Por que alguns gestores ainda agem como chefes?
É um tema polêmico, mas que precisa ser abordado de alguma forma. Neste post eu pretendo demonstrar um dos motivos, pelas quais, alguns gestores ainda insistem em manter sua postura tradicional de gestão.
Peter Drucker, um professor e consultor administrativo, considerado o pai da administração moderna, certa vez disse:
Trabalhadores do conhecimento não podem ser subordinados de gerentes, mas gerentes ainda agem como se fossem superiores a outras pessoas.
Ainda há, mesmo em meio à uma transformação digital ocorrendo em massa, gestores que mantêm a visão e a coordenação no modelo da pirâmide hierárquica. São gestores que subordinam pessoas ao comando-controle. Preciso, antes de continuar, ser honesto quanto à esta gestão tradicional. Em ambiente caótico, ele é mais assertivo do que a abordagem ágil, mas somente neste contexto, e em nenhum outro mais.
Voltemos ao tema.
Mas a gestão ágil requer extinção de gestores e das hierarquias? Não, de forma alguma. O que necessariamente deve mudar é a forma de se fazer a gestão. No modelo tradicional, as pessoas são executoras de tarefas sob o comando dos gestores. No entanto, no modelo ágil, os gestores não deveriam ser “comandantes” mas sim facilitadores, motivadores e treinadores, deveriam exercer liderança em detrimento de uma postura de chefia.
Jeff Sutherland no Blog Openview [12/12/2017] explica:
A principal diretiva de um gerente não deveria ser gerenciar, deveria ser facilitar e ajudar, motivar e guiar os outros, ao redor de uma visão (tradução livre)
Mas por que é que gestores, mesmo diante de um cenário de grandes mudanças, ainda insistem em se manter como “chefes” nas organizações?
Para responder esta pergunta, vou contar uma história:
Estava eu vendo uma entrevista na TV, cujo entrevistado era um especialista em segurança pública, e um dos assuntos abordados era: armar ou desarmar a população? Dentro desta discussão, muitas variáveis foram levantadas, entre elas: aumento e diminuição da violência, aumentar ou diminuir a burocracia para aquisição de uma arma de fogo, etc… Mas uma variável discutida me chamou a atenção; foi quando o apresentador do programa fez o seguinte questionamento:
A qual tipo de governante mais interessa desarmar a sua população?
O especialista respondeu enfaticamente:
Aquele que gosta de controle!
Ele explicou que, uma população desarmada, é uma população refém de seus governantes. Os dirigentes da nação conseguem fazer o que quiser com as pessoas que sentem-se inseguras.
Respondendo então o questionamento principal deste post:
Empoderar um time, dando-lhe poder de se auto-organizar e autonomia para tomar certas decisões, tira o conforto do “chefe” de estar sobre o comando daquela equipe. Gestores que gostam de controle, em meio à toda esta transformação digital, vão tentar camuflar a síndrome da chefia com uma roupagem de agilidade, mas na essência continuarão “comandando”.
Agora vamos para a resposta da pergunta do post “porque gestores ainda insistem em se manter ‘chefes’?” é que:
quando gestores empoderam as pessoas e as equipes, o seu controle sobre elas é ameaçado.
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Sugestão de Leitura:
Precisamos de Gerentes e Hierarquia em um ambiente Ágil? https://www.infoq.com/br/news/2014/09/managers-hierarchy-agile
Originally published at www.agilean.eti.br on March 17, 2018.