Crítica: Com Joaquin Phoenix, “Coringa” entrega um filme extraordinário e icônico.

Lucas Almeida De Sousa
CRITTIQ
Published in
3 min readOct 3, 2019

Trazendo como história a origem de um dos vilões mais memoráveis de todos os tempos, o filme surpreende em todos os sentidos.

Quando anunciado pela primeira vez em 2017, “Coringa” já veio ao público como uma ideia amarga. Com a repercussão extremamente negativa de “Esquadrão suicida”, que traz o mesmo vilão para o longa, poucos acharam a necessidade de haver um filme solo do grande arqui-inimigo do herói Batman. A ideia trouxe mais incerteza ao anunciar o diretor e também roteirista Tod Phillips, que entre outros dirigiu a trilogia Se beber não case. Os anos passaram e o projeto amadureceu com o anúncio de Joaquin Phoenix no papel principal. Agora, em sua semana de estréia, o filme encantou a todos por onde passou, trazendo um dos melhores filmes feitos dos últimos anos.

A ideia primordial do filme é, acima de tudo, contar uma história de origem. Em Coringa, acompanhamos a história de Arthur Fleck. Um adulto tentando lidar com seus problemas mentais em sua vida difícil com sucessivas derrotas e como isso o levou a se tornar um grande vilão.

O maior desafio era entregar uma história que criasse empatia com um vilão e o filme faz isso com maestria. Em parte, vem do roteiro de Phillips e a outra pela incrível atuação de Joaquin Phoenix. Aqui vemos um daqueles casos raros onde o ator vai ser lembrado para sempre do papel que fez. Phoenix tinha uma difícil missão de se igualar a Heath Ledger, o Coringa de Batman: Cavaleiro das trevas e aqui ele consegue entregar algo melhor. No primeiro ato, a conexão com o público é criada através de pequenos momentos que constrói o caráter da personagem lentamente.

Com isso, traz a sensação constrangedora de assistir ao filme, porém esse sentimento é proposital. Com o passar dos minutos você esquece que se trata de um vilão em cena e passamos a entende-lo mesmo que você não queira. Contudo, o filme volta a te lembrar de que se trata da história de um mal sendo criado. Ao passar de cenas, vemos o personagem crescer quando ele decide finalmente tomar decisões para tentar ter uma vida melhor e o filme traz isso de maneira física e psicológica. Da forma de como ele anda até de suas atitudes.

A partir de sua segunda parte, o filme começa a trazer para sua narrativa discussões importantes e significativas que moldam o personagem. O fato de ele ser o espelho de uma cidade suja e desamparada. Ele se tornar um personagem público que incita o caos (que é uma crítica direta a pessoas que relacionam o personagem a massacres) e a discussão mais importante que é, como a sociedade lida com pessoas debilitadas mentalmente.

Tudo nos leva a um estudo de personagem e da sociedade, com uma narrativa muito forte que se molda ao passar dos minutos. Em um momento, vemos uma cena puramente violenta que ao final dela causa risos daquilo que parece moralmente errado, em outro vemos o próprio filme dizendo a você que isso que você fez, foi errado. Isso constrói camadas, mostrando que não é a apenas mais um filme com violência gratuita e sim que ele possui uma mensagem muito importante para te dizer.

Coringa tinha tudo para ser um desastre completo. Ainda assim, traz um filme original, cativante, lindo, emocionante e estranhamente humorado. Com uma atuação incrível de Joaquin Phoenix, ele traz algo novo para o gênero de filme de super-herói, uma forma de discutir temas importantes de maneiras mais adultas através de grandes personagens dos quadrinhos.

Para quem precisa de nota: 10/10

Uma observação

Quando as primeiras críticas foram liberadas para o público, sempre ao final delas havia uma pequena parte onde comentava-se que o filme não incita a violência. Nesse caso, essa é minha observação sobre o assunto.

Os problemas que ocorrem na vida do protagonista que o levam a loucura são muitos específicos, isso significa que ele não é um convite para levar tiroteios a escolas ou cinemas, muito pelo contrário. O filme e todos os envolvidos da produção sabem a responsabilidade que tem ao passar isso em algo tão polêmico e mesmo com todos os assuntos que é abordado durante a narrativa, ainda sobra um grande espaço para falar que:

“ ESPALHAR A VIOLÊNCIA É ERRADO. NÃO FAÇA ISSO! ”

--

--

Lucas Almeida De Sousa
CRITTIQ
Editor for

18 anos, morador de São Paulo, Brasil. Sempre tive entusiamo para escrever e tirar fotos. Futuro jornalista e se tudo der certo, escritor também.