“Bipolar Show”: um talk show às avessas

Luiz Filipe Paz
Luiz Filipe Paz
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4 min readJan 17, 2018

Pois é, minha gente! O capítulo de hoje vai falar um pouquinho sobre o mais novo programa de entrevistas do Canal Brasil! Embora tenha gente que afirme que não é apenas um programa de entrevistas, mas enfim…..

Depois de descobrir “Afinal, o que querem as Mulheres”, Melamed realizou mais uma viagem xamânica e foi parar nesse projeto completamente maluco da TV brasileira (gente, sério, é um programa de reflexões profundas)! Como bem diz nossa musa MC Carol:

“Carai, bateu uma onda forte!”

“Bipolar Show” é o primeiro programa performático de nossa televisão. Misturando entrevistas, encenações e música, o real se confunde com o fictício em vários dos episódios. Mas, afinal, o que é real e o que não é? Será que tudo não se resume à construção de rótulos e gêneros impostos? Do “Jornal Nacional” às novelas, de séries ao Futebol: tudo perpassa pelo melodrama, construção de arquétipos e de narrativas. E é também (mas não só) a esse ponto que a atração quer chegar e problematizar, de forma bem humorada e, por vezes, irônica.

Como todo bom formato de entrevistas, Michel inicia cada programa com frases que você para e pensa “cara, como nunca pensei nisso antes” hahaha Por exemplo, “Vamos amar menos o próximo e amar mais o atual” e “Nossa vida só vai pra frente quando desapegamos das frases de Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu”. GE-NI-AL!!

A atração, além de um número musical ao final de cada programa com revelações da MPB, possui dois quadros fixos: o “Questionário Bipolar” e o “Pergunta Telepática”. O primeiro se resume aquele bate-bola, jogo rápido que já estamos acostumados a assistir, mas executado de uma forma um tanto quanto inusitada: o convidado tem de responder perguntas como “zíper ou escuridão”, “caderno ou elefante”, e por aí vai! Já no segundo, o apresentador pede para que o convidado da vez olhe para uma das câmeras do estúdio e finja que ela está fazendo uma pergunta telepática a ele, sendo que o entrevistado, por sua vez, pode ficar livre para responder o que bem entender.

Outras característica bem bacanas do programa são as trocas de cenários em uma mesma entrevista e as trocas de roupa de Melamed, que alterna entre ternos amarelos e roxos durante as conversas. Tudo bem bipolar!

É muito difícil dizer/conceituar sobre o que o programa trata. Ele é livre, é múltiplo, é passarinho prestes a voar. É mais fácil dizer o que ele não é:

  1. Não é faroeste nem programa policial, é só o Melamed ameaçando o Mateus Solano de morte;

2. Não é um freak show, é só Melamed e Nero encenando um enforcamento;

3. Não é “Amor à Vida”, Mateus Solano não é Félix… Trata-se de uma declaração de amor eterno entre Melamed e Solano, pura e simplesmente;

4. Não é “Star Wars”, mas tem Melamed com seu sabre de luz logo na abertura.

O legal do “Bipolar Show” é brincar (e muito bem, por sinal) com as polaridades do Brasil e de seu povo que, segundo o próprio Michel Melamed, alterna-se entre o ufanismo do “Deus é brasileiro” e o famigerado complexo de “alma de vira-lata”.

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