Por que a Síndrome do Impostor afeta tanto as mulheres em TI?

Thais Aquino
luizalabs
Published in
5 min readAug 13, 2018

O que é a Síndrome do Impostor?

Quando se lê “Síndrome” parece algo relacionado a alguma patologia maluca. Mas no caso da Síndrome do Impostor se trata mais de uma condição de inadequação ou de auto-dúvida que qualquer pessoa pode vivenciar momentaneamente ou constantemente.

Conforme um estudo de autoria de Pauline Rose Clance & Suzanne Imes, é uma experiência bastante frequente quando se trata de mulheres de alto desempenho (high achieving women).

Características da Síndrome do Impostor

Há algumas características que podem ser observadas para se ter um diagnóstico dessa “síndrome” que podem ajudar as pessoas a ter um maior autoconhecimento para que consigam lidar com essa situação.

  • Ansiedade
  • Perfeccionismo
  • Auto-dúvida e autocrítica muito fortes
  • Medo de falhas
  • Sucesso atribuído a sorte ou acaso, não reconhecendo o esforço próprio
  • Auto-sabotagem

Todas essas características podem causar outros problemas muito sérios como vícios (como vício em trabalho), depressão e infelicidade.

Por que afeta tanto as mulheres?

As mulheres naturalmente acabam tendo que se provar mais eficientes, inteligentes, provar seu valor nos meios em que estão inseridas.

Desde muito pequenas nós somos direcionadas a fazer “coisas de meninas”, como gostar de brinquedos relacionados a afazeres domésticos, cuidados com bonecas que representam bebês, cuidados com estética. Bem como se dedicar a áreas de humanas ao invés de exatas. Somos muito suscetíveis a traumas por vários “nãos” que recebemos em nossas vidas e esses traumas podem influenciar no surgimento do sentimento de impostor.

“Não sente assim, comporte-se como uma menininha”

“Esse brinquedo é de menino, é azul”

“Esporte é coisa de menino”

“Não faça isso…” “Não faça aquilo…”

Quando já se tem um conceito sólido e estabelecido há tanto tempo a pressão quando se vai contra a maré é maior. E a necessidade de se provar boa no que faz é gigante que a gente sempre eleva a barra lá em cima, quase no impossível, e se frustra por não chegar nunca no padrão de perfeição que idealizamos e achamos necessário para quebrar a barreira do “isso não é para você”.

Profissionais de TI e a Síndrome do Impostor

Os profissionais de tecnologia são muito propensos a experienciar a Síndrome do Impostor alguma vez na vida (ou todos os dias) devido a rápida mudança no cenário tecnológico e inovações que surgem com uma rapidez absurda. Todo profissional de TI têm um TODO list gigante de coisas novas a aprender que provavelmente nunca tem fim, só aumenta. A facilidade de se sentir inferiorizado perante outras pessoas que você acha que tem mais conhecimento que você é enorme. Sendo mulher (ou alguma minoria dentro do grupo) isso se intensifica por causa do que citei tópicos acima.

Esse depoimento conta a experiência de uma desenvolvedora que era modelo e aprendeu a programar sozinha, falando o quanto ela sofreu por não se encaixar no estereótipo de profissionais que trabalham com desenvolvimento de software. Mudou suas vestimentas por roupas menos femininas, apagou as fotos de seus ensaios de redes sociais, estudava e trabalhava excessivamente para ser melhor cada vez mais e tentar alcançar uma perfeição. E quanto mais ela aprendia mais ela se sentia uma impostora. Então em uma conversa com um engenheiro ela desabafou sobre esse sentimento e ele disse a ela algo que realmente faz muito sentido na área de TI:

“Developers always need to be learning new things. Feeling like an imposter is a great indicator that you are challenging yourself with learning something new — growing in a way you never have before.”

“So, you feel like an imposter? Embrace it. It means you’re doing something you’ve never done.”

Isso a fez perceber que poderia usar o sentimento de impostor a seu favor para sua evolução.

Como lidar com isso?

Esse TED fantástico tem um depoimento de uma mulher de sucesso sobre como ela teve o diagnóstico da Síndrome do Impostor e como ela aprendeu a lidar com isso.

Basicamente ela diz que aprendeu a lidar com a voz que a colocava para baixo com pensamentos muito auto-críticos e de muita dúvida de si mesma, a qual chama de Vader. E que quando ela conseguiu entender como lidar com “Vader” ela teve uma libertação e conseguiu ser mais feliz e se sentir protagonista de suas conquistas.

Muitas vezes pessoas com síndrome do impostor podem não saber como lidar sozinhas com isso, então buscar ajuda e expor o sentimento de inadequação com alguém se faz bastante eficiente. Talvez buscar no passado a causa de um possível trauma pode ajudar a entender as frustrações recorrentes consigo mesmo(a).

Como o ambiente de trabalho pode contribuir?

Um ambiente de trabalho humano e voltado para o aprendizado contínuo contribui muito para o crescimento de cada profissional. Quando ajudar e receber ajuda não é visto como vulnerabilidade ou fraqueza, o coletivo se torna forte e as pessoas crescem umas com as outras independente de nível de senioridade. Essas características fazem com que as pessoas se sintam confortáveis em disseminar conhecimento.

Fico muito feliz em dizer que é assim que a gente trabalha no Luizalabs. Ele herda do Magazine Luiza uma característica, que particularmente acho fantástica, que é o foco nas pessoas.

Dentro da nossa cultura a troca de conhecimentos é intensa e não só com relação a TI, mas com assuntos diversos.

Uma frase que eu ouvi desde o momento que pisei no Labs pela primeira vez e que perdura sempre por aqui é “Faça aos outros o que gostaria que fizessem a você”. E com toda certeza isso vale pra vida inteira!

Referências:

http://paulineroseclance.com/pdf/ip_high_achieving_women.pdf

https://www.quora.com/How-did-you-overcome-the-imposter-syndrome-as-a-new-software-developer/answer/Madison-Kanna?srid=h8oh

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Thais Aquino
luizalabs

Senior Software Engineer (Flutter | React Native | Android | iOS)