Crítica: Com uma história simples e concisa, “El Camino” é uma das melhores surpresas do ano.

Lucas Almeida De Sousa
CRITTIQ
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4 min readOct 16, 2019

Seis anos após o termino da série, o universo de “Breaking Bad” retorna de forma familiar para contar o final de Jesse Pinkman.

A série televisiva Breaking Bad, lançada em 2008 e com o seu término cinco anos depois, é considerada um dos melhores seriados de todos os tempos. Seis anos após seu encerramento, Vince Gilligan, criador original da série anuncia um filme derivado do universo de Heisenberg. Desta vez, Jesse Pinkman (Aaron Paul) é o protagonista da história. Filmado em segredo e anunciado de surpresa, El Camino responde a dúvida do grande final da quinta e última temporada da série. O que aconteceu com o ajudante de Walter White?

Aqui vemos novamente um caso de anúncio amargo. Quando o derivado veio a público, a pergunta feita era se precisava retomar um acontecimento de seis anos atrás, que terminou se consolidando como um dos melhores finais já feitos. Contudo, com uma história concisa e simples, El Camino retoma aquilo que há de melhor no universo criado pela série trazendo um final para Jesse Pinkman.

Um dos pontos fortes do filme, é que ele começa no momento que a série acaba. Vemos Pinkman, fugindo do cativeiro dentro de um carro que leva o mesmo nome do derivado. Aqui se vê uma das grandes características de Breaking Bad, o fim e o começo intenso. O final e o início de temporadas de maneira reveladora ou em ação constante, traz a sensação mergulhar dentro da série novamente e sentir que está vendo um “super-episodio” de final de temporada.

O filme em seu todo é um encerramento de arco, logo ele não perde tempo em explicações desnecessárias. As duas horas de filme são focadas totalmente em Jesse Pinkman- interpretado de maneira excepcional por Aaron Paul- que possui uma evolução notável e isso passa a ser o grande ponto da narrativa, retomar aquilo que já era estabelecido.

Aqui, vemos ainda o mesmo adolescente inocente que começou a fazer drogas com o professor de química. Traumatizado por viver em cativeiro durante muito tempo, Jesse tenta lidar com a realidade de fugitivo enquanto procura algum lugar para ir. Porém, sabemos, que se ele for o mesmo personagem que sempre conhecemos ele não chegará a lugar nenhum. Em certos momentos do filme você pensa para si mesmo “Você ainda continua assim Jesse? ”. O garoto ingênuo ainda está lá, porém assim como qualquer outra temporada ou episódio regular de Breaking Bad, há o ponto de virada.

O filme usa de maneira bem dosada o recurso de Flashbacks, onde se possui uma ideia por trás. Personagens que não lembrávamos, uma indicação do destino de Jesse Pinkman, uma lembrança de alguém querido (ou não). Todos são usados como elementos narrativos. Um deles é a tortura e os tempos difíceis em cativeiro. Trazendo cenas desconfortáveis e de tortura, você sente pena do personagem que usa desse mesmo recurso para conseguir algo na narrativa, assim como na série. Quando o personagem interpretado por Robert Foster aparece, o ponto de virada ocorre. Trazendo efeito em apenas uma frase estilo Breaking Bad, Jesse Pinkman possui a evolução que ele precisava para conseguir seu objetivo.

Do segundo ato até o encerramento, Jesse corre atrás de seu plano de fuga. Nesse momento, para alguns, pode haver um ritmo um pouco lento para as coisas acontecerem. Contudo, assim como o personagem e o uso de elementos narrativos, a série nunca se apressou ou usou de ação desnecessária para contar uma boa história. É exatamente o que acontece aqui. Gilligan usa todos os seus recursos e tempo em tela para você se reconectar com aquele mundo novamente. As maravilhosas cenas de sob o deserto, os devaneios dos personagens e diálogos memoráveis entre queridos personagens fazem parte de uma nostalgia pura e de bom gosto.

El Camino é uma história fechada, simples e feita de maneira carinhosa pelo mesmo criador do material fonte. Trazendo um final satisfatório para um personagem querido e fazendo você retornar a um universo cativante, o filme de Breaking Bad é um ótimo deleite para aquele é fã e sentiu vontade de retornar aquele mundo e rever aqueles personagens.

Para aqueles que precisam de nota: 8/10

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Lucas Almeida De Sousa
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18 anos, morador de São Paulo, Brasil. Sempre tive entusiamo para escrever e tirar fotos. Futuro jornalista e se tudo der certo, escritor também.