconhecido.

Agora te convido a olhar para dentro por alguns instantes…

Como você normalmente faz essas escolhas difíceis? É melhor ir pela razão ou pelo coração?

Bem, sinceramente? Acredito que não haja superioridade entre uma estratégia e outra. Na verdade, me parece mesmo é que cada situação irá exigir mais de nossa racionalidade ou mais de nossa intuição.

Por isso, minha amiga/ meu amigo, gostaria de lhe trazer essa indagação:

Quem sabe se o nosso trabalho de artesão, de cozinheiro, de escultor de nossa própria vida, não seria o de modelar, harmonizar e lapidar a dose certa de razão e de coração em cada decisão que tomamos?

E seja como for, que não nos paralisemos, que não deixemos de seguir em frente!

Bem, isso são apenas algumas reflexões baseadas em minhas vivências. E você? O que pensa sobre?

Deixe nos comentários abaixo ou entre em contato via Instagram @luanareis_m.

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Luana Reis
Releituras da Vida

Releituras da vida. A arte da busca pelo equilíbrio entre o que importa e o que é necessário.