Governança de Dados & Inteligência Artificial
O assunto do momento
Se você faz parte há um tempo do mundo de dados, ou mesmo é um iniciante, provavelmente já se deparou com a chamada da Harvard Business Review onde dizia que o cientista de dados seria a profissão mais sexy do século 21. De certo modo, houve um grande “boom” no tema de dados, e o Cientista de Dados foi o grande foco.
Correndo mais veloz nos últimos anos, vem a Inteligência Artificial. Existem artigos dos anos 90 que já citavam a Inteligência Artificial como algo a ser observado no futuro, porém o grande alarde veio em novembro de 2022, com o lançamento do ChatGPT 3.5.
Antes um assunto muito acadêmico e principalmente dito em ambientes tech, a IA foi democratizada, de forma que pessoas fora da bolha entendessem seu poder e o impacto que esta poderia causar. Tamanho impacto que seus avanços causam discussões calorosas nas redes sociais sobre até onde podem ir e seus impactos, positivos ou negativos.
O assombroso avanço da IA nos últimos anos, ou mesmo meses, faz com que seja quase inimaginável supor seus limites, causando uma enorme empolgação e despertando o interesse de usuários e empresas em como aproveitar ao máximo seu valor.
Os possíveis cenários desse novo horizonte…
Nas últimas semanas, foi anunciado o avanço da SORA, uma IA que produz conteúdo audiovisual. Este anúncio foi o suficiente para gerar um frio na barriga quando pensamos no futuro, pois eu posso criar filmes incríveis e revolucionar experiências com a mesma, da mesma forma que posso criar fake news e usá-la para o mal.
Os demais produtos de IA Generativa seguem a mesma direção, resguardadas suas devidas peculiaridades. Porém, cabe a nós buscarmos utilizar da melhor forma possível e extrair o máximo recurso das IAs, sempre com ética e respeitando todos os devidos direitos legais.
E é neste momento que se torna extremamente necessária a governança dos dados relativos à IA.
A importância de exercer uma boa governança de seus dados neste contexto
Cada vez mais, as empresas entendem que a governança de dados não é um processo burocrático no meio do ambiente corporativo, mas sim um pilar. Ter uma estrutura de governança de dados em sua empresa, e não somente uma estrutura, mas sim uma cultura de governança, faz com que as tomadas de decisões e o controle de informações fiquem cada vez mais assertivos e seguros.
Hoje, qualquer mínima ação no dia a dia gera um dado, e este dado pode se tornar um poderoso ativo para uma tomada de decisão futura. Porém, este dado sem seu devido tratamento pode acabar se tornando uma enorme dor de cabeça. Seja por conter um conteúdo sensível onde não deveria ser exposto a qualquer usuário, ou mesmo por estar em um formato que praticamente impeça seu uso, a falta de controle dos dados pode transformar seu principal ativo em uma enorme pedra em seu sapato.
Basta imaginarmos um cenário hipotético, onde uma empresa de varejo quer entender como anda o desempenho de seus franqueados para tomar decisões sobre renovação ou não de contrato. Imagine que você precisa tomar esta decisão em um curto espaço de tempo, e seus dados estão perdidos em bases distintas, sem qualquer controle de acesso, em formatações e padrões que exigem ser decifrados e tratados por dias ou mesmo semanas, tudo porque foram largados de qualquer jeito. Esta é a realidade de muitas empresas, onde a falta de governança de dados cria-se uma bola de neve de problemas que dificultam ao máximo o seu dia a dia.
Sendo assim, exercer uma boa governança de dados significa possuir um conjunto de processos, políticas, padrões e procedimentos que garantam a qualidade, a integridade, a segurança e o uso eficaz dos dados dentro da sua organização. Abrangendo a definição de papéis e responsabilidades, a implementação de práticas de gerenciamento de dados, a criação de políticas de segurança da informação, além de garantir conformidade com regulamentações e padrões específicos da indústria.
Afinal, qual o impacto da Governança de Dados no mundo da IA?
A inteligência artificial generativa nada mais é que uma inteligência artificial que gera novos dados baseada nos conteúdos e dados que lhe foram fornecidos; ou seja, ela é treinada e aprende conforme alimentamos ela com novos dados.
Pensando assim, fica simples entender o tamanho da importância da Governança de Dados nos processos pré-desenvolvimento das IAs. Uma empresa que exerce uma boa governança terá dados válidos, confiáveis, que passaram pelos critérios de LGPD e Legais, e após tudo foram tratados e validados pelos devidos Business e Data Owners.
Uma vez que sabemos que o dado é totalmente confiável e verídico, podemos inflar nossas IAs com conteúdos que atendam as regulamentações jurídicas existentes e que gerarão insumos úteis aos projetos em que forem acionadas. Imaginemos o inverso, uma IA treinada com dados sem padrões, que desrespeitassem a LGPD, falsos (ex: fake news), sem validações do time Legal e de Segurança. Quais os riscos que sua empresa estaria exposta? Imagine isso em uma IA que é entregue ao público externo.
Lembremos do caso da Bard, rival do ChatGPT, onde em sua estreia trouxe dados errados e as ações da empresa despencaram. Não precisamos ir tão longe para ver os riscos a que estamos expostos em uma não governança de dados num contexto de IA.
Conclusão
A Inteligência Artificial Generativa é e será por muito tempo o assunto do momento em grandes organizações. Toda praticidade e produtividade que ela ocasiona impactarão gerações e gerações. Porém, de nada adianta tamanho avanço sem suas devidas precauções e cuidados. Neste cenário a Governança de Dados torna-se o principal pilar, não que tenha deixado de ser em algum momento dentre todas as empresas do mundo de tecnologia.
Portanto, cabe a empresa exercer a governança focado em transparência, controle dos dados, total conformidade com as legislações locais e internacionais, mantendo uma qualidade e padronização de informação e principalmente potencializando todo o processo de agilidade para ações do compliance. Tudo isso faz com que a empresa tire um proveito máximo de soluções de IA, bem como se protege de inúmeros riscos deste mar de dados existentes e futuramente criados.
