Sobre a alternância dos ciclos de produtividade na vida

Entre altos e baixos. Disciplina e procrastinação. Há tempos de criar e tempos de regenerar.

Luana Reis
Releituras da Vida
5 min readJan 24, 2021

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Não sei se acontece assim com você também…

Mas já observou que há alguns instantes da vida em que nós estamos em nossa melhor performance?

Estamos mais produtivos, criativos, disciplinados, cheios de planos e ideias…

Já em outros momentos… bem, nem tanto assim. Ou até mesmo… bem distante disso.

Estamos mais para procrastinadores, cheios de desculpas como “quando isso acontecer… eu começo…”. Dominados pelo bloqueio criativo, bloqueio da ação, falta de energia.

Caso você tenha se identificado, declaro e assumo: recentemente passei por uma aguda oscilação como as descritas acima em minha vida.

Art by Pinterest

Sim, não foi a primeira e… é desconfortável admitir que, muito provavelmente, não será a última.

Como o ciclo da vida biológica que flui em contração e expansão, a vida mental também tem seu ritmo. De forma breve, consigo destacar 2018 como um ano extremamente produtivo em termos acadêmicos-profissionais, 2019 como uma manutenção dessa intensidade e 2020 como um ano de metamorfose em muitos aspectos.

Claro, não só para mim. 2020 foi (observe este verbo já está no PASSADO) um ano histórico. Vai marcar livros de histórias e artigos científicos de toda ordem.

Mas nesse caso estou querendo tratar mais da perspectiva pessoal. O ano de 2020 foi quando eu concluí a faculdade de Medicina (em maio/junho), comecei a trabalhar, saí de casa para morar sozinha… e tantas outras coisas que não vêm ao caso detalhar.

O fato é: após 1 ano e meio publicando textos neste blog, semanalmente, sem falhar (até mesmo escrevi um texto falando da importância da consistência de grandes hábitos: O poder da consistência: por quanto tempo você consegue manter um novo hábito?), eu percebia que, aproximando-me de agosto… setembro… foi ficando cada vez mais difícil ter um texto publicado aos domingos, como de costume.

Anteriormente, eu conseguia escrever o texto ao longo da semana. Movida por uma força de disciplina, eu conseguia arrancar de mim alguma experiência significativa dos últimos dias, a fim de inspirar uma boa reflexão para o blog.

Normalmente, chegava aos domingos e faltava apenas alguns ajustes finais para publicar e divulgar o texto. Até que, cada vez mais, devido a sobrecarga das mudanças recentes, comecei a chegar no dia de publicação sem se quer ter começado ou pensado sobre algum tema.

Até que… em uma bela semana, com um final de semana cheio de compromissos, uma semana cansativa de trabalho, pensei:

É… é duro admitir… mas essa semana não vai dar.

E assim foi também na próxima.

Até que precisei assumir: tempo de férias. Precisarei de uma pausa para “reorganizar a casa interna”.

O curioso é que não era apenas o Blog que estava em crise nessa época. A segunda metade de 2020 foi um desafio intenso para mim. Uma verdadeira metamorfose interna, externa, impactando diversas áreas da minha vida.

Em certa época eu apenas conseguia acordar, ir à academia (hábito antigo que fiz questão de não abrir mão), chegar em casa, comer, tomar banho, ver série, dormir. No dia seguinte, reiniciava o ciclo.

Foram tempos turbulentos. Cheguei até mesmo a atrasar pagamentos das contas da casa, esquecer pequenas coisas com frequência, por dificuldade de me organizar na vida mesmo.

Não estava mais envolvida em nada sofisticado ou criativo. E para quem me conhece mais de perto, isso não é mesmo meu habitual.

De tempos em tempos, pessoas me mandavam mensagem perguntando se eu tinha parado de escrever… ou quando eu iria voltar.

Quando eu lia isso, me batia um pequeno aperto no peito, que me dizia:

Não sei porque, não sei como, mas preciso voltar.

Após sentir que “minha casa interna” começava a se reestruturar, inclusive assumindo um novo formato, quem sabe até mesmo em upgrade, sentia crescer dentro de mim o desejo crescente de “retornar ao jogo”.

Temas começaram a surgir em minha mente. Ideias começaram a fluir. A matéria prima estava em mim. Mas ainda faltava algo…um ingrediente essencial, como o fermento de um bolo: “O PRIMEIRO PASSO, A AÇÃO”.

“Ideias sem ação, são apenas ideias”

Eu tinha tudo, ou quase tudo, mas ainda não tinha executado. E ideias lindas sem prática, são apenas ideias que começam lindas e, depois, com o tempo, perdem sua força, sua beleza, e ficam dissolvidas por ai em pensamentos.

Foi quando, no ápice da minha preparação interna, após 1 mês me sentindo assim, uma amiga (Ana Luiza) veio me perguntar se eu tinha um texto que abordava a espiritualidade e a prática em saúde, para ser publicado em uma revista relacionada ao tema, de um projeto que ela estava envolvida. Ela sabia que eu gostava de escrever e sabia que eu tinha envolvimento com o tema por ser um assunto em comum para nós.

Aí estava FEITO! Eu fiquei muito feliz e grata. Eu sabia em meu coração: aquela era uma oportunidade de ouro. Não poderia perder. Seria o meu impulso, o estímulo que estava faltando, a energia de ativação!

A ideia para o texto já estava em minha mente, retrataria uma vivência real, recente, a qual produziria uma boa reflexão. Bem ao estilo que eu gosto.

Não perdi tempo. Sentei o “bumbum” na cadeira, liguei o PC.

Logo senti um desconforto por iniciar a escrever.

Um desconforto muito conhecido por mim, mas sabia também que, bastava começar a escrever, deixar fluir, que ele iria embora logo, logo.

Então comecei. Mesmo com medo, com desconforto. Fui lá e fiz. E não parei enquanto não havia terminado.

Eu sabia que “meu cérebro” precisava entender: eu disse que eu ia fazer dessa vez, e eu vou fazer.

Era tudo que eu precisava para girar a chave e dar partida ao novo movimento.

E assim foi. Texto publicado (Caso tenha interesse, segue o texto: “A espiritualidade poderia impactar o cuidado em saúde?”). Mesmo com todos percalços, obtive feedbacks e comentários de pessoas que me estimularam mais e mais.

Outra vez, gratidão. Por todo o aprendizado nesse processo.

Bem… e quanto a você? Até quando você pretende adiar esse PRIMEIRO PASSO, esse precioso start?

Um professor de academia uma vez me marcou ao dizer:

“O passo mais difícil da corrida é o primeiro. O primeiro para sair de casa.”

Muitas vezes temos uma série de interrogações e indagações sobre “como” ou “quando” começar algo. Ficamos esperando o momento perfeito, ideal.

Guess what?”

Não existe esse momento. Esse momento é você quem faz, você quem cria.

Coloque o pé e a vida coloca o chão.

Comece, aja, faça. Ao longo do percurso, a gente vai modelando, ajustando.

Como ao andar de bicicleta, o equilíbrio se faz no movimento.

Bem, isso são apenas algumas reflexões baseadas em minhas vivências. E você? O que pensa sobre?
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Luana Reis
Releituras da Vida

Releituras da vida. A arte da busca pelo equilíbrio entre o que importa e o que é necessário.