Abelha em um girassol (Foto: Milene Amoriello Spolador)

Este não é um texto de auto-ajuda

Milene Amoriello Spolador
Lugar Nenhum
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4 min readJul 19, 2018

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Preciso ser sincera desde o início: este é um texto que vai trazer muito mais perguntas e praticamente nenhuma resposta. E já que deixamos isso claro já na largada, sem criar ilusões mútuas entre esta que humildemente escreve e você que por algum motivo resolveu ler estas linhas, existe uma chance de que ao final surja digamos que uma luz, uma fagulha interior que poderá nos guiar, a cada um, para sua própria resposta.

Vida. Você certamente já ouviu alguém dizer que a vida é aquilo que ocorre entre o nascimento e a morte. É como se ela fosse esses sucessivos dias e noite, onde o sol nasce e se põe, a lua surge e se esconde, você trabalha, se alimenta, assiste à TV ou lê algo e com sorte aprende uma ou duas coisas, afaga um bichano no chão e vai dormir. E isso tudo se repete e repete e repete até que cedo ou tarde chega ao fim.

Fato é que estamos vivendo em um mundo rápido demais e mal temos tempo para nos concentrarmos em coisas realmente significativas. Entra-se em uma espiral de repetição, de hora marcada e de compromissos não tão importantes, que vão sugando o tempo, a disposição e não é exagero nenhum dizer que podem sugar a alma e o brilho nos olhos.

Assim, a vida passa a ser controlada por outras pessoas, suas prioridades não são suas de verdade, desaprende-se a dizer não, por medo de magoar, medo de perder o emprego, medo de decepcionar os outros, medo puro e simples. Então você sorri e concorda, e a vida continua em sua repetição constante, um verdadeiro aprisionamento, e neste ponto as pessoas ou se conformam ou se inquietam.

Aqueles que se conformam passam a ver a vida como se esta fosse um barco à deriva em uma represa - não se pode ir muito longe e não se tem controle algum sobre o caminho a seguir. Já outros passam a encaram a vida como se estivessem em uma jangada em meio a um mar inquieto, que acaba por te induz a buscar novos caminhos, explorar, mas não te concede longos períodos de calmaria. Quem está certo ou errado? Não sei. Será que alguns dos conformados de hoje foram os buscadores de outrora? Pode ser.

Fico pensando se aqueles que se encaixam na primeira categoria não teriam seus momentos de inquietude. Aquelas noites nas quais se questionam se realmente a vida é apenas sobreviver aos sucessivos dias até quando lhe for permitido. Será mesmo que a única coisa que lhes caberia na vida é se conformar, afinal as coisas são como são e é isso que é? Será que é tão ilusório assim acreditar que de vez em quando um remo pode surgir e te dar algum controle?

E será que aqueles que se encaixam na segunda categoria não teriam momentos em que tentam se convencer de que talvez, quem sabe, um pouco de conformismo não faria mal a ninguém? Questionando-se inúmeras vezes por que raios essa inquietação? Por que simplesmente não sossegam e deixam a vida seguir como está?

Busca. Um sábio certa vez disse: “a verdade vos libertará”. Mas qual verdade, se descoberta, poderia fazer com que este aprisionamento deixasse de existir? Qual é a sua verdade?

Qual é a sua missão nesta aventura que ocorre entre o nascimento e a despedida?

Sim, pois existe a verdade do líder religioso, da avó, dos pais, do tio, do chefe, do guru e que podem de alguma forma até ajudar nesta busca pela nossa verdade pessoal, mas não se pode viver a verdade de outra pessoa, não é mesmo? Afinal de contas estas outras pessoas, por mais bem intencionadas e sábias que possam ser, não vão viver suas frustrações nem sentir sua dor por seguir por um caminho que não é o seu.

Qual é a sua verdade? O que traria mais sentido para a sua vida? Qual causa você gostaria de abraçar? Qual é a sua missão nesta aventura que ocorre entre o nascimento e a despedida? O que te realiza?

Para responder a estas questões talvez seja necessário que a água abra caminho, deixando de ser represa, transformando-se em rio que flui em direção ao mar.

Não saberei, e nem pretendo, lhe responder a todas estas questões, caro leitor, mas tenho certeza que lá no fundo você sabe onde se encaixa e talvez possa até se perguntar o quanto a sua forma de encarar a vida te faz bem ou mal e o que ela tem te trazido como resultado.

Pequeno barco azul atracado no mar (Foto: Milene Amoriello Spolador)

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Milene Amoriello Spolador
Lugar Nenhum

Senior Product Manager | Digital Innovation, Strategic Planning | Product & Career Development Mentor