Crítica: Tentando responder apenas perguntas dos fãs, “ A ascensão Skywalker” é um final fraco para uma franquia grandiosa

Episódio IX aposta em grandes reviravoltas e cenas grandiosas, mas acaba entregando um roteiro acelerado e um final problemático para a saga Skywalker.

Lucas Almeida De Sousa
CRITTIQ
4 min readDec 24, 2019

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Diferente das outras críticas isoladas que você pode encontrar neste Medium, antes de falarmos sobre o final derradeiro da franquia Star Wars (pelo menos até o presente momento) vamos fazer um apanhado sobre o que aconteceu nessa nova trilogia. Através dessa rápida retrospectiva, podemos entender um pouco mais sobre o último filme.

Começamos então, em 2015, com o Despertar da força”. Dirigido por J.J Abrams, um dos criadores da série lost e diretor de Star Trek (2009). O primeiro filme da nova trilogia traz elementos nostálgicos e conhecidos da saga. Conhecido pela crítica como uma “Refilmagem do episódio IV”, o longa pouco se arrisca e copia elementos do primeiro filme lançado em 1977. Porém, ele traz um novo rosto para franquia com novas ideias promissoras para o futuro.

O que se provou em sua sequência dois anos depois, com a direção de Rian Johnson. O Episódio VIII da saga Skywalker titulado como “Os Últimos Jedi” se arrisca de forma inesperada, trazendo novos caminhos para a saga. Com cenas grandiosas e um roteiro quase prefeito, o filme explora de forma bem-feita os novos e antigos personagens. Misturado com cenas grandiosas e emocionantes, pode-se dizer que o penúltimo capitulo da franquia é um dos melhores Star Wars já feitos.

O que nos leva ao último momento da saga iniciada a 40 anos atrás. O episódio IX que trouxe o nome de “A ascensão Skywalker”, retorna novamente com a direção de J.J Abrams. Após a morte de Luke Skywalker, o filme narra os acontecimentos finais dos personagens junto do retorno de um velho inimigo.

Ao subir das letras iniciais acompanhado com o tema clássico de Star Wars, junto vem um aperto no coração. Saber que pode ser a última vez que isso rodará nas telas dos cinemas, uma emoção vem carregada combinada com um otimismo sobre o que estar por vir.

De início, o que vemos é muito interessante. A volta do grande imperador Palpatine traz mistério à nova narrativa, apesar de ser algo difícil de responder o filme encontra uma solução aceitável, através do arco do novo vilão Kylo Ren (Adam Driver) que ocorre logo nos primeiros 2 minutos. Em seguida, as coisas começam a desleixar

No primeiro ato do filme, o roteiro e o diretor estão mais preocupados em desfazer conceitos que o filme antecessor trouxe para a franquia. Em paralelo, ele mostra o objetivo dos nossos heróis de forma bem expositiva e acelerada, não deixando tempo para o público absorver as novas ideias. O que tira muito da emoção de cenas da Leia, interpretada pela falecida Carrie Fischer.

Porém, dentre a narrativa e ideias afobadas um espirito de Star Wars ainda se mantém mostrando que logo a frente você verá uma grande aventura, misturada com os novos e antigos personagens dentro da Millenium Falcon. Isso dura até o início do segundo ato, onde eles voltam a responder perguntas que já estavam com ótimas respostas e pontos finais decididos. Logo depois, esse espirito se quebra com a separação novamente das personagens.

Durante o resto do segundo ato, ele explora cada vez mais a força da Rey (Daisy Ridley) e de Kylo junto da ligação misteriosa que eles possuem. Isso se demonstra um ótimo ponto forte do filme. Ele melhora conceitos já trazidos pela nova trilogia e adiciona mistérios durante a história. Quando passado um pouco mais da metade do tempo de duração, ele deixa de lado o conceito mais interessante e começa a apostar em revelações sem sentido que mais enfraquecem do que melhoram a narrativa.

É neste momento que tudo começa a desandar. Quando o folego do filme aparece, é quando se percebe a falta de personalidades das personagens. Enquanto uns se tornaram apenas ferramentas para a história continuar a frente, outros são apenas recursos para cenas de ação ou simplesmente não fazem nada.

O único arco que realmente se torna muito satisfatório durante o longa é o de Kylo Ren. Misturado com dor e angustia, ele ainda tenta se encontrar. O que traz boas cenas de Adam Driver, que se mostra um bom personagem com cenas emocionantes e com um desfecho satisfatório.

Com as 2h21min quase chegando ao fim, você ainda vê o erro mais evidente do filme. Junto disso, cenas que remetem aos filmes anteriores, algumas carregadas de certas emoções misturado com a nostalgia, outras… nem tanto.

O desfecho do filme vem junto dos seus grandes problemas. O final do terceiro ato é misturado com cenas grandiosas de uma batalha épica e facilidades do roteiro. O clímax é estabelecido entre os personagens principais contra o grande mal, que se demonstra muito ameaçador, porém mal aproveitado. Logo em seguida, vemos a parte mais sem sentido do filme. O roteiro desconstrói a sua melhor vantagem, levando a narrativa para um caminho que perde totalmente sua essência.

Star Wars: A ascensão Skywalker é um filme muito difícil de se digerir, mesmo que alguns não queiram. Após uma jornada de 40 anos em uma galáxia muito distante, o filme deixa a desejar. Ele perde a coragem de se arriscar e prefere se prender a conceitos e perguntas antigas já respondidas. No geral, ele possui sua beleza de mostrar um pouco mais desse maravilhoso universo com lutas espaciais e a vida dentro dele, porém ele traz um final vazio e pouco emocionante para uma das melhores franquias que já existiu.

Para aqueles que precisam de nota: 5/10

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Lucas Almeida De Sousa
CRITTIQ

18 anos, morador de São Paulo, Brasil. Sempre tive entusiamo para escrever e tirar fotos. Futuro jornalista e se tudo der certo, escritor também.