Fonte: Unsplash

O chamado das valquírias

As valquírias estão recrutando e eles deram o azar de encontrá-las.

Luis Arévalo
Published in
3 min readMar 14, 2022

--

Depois de três dias presos naquela ilha Yorn e seus homens estavam ansiosos para se aventurar no mar. Mas os deuses tinham outros planos para a tripulação do Algoz.

A embarcação foi atingida por uma forte tempestade no primeiro dia de viagem e a fúria das águas os empurrou de volta à ilha.

— O que acontece aqui? — Yorn perguntou à ninguém enquanto olhava para o mar.

Três de seus homens haviam morrido durante a briga com a tempestade e agora a tripulação do Algoz era de apenas quinze guerreiros. Cinco deles doentes e feridos.

— Os deuses estão nos testando... — O capitão conjecturou e olhou para o céu em busca de algum sinal.

— Não há teste nenhum, capitão. Não há deus algum. — A voz de uma mulher o respondeu.

Yorn e seus homens olharam com espanto para a guerreira de cabelos loiros e olhar perigoso que havia se manifestado bem no meio do acampamento.

Ninguém vira de onde ela havia surgido.
Todos notaram a espada suja de sangue que ela carregava.

— Quem diabos é você? — Yorn desembainhou sua espada e se aproximou dela.

— Sou a nova capitã dessa lamentável embarcação. — A guerreira apontou sua espada para o barco quebrado que descansava na praia.

Os homens riram e Yorn ficou cara a cara com a mulher.

— Palavras ousadas para quem está sozinha. O que nos impede de cortar sua cabeça e oferecer como sacrifício a Odin, guerreira?

A resposta veio na forma de uma chuva de flechas e lanças. Gritos de dor ecoaram pelo acampamento e em segundos quatro homens estavam no chão, sangrando e incapazes de lutar.

A mulher desarmou Yorn com um golpe rápido e ágil de sua espada e, mais rápida do que um raio, sua lâmina separou a cabeça do guerreiro do resto de seu corpo.

Os demais membros da tripulação do Algoz se agruparam, escudo ao lado de escudo, todos prontos para lutar.

Deixando a cobertura das árvores da ilha um pequeno exército de mulheres armadas e com olhares de meter medo na alma de qualquer guerreiro se aproximaram de sua líder.

— Ouçam, guerreiros! Sou Higrid, das valquírias. — A guerreira de cabelos loiros disse e pisou na cabeça de Yorn.
Ela esperou até ter certeza de que possuía a atenção de todos ali.

— Nós temos uma batalha à travar e precisamos da alma de heróis. Vocês podem tentar resistir ou podem vir conosco e fazer o que guerreiros fazem de melhor.

Um dos homens deu um passo a frente.

— É Odin quem as enviou para nos convocar?

— Thor pede por nossas armas? — Outro quis saber.

Higrid cuspiu no chão e guardou sua arma.

— Seus deuses encontraram outra forma de sobreviver ao Ragnarok e os abandonaram à sua própria sorte, mas as valquírias continuam convocando. A última batalha se aproxima e precisamos de um novo exército.

— E você precisava ter nos atacado? — O primeiro homem a falar questionou. — Yorn poderia ter aceitado sua proposta. Por que não nos deu uma chance de decidir sem derramar sangue desnecessário?

A guerreira chutou a cabeça do líder morto e riu.

— Yorn, mesmo não sabendo, tinha o sangue de Thor em suas veias. Nós não toleramos sangue covarde e ele jamais teria nos dado sua alma de bom grado, sabemos disso.

Então todas as outras guerreiras fecharam o cerco ao redor da tripulação do Algoz.
Higrid cruzou os braços e voltou a perguntar.

— Vocês nos darão suas almas ou morrerão nesta ilha? Decidam logo, os nove mundos estão ficando sem tempo e eu estou sem paciência.

Gosta dos meus contos? Receba novas histórias direto no seu e-mail! Assine minha Newsletter.

Conheça mais sobre meu trabalho e veja os links para minhas redes sociais lá no meu link tree, cliquei aqui.

--

--

Luis Arévalo

Autor de A FILHA DO FOGO, obra vencedora do prêmio WATTYS 2018 no Wattpad. Estou aqui para falar de escrita criativa e livros!